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Superbactéria KPC coloca em risco a vida dos doentes graves nos hospitais

Redação Publicado em 28/08/2012, às 11h08 - Atualizado em 11/12/2012, às 22h39

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Nos últimos anos, de vez em quando a superbactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) ganha espaço na mídia do País devido ao surgimento de novos casos de contaminação ou porque causa surto em algum hospital. As bactérias do gênero Klebsiella, vale destacar, são comuns. Existem muitas espécies. Elas vivem no intestino humano junto com outras. Uma das características das Klebsiella é que são capazes de sair daquele órgão, povoar outras áreas e provocar infecções — as mais frequentes são infecções urinárias, meningite, pneumonia e septicemia, ou seja, infeção generalizada.

As Klebsiella tanto podem sair dos intestinos e ir para outros órgãos, em portadores de doenças como diabetes e insuficiência renal, quanto, principalmente em mulheres, atingir o trato urinário quando elas, depois de defecar, se higienizam ou são higienizadas de maneira incorreta, levando fezes do ânus à vagina, que são bem próximos.

Outra característica das Klebsiella, como de quase todas as bactérias, é que são “solidárias”. Quando uma “aprende” a desenvolver resistência contra antibióticos, todas as que convivem com ela em um determinado momento também vão “aprendê-lo”. Elas vão trocando material genético entre si até adquirirem a mesma resistência.

Foi desse modo que surgiu a superbactéria KPC, ou Klebsiella pneumoniae produtora de carbapenemase, enzima que inativa todos os antibióticos carbapenêmicos, ou 95% das mais modernas destas substâncias essenciais ao combate às doenças causadas por bactérias.

A KPC teria surgido na Ásia pelo uso inadequado e indiscriminado de antibióticos. Foi detectada nos Estados Unidos em 2003, na França em 2005 e no Brasil em 2006, no Recife. Já se espalhou para vários outros Estados. Um surto em Brasília em 2010, com mortes, levou o Ministério da Saúde a apertar o cerco ao consumo indiscriminado de antibióticos, com a retenção da receita pelas farmácias no ato da compra, e exigir que hospitais e clínicas disponibilizem álcool em gel ou líquido em todos os ambientes onde pacientes recebem tratamento, para impedir a propagação da KPC e das outras superbactérias.

A KPC em geral não representa problema para pessoas comuns, saudáveis. Mas coloca em risco a vida dos pacientes graves internados por longos períodos em hospitais ou que façam uso de home care. São pessoas que estão muito debilitadas, e/ou tomaram vários ciclos de antibióticos, e/ou são invadidas frequentemente por tubos, cateteres e sondas. Quem passa 10 dias em UTI, mostram as pesquisas, tem risco cinco vezes maior de contrair uma superbactéria.

Por isso, portadores de superbactérias precisam ficar isolados para que os profissionais de saúde não as levem a outros doentes. Também por isso, o ideal é que só um grupo de profissionais cuide de tais pacientes, sempre de luvas e com avental. Ao término do expediente, de outro lado, devem tomar banho e lavar as suas roupas com produtos anticontaminantes. Jamais podem sair do hospital de uniforme, por exemplo, e ir atender a um doente em home care. Visitantes dos pacientes, enfim, devem lavar as mãos  com água e sabão e higienizá-las com álcool ao chegar e sair dos hospitais. Só assim baixaremos o número de óbitos dos portadores das superbactérias, que hoje supera os 50%.