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Veja o que fazer para não contrair a bactéria que mata na Europa

Por Jorge Luiz Mello Sampaio* Publicado em 22/06/2011, às 15h07 - Atualizado às 16h06

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Seções fixas - Saúde
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A mídia dá destaque ao surto de infecções por Escherichia coli na Europa. O problema surgiu na Alemanha e se espalhou para outros países. Já há mais de 3300 pessoas contaminadas, com 37 óbitos. As E. coli são um grupo diverso. As que não causam doenças são parte importante da microbiota intestinal normal de humanos e animais. Entre as do outro grupo, cada variedade causa um tipo de doença, sendo as mais frequentes as infecções urinárias e as diarreias.

As E. coli do tipo Stec produtoras da toxina chamada Shiga, como a que provoca o surto europeu, vivem no intestino dos bovinos e não causam doenças neles. Os animais as lançam na natureza junto com as fezes. Tais microrganismos chegam aos humanos quando eles consomem alimentos contaminados, em especial verduras, frutas e líquidos.

O surto na Europa deve-se a uma variedade incomum e isso é um dos fatores que podem explicar o maior acometimento de adultos. Quando a Stec entra em humanos, aloja-se no intestino grosso, multiplica-se e inflama a mucosa intestinal, o que em geral leva a diarreia com muco e sangue. Outros sintomas são: febre baixa, dor abdominal e mal-estar.

Mas em cerca de sete dias o organismo de 85% dos infectados neutraliza a ação bacteriana e se cura. Nos 15% restantes, em especial crianças com menos de 5 anos, a toxina do tipo Stx produzida pela bactéria atravessa a barreira intestinal e atinge a corrente sanguínea. Pode causar problemas no cérebro, nos pulmões e nos rins. Os rins, aliás, são os que mais preocupam, porque a toxina da Stec paralisa e mata suas células, causando insuficiência renal. Pode também provocar diminuição na quantidade de plaquetas no sangue. A passagem forçada dos glóbulos vermelhos (hemácias) pelos vasos capilares parcialmente obstruídos provoca sua fragmentação. As hemácias fragmentadas são removidas da circulação, resultando em anemia. Insuficiência renal, microangiopatia trombótica e anemia hemolítica caracterizam a síndrome hemolítico-urêmica. Ela atinge 3% a 15% dos infectados pela Stec e é fatal em 5% a 10% dos casos.

Mas pode-se evitar a contaminação pela E. coli com algumas atitudes. Na Europa e/ou no Brasil, consuma só carnes bem passadas ou cozidas, legumes cozidos e verduras e frutas higienizadas. Lave as mãos com água e sabão várias vezes ao dia. Pessoas que apresentam diarreia com muco, sangue e os outros sintomas citados devem ser levadas a um clínico geral. O médico conversa com elas para fazer um histórico do caso. Se estiveram na Europa recentemente, pede cultura das fezes para pesquisar a presença da variedade Stec da E. coli. Constatando-se que se trata dela, o caso é relatado aos serviços oficiais de saúde.

Portadores da bactéria com síndrome hemolítico-urêmica precisam ser internados. Não devem tomar antibióticos, pois as bactérias podem liberar maior quantidade de toxinas e agravar o quadro. O tratamento da infecção consiste de medidas de suporte, para que o organismo do doente reaja e se cure. Como os rins não funcionam, ou não funcionam bem, faz-se hemodiálise e se retira do sangue do doente aquilo que eles não estão filtrando. Pode ser necessário também repor as plaquetas e as hemácias com transfusões. É fundamental, enfim, manter o paciente bem hidratado.