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Carnaval / Folia

Filha do carnaval de Salvador, Daniela Mercury relembra a luta pelo axé music

Daniela Mercury se prepara para mais um carnaval de Salvador e conversa com a CARAS Online sobre sua trajetória musical e as mudanças do axé ao longo dos anos

Renan Botelho Publicado em 04/02/2013, às 18h17 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Daniela Mercury - Arquivo
Daniela Mercury - Arquivo

‘Não, não me abandone, não me desespere, porque eu não posso ficar sem você...’ – foi cantando essa estrofe, início da música Swing da Cor, que Daniela Mercury (47) assumiu pela primeira vez o topo das paradas musicais brasileiras, em 1991. A frase é uma declaração de amor que pode ser facilmente interpretada como um pedido dela ao carnaval de Salvador.  “É uma festa que faz parte de minha vida desde a infância, onde eu me realizo plenamente como artista”, diz a cantora, que definitivamente não pode ficar sem a folia baiana – e vice-versa. “Nasci para isso, esse é o meu destino e só posso agradecer”.

Filha dos trios elétricos da Bahia, Daniela se apresentou pela primeira vez aos 15 anos, após ter sido convidada por um amigo. “Cantei em um trio que mais parecia um caminhão de uva [risos]”, lembra. “A qualidade do som era muito precária ainda, quase não dava para ouvir direito. Me lembro que chegou um momento em que o trio parou de funcionar e tivemos que lidar com a reação do público, uma verdadeira aventura!”, conta.

Atualmente com 14 CDs gravados e seis DVDs, Daniela olha para traz e percebe as vitórias que o axé teve ao longo dos anos. Ritmo popular no nordeste, ele nem sempre foi aceito em outras regiões do país. “Como artista, sempre lutei contra todas as formas de preconceito. Sempre tentei fazer da minha arte um instrumento para dialogar com o mundo, para reverenciar a nossa cultura. Tenho orgulho de ter conseguido trazer a música brasileira de volta à cena em uma época em que os hits internacionais dominavam as rádios, as baladas e ditava a moda da juventude. Esse é o marco que o axé music, como gênero, estabeleceu na cena cultural brasileira. Não posso dizer que esse foi um caminho fácil, sem resistências, mas, hoje, entendo que o mundo mudou, que já conseguimos aceitar muito melhor as diferenças. Fico sempre feliz de saber que participei desse processo de transformação”, comenta.

Evolução

Daniela é considerada por muitos a Rainha do Axé no país e uma das principais divulgadoras do estilo musical, considerando os 15 anos de turnês internacionais. Hoje em dia ela percebe que as oportunidades para os artistas do mesmo gênero se expandiram, assim como o ritmo também sofreu algumas mudanças. “Penso que a música e a arte são elementos vivos que se renovam e evoluem todos os dias assim como o nosso jeito de ser, de agir e de pensar. As mudanças sociais, políticas e econômicas, além dos fatores históricos, são elementos que influenciam diretamente a produção artística. O axé music, como a MPB, o Rock, o Reggae e o Samba, por exemplo, também passaram e passam todos os dias por transformações. Isso é natural”, afirma.

Uma destas mudanças no axé também veio com Daniela, em 2000, quando ela misturou pela primeira vez sua música com o eletrônico no carnaval de Salvador. “Eu queria muito levar algo novo para a festa e fiz isso intuitivamente. Era uma expressão da minha alma. Muitas pessoas, inclusive próximas a mim e da minha equipe, acharam loucura fazer aquilo, mas eu preferi ir em frente, fazer o que eu estava com vontade e arriscar. Ainda me recordo claramente da expressão de surpresa da turma que estava acompanhando o meu bloco na avenida. Eu tinha conhecimento dos riscos, mas estava feliz e agindo com meu coração. Hoje eu sei que fiz a escolha certa.”

Sempre antenada em novos artistas, ela elogia cantores que surgiram depois dela. “A Bahia é um celeiro de grandes talentos. É tanta gente boa que fica difícil eleger apenas um ou outro destaque. Além disso, axé music é um gênero que deriva, na verdade, da diversidade cultural da Bahia, que é flagrante desde Dorival Caymmi e João Gilberto, por exemplo. Muitos amigos e artistas baianos me inspiram todos os dias: Ivete, Margareth, Saulo Fernandes, Xanddy, Claudinha, Tatau... São grandes referências para mim e para a turma nova que está chegando à cena”, comenta.

Maratona 2013

No carnaval deste ano, o tema de Daniela será ‘Amor, paixão e sexo’. O repertório promete bastante sensualidade, enquanto o show na avenida terá participações especiais, como a de Gaby Amarantos (34). 

Para aguentar as sete horas diárias em cima do trio elétrico, Daniela Mercury muda sua rotina. “Tento manter uma dieta equilibrada, que inclui frutas, legumes e bastante água. Adoro doces, mas, tento evitar. Faço também o possível para manter frituras longe do meu cardápio. Há alguns anos faço aulas de pilates e no período pré-carnaval contrato um personal que faz um plano de exercícios que se encaixe na minha rotina”, conta a artista, que também é bailarina desde criança, uma vantagem para seu condicionamento físico.

Confira a agenda de Daniela Mercury no carnaval 2013:

Trio Independente
Circuito: Barra - Ondina
Horário: 19h30 - Sexta-feira

Bloco Crocodilo
Circuito: Barra - Ondina
Horário: 18h - Domingo, Segunda e Terça-feira