XUXA MENEGHEL ADMITE QUE NÃO OUERIA CRESCER

por Luciana Marques A autocrítica é surpreendente, dita com firmeza. "Eu fiquei por um tempo um pouco retardada", admite Xuxa Meneghel (43), referindo-se a um período já adulto de sua vida. "Sofria da Síndrome de Peter Pan. Achava que não poderia crescer", confessa a apresentadora, que neste mês festeja 20 anos de sucesso na Globo, sobre o desejo de viver a eterna infância. "Acreditava que as pessoas gostavam de mim pela minha voz ou roupas. Não queria amadurecer", acrescenta ela, que pela primeira vez posa para fotos em sua cobertura. Há quase dois anos, Xuxa vem dividindo seus dias entre o dúplex, na zona sul do Rio, onde a filha, Sasha (8), fica mais próxima de suas atividades, e a lendária Casa Rosa, em Vargem Grande, na periferia da cidade, onde costuma passar os fins de semana. Ícone da televisão brasileira, a estrela conta que amadureceu ao assumir as rédeas da carreira, em 2002, quando rompeu com a empresária Marlene Mattos (56). "Mudei de postura e as pessoas continuaram gostando de mim", conta ela, que neste mês pretende celebrar o sucesso e os 20 anos de Globo com megafesta, dia 12, no Claro Hall, Rio, onde apresentará a avant-première do show Festa. "Devo ter uma dose de carisma que nasceu comigo", assume ela, que contabiliza em sua carreira números como 30 milhões de discos vendidos e mais de 26 milhões de espectadores em 14 filmes. Semana passada, ela ainda recebeu a notícia da indicação do CD Xuxa Festa, lançado ano passado, ao Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum Infantil. E no momento filma as últimas cenas do longa Gêmeas, que estréia em dezembro. - Como é festejar esta data? - Ninguém sabia o que esperar do Xou da Xuxa quando estreou, em 1986. Mas foi tudo acontecendo sem querer. Não planejei ser Rainha dos Baixinhos, mas o sucesso foi rápido. As pessoas choravam ao me ver. Fiquei um pouco assustada, não sabia lidar com isso. Como alguém pode me amar tanto sem me conhecer? - Já descobriu? - Acreditava que era por causa da minha voz ou roupas, mas as crianças com deficiência visual ou auditiva também tinham carinho. Achei então que não podia crescer, que gostavam por eu ser uma criança grande. Mas não foi legal, me viam como uma boba e ingênua. Depois aprendi que o lado empresarial é importante, temos que saber falar e ouvir. Comecei então a ter uma postura mais madura. - Do que mais se orgulha? - De ter conquistado o carinho do público, de conhecer pessoas e países. Vejo os baixinhos que cresceram comigo e hoje são adultos que não bebem, não fumam. Sempre falei disso. Nunca fiz nada declaradamente errado. Acho que minha vida tem o dedo de Deus! - Sasha fez fotos para a campanha da grife Bicho Comeu. Você se orgulharia se ela fosse modelo? - Vou me orgulhar dela sempre! Sasha tem que fazer o que quiser, o que a deixa feliz. Vou apoiar, babar, curtir. Ela tem atitudes de uma criança normal de 8 anos, só que com muita informação. Eu sempre fui de conversar com filho dos outros, imagina se não faria o mesmo com a minha filha? - Ela entende o assédio? - Não pode ter noção de tudo, do tamanho que é, nem eu tenho. - Sasha parece mais com você ou com o Luciano Szafir? - Algumas coisas minhas, outras do Lu, mas parece mais é com ela mesma.Tem a personalidade dela. - É difícil um homem chegar até você com tanta gente em volta? - É justamente o que as pessoasnão entendem. Chega perto de mim quem eu quero, aí acontece. Imagina se um segurança ou assessor vai impedir, se eu quiser. - Quer se apaixonar de novo? - Mas quem disse que não estou apaixonada? Só não vou mais falar por quem. Deve-se amar sempre! - Se orgulha de sua forma e beleza aos 43 anos? - Não sei o que querem ouvir quando me perguntam isso, que me acho bem porque me acho bonita? Isso nunca vão ouvir. Se há 20 anos, eu não achava, imagina agora. Hoje, quando dá tempo, faço exercícios, mas não é algo regrado. Faço porque me sinto bem, não como forma de cultuar o corpo. - Saberia viver sem a fama? - Viver sem a fama seria viver sem o meu trabalho? Não conseguiria! Preciso estar perto das crianças. Também não queria que as pessoas tivessem a impressão de que sou intocável. É gostoso receber o abraço e estar no meio de quem gosta de você. O assédio vai existir sempre, se não existir, alguma coisa está errada. Se um dia eu sair na rua e as pessoas não pedirem um autógrafo ou um beijo, vou ficar doida. FOTOS: BLAD MENEGHEL