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WANDERLEY NUNES FOTOGRAFA A INDIA

CABELEIREIRO REVELA TALENTO

Redação Publicado em 17/08/2007, às 14h35

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Em Trivandrum, com suas três câmeras, Wanderley se foca no elemento humano antes de registrar a arquitetura exótica
Em Trivandrum, com suas três câmeras, Wanderley se foca no elemento humano antes de registrar a arquitetura exótica
por Analu Ribeiro Natural que o top cabeleireiro Wanderley Nunes (47) tenha relação próxima com a fotografia. Afinal, no exercício de seu ofício de profissional da beleza, fotos servem de testemunhas e espelho de seu trabalho. Mas foi um outro Wanderley, o fotógrafo - ele cultiva há 25 anos o hobby e há 10 é dono de um estúdio de fotografia em São Paulo -, que viajou para a Índia atrás de imagens da vida como ela é. "Gosto de fotos jornalísticas, de fotografar momentos. Ando sempre com minha câmera, no carro, no salão. Ela está constantemente armada, com a bala na agulha", diz ele, que passou mais de um mês andando pela Índia e voltou para casa com 12 000 fotos da viagem. "Estava planejando uma exposição beneficente e tinha de escolher um lugar que tivesse aura e magia para fotografar. Na Índia registrei de enterro a casamento. Estive diante de alguns momentos únicos, daqueles que passam rápido e não se repetem". Os números da viagem, como tudo o que se refere a Wanderley Nunes, são definitivamente superlativos. Foram 32 dias em movimento, 6 000 quilômetros percorridos de carro, 140 lugarejos visitados. "O dia-a-dia foi penoso, mas queria ver o máximo possível. Muitas noites nem dormi direito, precisava acordar ao amanhecer, pegar os camponeses indo para o trabalho. E na Índia você não anda a mais de 40 km por hora, tem muito trânsito, as estradas estão em obra. Fora isso eu ia parando, via algum assunto interessante e descia do carro para fotografar", revela. "Cheguei a dormir na estrada, passar a noite no carro entre uma cidade e outra. Pessoas bem simples me convidavam para almoçar, os indianos têm cara boa e a felicidade no olhar. Apesar de toda a pobreza, alguns deles recusaram o dinheiro que eu ofereci." Wanderley se espantou com a miséria no país, segundo ele a maior que já presenciou, mas seus olhos treinados conseguiam detectar a beleza onde ela estivesse e transformá-la em alvo de seu foco. "A indiana é vaidosa. Vi mulheres lindas enfiadas no meio do mato, trabalhando na plantação de arroz. Meninas de 5, 6 anos, todas maquiadas, cheias de presilhas no cabelo, com uma roupinha linda e os olhos pintados", conta ele. Além de suas câmeras convencionais, duas Laikas, uma analógica e outra digital, Wanderley alugou uma Hasselblad de 39 megapixels - a maior definição disponível até o momento - para fazer fotos melhores. "O que caracteriza uma câmera é a definição da reprodução. Esta é a top do mundo", diz ele, a respeito do equipamento que custa 30 000 dólares (60 000 reais) nos Estados Unidos. De posse de um instrumento com que sonham os melhores profissionais do mundo, Nunes conta que sua escola foi a observação. "Aprendi a fotografar acompanhando os grandes fotógrafos brasileiros, olhando, perguntando. Sempre questionei o Miro, o J.R. Duran, prestava atenção nos seus movimentos, na luz que eles usavam. Minha técnica era olhar e fazer igual, da mesma maneira que se aprende a cozinhar, por exemplo." A exposição das fotos da Índia será realizada no final de outubro, em São Paulo e no Rio, e terá caráter solidário. "Vou expor 40 fotos, de 1m por 1m20, já enquadradas, no valor de 8 000 reais cada uma", diz ele, que escolheu para a exposição o que chama de "temas decorativos". "São fotos que as pessoas vão olhar e querer levar para casa", garante. Outro fruto da viagem será o livro Simples Mente, com 50 fotos escolhidas pelo apelo dramático, que mostram pessoas mais sofridas, um clima mais pesado. Os dois trabalhos vão auxiliar quatro instituições: Instituto da Criança e Retiro dos Artistas, no Rio, e Associação de Apoioà Criança com Câncer e Projeto Velho Amigo, em São Paulo. "São duas instituições de velhinhos e duas de crianças, pretendo arrecadar no mínimo 250 000 reais para cada uma", prevê. Para o vernissage está programada uma festa - claro, outra palavra que Wanderley adora - para 1 500 convidados, com presenças já confirmadas de alguns de seus clientes preferenciais: o casal Cláudia Raia (41) e Edson Celulari (49), a apresentadora Ana Hickmann (26) e a primeira-dama do país, Marisa Letícia Lula da Silva S(57), madrinha do evento. Celebridades e simplicidade serão a receita para elevar a arrecadação da noite. "Não acredito em ninguém que queira fazer beneficência e não doe 100% do dinheiro arrecadado. De que adianta fazer festa beneficente e servir caviar? Depois da estréia, as fotos ficarão expostas no Shopping Iguatemi", diz ele, sobre um dos nobres endereços paulistanos de seu salão. Assim, quem comprar uma foto da Índia by Wanderley pode subir ao nono andar do shopping - o Studio W fica na cobertura - e pedir um autógrafo ao fotógrafo. FOTOS: MARCO PINTO