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Endocrinologista explica o caso de Ivana, de 'A Força do Querer'

A especialista fala sobre o tratamento hormonal da transição de gênero

Bruna Nastas Publicado em 11/08/2017, às 10h28

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Endocrinologista explica o caso de Ivana - Reprodução
Endocrinologista explica o caso de Ivana - Reprodução

A personagem Ivana, da novela 'A Força do Querer', interpretada pela atriz Carol Duarte, tem causado repercussao por conta da transição de identidade de gênero, anunciando-se como homem.

A Diretora no Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM, Dra. Amanda Athayde, explica que "a transgeneridade, como um fenômeno que independe da  genitália de macho ou fêmea, classe econômica ou cultural ou religião contrasta profundamente com nossos entendimentos cotidianos - comuns em nossa educação - sobre o que se entende e se determina como “sexualidade”. O que vemos agora como fator natural no nosso cotidiano não se trata de uma depravação moral ou perversão sexual, menos ainda desvio de caráter e sim a forma mais extremada do distúrbio da identidade sexual que o sujeito padece. Também conhecido como disforia de gênero, o que vemos “aparentemente” (cuidado, as aparências enganam) trata-se de uma incompatibilidade entre o sexo anatômico de um indivíduo e a sua identidade de gênero. Nestes indivíduos, o desejo de pertencer ao sexo oposto é incontrolável, extremamente forte, que leva à procura desesperada de terapia hormonal e cirurgia, para atingir como uma meta o seu objetivo final - mudar de sexo. Há nesta procura um sofrimento quase que difícil de dar nome ao seu drama. É tão forte o sentimento, o desconforto físico e mental e tão urgente que pode levar alguns indivíduos ao extremo de auto-mutilação e até mesmo o suicídio".

Segundo ela, identidade de gênero é "a convicção interna de ser masculino ou feminino. A única maneira de melhorar esta condição humana clinicamente é dar possibilidade conforme o desejo do indivíduo a troca de seu sexo social e, na maioria das vezes genital, além de psicoterapia de apoio para evitar transtornos psíquicos incontornáveis. Sem tratamento adequado, a condição humana se torna dramática, crônica e sem remissão".

O tratamento hormonal, sob o comando do endocrinologista, consiste na "diminuição da quantidade de hormônios adequados ao sexo biológico e administração correta do hormônio próprio ao sexo desejado. Os hormônios devem ser exatamente iguais aos produzidos naturalmente, evitando-se, assim, ao máximo, os efeitos colaterais. Os transgêneros femininos recebem medicações que diminuem a sua testosterona e estrogênios em níveis próximos aos produzidos pelo sexo feminino".

Já os transgêneros masculinos "recebem testosterona, também em níveis fisiológicos aos do sexo masculino. Assim é possível dosar os hormônios administrados e evitar as chamadas doses farmacológicas, altas".

Amanda explica que, antes desta administração correta pelo especialista endócrino, "são realizados exames para afastar problemas que sejam contraindicados, como câncer hormônio-dependente e os fenômenos tromboembólicos, por exemplo. As modificações corporais acontecem e para situá-las no tempo de uso dos hormônios, geralmente acontecem: em transgênero masculino (Transhomens) – De 1 a 6 meses aumenta a oleosidade da pele, aparece acne e se modifica a distribuição de gordura corporal. Entre 2 a 6 meses as menstruações desaparecem. Entre 3 a 6 meses haverá aumento do clitóris e atrofia vaginal e de 6 a 12 meses aparecem os pelos faciais, o cabelo caí e haverá aumento da musculatura e força muscular. Em transgênero feminino (Transmulheres) -  De 1 a 3 meses ocorre diminuição da libido e das ereções espontâneas. De 3 a 6 meses acontecem redistribuição da gordura corporal, afinamento da pele e diminuição da oleosidade, diminuição de músculos e força muscular, crescimento das mamas e diminuição do volume testicular. A disfunção sexual é variável".