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Vaidade pode contaminar a relação com ciúme excessivo e rivalidade

Redação Publicado em 09/01/2012, às 19h02 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Dividindo espaços vizinhos no coração do homem, a vaidade se equipara ao amor em pelo menos um aspecto: ambos necessitam de outra pessoa para exercer seus objetivos. Mas estamos falando de sentimentos muitos diferentes e a boa convivência entre eles pode não ser longa ou serena. A vontade exagerada de atrair admiração dos outros ou de se afirmar perante a cara-metade muitas vezes entra em choque com a lógica da relação amorosa consistente, provocando desgastes e conflitos entre os parceiros.

Na origem da palavra vaidade, nos deparamos com o substantivo latino vanitas, que nos remete a “algo sem substância, oco, fútil”, algo voltado para si mesmo. O amor, mais complexo e múltiplo, é, ao contrário, voltado para o outro. A vaidade impõe, enquanto o amor aceita.

Os casais, porém, são formados por seres humanos. E, como dizia o filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662), a vaidade está ancorada no coração de todos nós. Por isso, para evitar confusão, todos devem prestar atenção à “estratégia” de sua própria vaidade — às vezes inconsciente — e abrir um diálogo consigo mesmo para entender suas causas e motivações.

Até existem mulheres que se orgulham de ter um homem-pavão, sedutor, mas a maioria se sente ofuscada e desconfiada. E, quando uma parceira supervaidosa encontra um homem que desfruta dela como se fosse um trunfo, cedo ele se sentirá excluído de todo o brilho que ela emite. Um dos problemas da vaidade exagerada é que ela esbarra no ciúme e na competição, uma vez que costuma ser dirigida para além do casal.

Claro que muitas mulheres gostam de se sentir bonitas para elas mesmas. Por sua cultura, psicologia e fisiologia, as mulheres estão mais próximas do próprio corpo. Afinal, elas são admiradas pelas suas formas, desejadas pelo seu encanto, passam mensalmente por ciclos menstruais, sofrem alterações físicas mais agudas, engravidam, amamentam. Muitas vezes, porém, mesmo nas mulheres, a vaidade é uma vã tentativa de reinar sobre os outros e reafirmar presunçosa superioridade — que quase sempre se esforça por esconder um sentimento de inferioridade. Um sentimento, que, segundo meu guru Sigmund Freud (1856-1939), elas  sempre nutriram, pelo fato de não possuírem o (supostamente) invejável órgão masculino. Por isso teriam se tornado seres muito vaidosos. A valorização de seus encantos seria, de acordo com essa teoria unilateral, uma tardia compensação por aquela terrível falta. Algo assim: “Se vocês, homens, têm o órgão potente, nós temos o charme e a beleza”. Nesse raciocínio absurdo, o homem vaidoso (e, podemos ter certeza, inseguro) seria sentido pela mulher como um duplo usurpador!

Toda essa confusão seria muito mais fácil de administrar se os homens e as mulheres pudessem olhar para si e para outro com o intuito de compreender e aceitar as vaidades de cada um (quando benignas). A delas, como uma agradável afirmação natural de seus inigualáveis dotes femininos. A deles, como fruto da eterna luta para provar virilidade. Isso é crescer. E na superação das infantilidades o casal tem a chance — justa! — de nutrir uma vaidade branca, por se manter junto neste mundo tão instável.