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Aos 19, Sérgio Malheiros dribla fama de ‘ator mirim’: ‘Começam a me ver de outro jeito’

Na pele de jogador de futebol, Sérgio Malheiros vive protagonista no filme 'Aspirantes' e revela que começa a sentir o assédio do público feminino. De acordo com ele, apesar da fama de 'ator mirim', muita gente começa a vê-lo de outra maneira

Neto Lucon Publicado em 11/12/2012, às 09h53 - Atualizado às 11h08

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Sérgio Malheiros em ensaio para a CARAS Online - Selmy Yassuda
Sérgio Malheiros em ensaio para a CARAS Online - Selmy Yassuda

Sérgio Malheiros(19), o pequeno grande ator cresceu. E vive uma boa fase ao emendar vários trabalhos na televisão, teatro e cinema. Depois do sucesso da novela Cheias de Charme, que marca a sua volta à Globo depois de seis anos, ele foi escalado para interpretar o protagonista do filme Aspirantes, de Ives Rosenfeld. Agora, ele interpreta Bento, um jogador de futebol boa pinta que está em ascensão no time de várzea.

Com dedicação, boa forma física e bola no pé, o artista se encaixou em um time de Saquarema, na região dos Lagos, no Rio de Janeiro, e vivenciou a sua maior experiência profissional. “Convivi com os jogadores e cresci uns 50 anos durante esse trabalho”, comemora o artista, que tem mais de 18 prêmios e diz sentir ainda o peso de ter começado a carreira na infância.

Segundo o novo galã, muita gente ainda o define como ator mirim – haja vista que a novela Da Cor do Pecado, sucesso de 2004, está sendo reprisada pela Rede Globo. “Todos os atores da minha geração, como a Bruna Marquezine (17) a Isabelle Drumonnd (18), passam por isso, mas eu não me incomodo”, diz ele, que admite continuar com o mesmo rosto de criança. "Só o corpo cresceu", brinca. 

Em entrevista à CARAS Online, ele volta ao local onde "começou sua carreira" – “de maneira torta”, diga-se – e fala sobre a carreira, contato comTaís Araújo(34), assédio feminino e  ídolos no futebol. Leia: 

- Depois de seis anos na Record, você retornou à Globo.  Pode dizer que existe diferença em trabalhar nas duas emissoras?

A novela ‘Cheias de Charme’ marcou a minha volta na Globo com o pé direito. Foi maravilhoso, pois estive em um projeto que chegou e marcou o seu lugar. Acho que a Globo está em um momento feliz. Foi o sucesso ‘Cheias de Charme’, ‘Avenida Brasil’... Mas sabe que não existe essa diferença de trabalhar lá ou na Record? Para nós, que somos atores, essa questão está em segundo plano. As emissoras têm características diferentes, claro, mas o mais importante para nós é vestir a camisa do personagem, investir no trabalho e aprofundar o universo do nosso papel. Para mim, não interessa nem se é na TV, em uma série, em um filme. É fazer o trabalho e torcer para que o público compre a ideia.

- Atualmente, a novela ‘Da Cor do Pecado’, em que você interpreta o pequeno Raí, está sendo reprisada. Como é se ver atuando há 10 anos?

Tenho visto alguns capítulos e ao mesmo tempo em que é legal, é um pouco estranho. Não parece que fui eu quem fez aquele trabalho, parece outra pessoa. Não me lembro dos diálogos nem de muitas cenas. Mas é bom se ver depois de tanto tempo e saber que muita gente tem esse carinho por mim. Atualmente, todo mundo tem falado da novela. Esses dias, eu estava em um hotel e uma arrumadeira entrou para limpar. Quando ela me viu na TV e na cama, ficou alegre e eu falei: ‘Senta aí’. E a gente ficou trocando uma ideia, assistindo a novela.

- Mantém contato com a Taís Araújo, que interpreta a sua mãe no folhetim?

Antes dizia que ela era a minha segunda mãe. Hoje, brinco que depois do João (Vicente, filho da Taís) meu cargo foi deposto (risos). Ela virou uma grande amiga minha, da minha mãe e nos falamos sempre. Quando mudei de emissora, ela me aconselhou e me ajudou a tomar várias decisões difíceis. Foi uma alegria reencontrar ela em ‘Cheias de Charme’ e espero poder trabalhar com ela em outros trabalhos de novo, assim como o Lima Duarte [que interpretou o seu avô] e outros grandes artistas.

- Por conta dos vários personagens infantis, muita gente quando escuta falar do seu nome ainda remete a imagem da criança. Enfrenta esse estigma do ‘ator mirim’, mesmo aos 19 anos?

Essa coisa de me acharem ator mirim existe, sim, mas procuro encarar de maneira natural. Afinal, todos os atores da minha geração, como a Bruna Marquezine, a Isabelle Drumonnd, passam por isso. Tivemos uma exposição tão grande na infância que o público guardou aquela imagem de nós pequenos na memória. Muita gente se surpreendeu, por exemplo, quando me viu em ‘Cheias de Charme’. Falaram: ‘Nossa, como você cresceu, achava que você ainda era criança’ (risos). Mas ainda acho que vai demorar um tempo até eu conseguir desvincular essa imagem. Ainda mais a minha, que continuo com o mesmo rosto, só o corpo cresceu (risos). Não dá para fugir, é inevitável, mas não me incomodo. Acho super carinhoso quem tenha guardado a minha imagem, independente de qual época.

- Com 14 anos de carreira, você começou de maneira dramática...

Pois é, a minha carreira começou meio torta, pois aos cinco anos levei um choque de 500 watts no Píer da Barra, no Rio de Janeiro. Saí em todos os jornais para fazer a reconstituição do acidente e, inclusive, no RJ TV, da Globo. Até que eu falei: ‘Mãe, eu gostei de sair na televisão, mas não quero aparecer como acidentado, quero aparecer como ator’ (risos). A minha mãe achou bonitinho e me levou para fazer um teste no RH da Globo. Lá, conheci a Malu Fontenelle (produtora de elenco), ela me adorou e se tornou a minha madrinha.

- Você acha que seria ator caso não fosse esse choque?

Acredito que seria, porque quando a gente gosta de alguma coisa, em algum momento ela vai chegar até nós. Tive um caminho que não foi bacana, pois quase morri. Esse insight de querer ser ator poderia vir em algum outro momento. Comecei fazendo um programa na Globo chamado Pagode & Companhia, com a Kelly Key, depois fui para o Gente Inocente, Você Decide, Linha Direta e não parei mais...

- Você voltou ao local para o ensaio da CARAS. Ficou algum trauma?

Durante um bom tempo eu não voltei para cá (risos). Hoje, é tranquilo relembrar e saber que isso faz parte da minha história. O acidente foi há muito tempo e já está superado. No corpo, como minha capacidade de cicatrização é rápida, eu consegui eliminar quase tudo. Ficou uma pequena cicatriz na mão, mas muito suave, que só eu sei.

- Agora você vive um jogador de futebol no filme ‘Aspirantes’. Como foi contracenar com sonhadores jogadores do time de várzea?

Foi emocionante, pois consegui sentir tudo o que esses atletas sentem. E mais: passar tudo isso de maneira muito realista para o cinema. Eu e o ator Ariclenes Barroso ficamos morando um mês em Saquarema com 14 jogadores de verdade, formando um time forte e treinando de segunda a sexta-feira. Vivi uma realidade que, para qualquer pessoa que sonhou ser jogador, é incrível. Convivíamos mesmo fora das gravações e ficamos tão entrosados que os jogadores não conseguiam nos chamar pelo nome real, era tudo Bento e Junior, os nomes dos nossos personagens. Quem assistir ao filme, não vai ver 22 atores correndo, mas 22 jogadores. Para mim, foi um amadurecimento muito grande, uma experiência de 50 anos que eu vivi em um mês. A preparação de Pedro Freire, focando nessa proximidade e realismo, foi enriquecedora.

-Quais foram as alegrias e dramas que conseguiu vivenciar neste longa? O que você descobriu sobre os jogadores de futebol que não sabia?

O meu personagem é um atleta que começa a se dar bem, pois assina um contrato de um time da segunda divisão. O conflito gira em torno da relação dele com o amigo, que é tão bom quanto ele, mas que não está se dando tão bem. Então, falamos de inveja, da luta de todos os meninos que querem jogar futebol no Brasil. É curioso porque temos tantos sonhadores, pessoas de talento e pouquíssimas oportunidades. Tenho seis amigos que jogavam bola quando a gente era menor, mais uns 10 quando estava na escola. Desses todos, apenas um deu certo, o Paulo Junior, que está jogando na Olaria. O restante não conseguiu dar continuidade, pois é uma vida muito difícil, de muita pressão e solidão. É curioso também que, em um país que é conhecido pelo futebol, haja pouquíssimos filmes sobre o esporte.  

-Você sempre teve contato com o futebol? Tem algum ídolo?  

Sempre joguei, fui torcedor e essa relação foi fundamental para a minha escalação. Tenho ídolos que não vi jogar, como o Garrincha, e gosto muito dos Ronaldinhos [Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho]. O Ronaldinho na época do Barcelona fazia coisas com a bola que a gente não acreditava. Mas o meu personagem se assemelha mais ao Neymar, no sentido de ser uma grande promessa do clube. E também tem o jogo de bola do Ronaldinho Gaucho, desse jeito moleque de joga.

- Chegou a fazer um gol de verdade, sem ser combinado?

Todas as partidas foram reais e isso deixou as gravações incríveis. No primeiro jogo, que fazia parte apenas da preparação, enfrentamos um adversário muito difícil. No segundo tempo, estava muito apertado – 1 a 0 para o nosso time - e eu acabei fazendo um gol no rebote. Foi um gol lindo, que confirmou o placar. Posso dizer que senti uma sensação única ao ver aquela galera vindo me abraçar, ver o estádio lotado, o pessoal vibrar. Viver a pele de um craque é legal, pois a comemoração coloca você lá em cima, mas também tem a parte da cobrança. Como o Bento é a promessa do clube, ele vive uma pressão muito grande, pois todo mundo está esperando tudo dele. Ao mesmo tempo, se vê diante de um dinheiro que nunca imaginava e não tem um pai tão zeloso como o do Neymar.

- Quais foram as preparações para o filme?

Os jogadores são vaidosos, então foi um perrengue (risos). Quando começamos a falar da caracterização, eles pediram para o cabelo crescer, mas eu estava fazendo ‘Cheias de Charme’. Decidimos adotar um brinco e, como estávamos focados na ideia de tudo ser muito real, resolvi depilar as minhas pernas, assim como é a tendência dos jogadores. Mas dei um tiro no meu próprio pé (risos). Não consegui terminar o procedimento. A menina puxou e eu pedi para parar. Não sei como as mulheres aguentam depilar com cera, é uma tortura, não dá. Eu saí do salão com metade da perna depilada e a outra peluda. Também colei um brinco para a caracterização.

- Você é bonito, talentoso... Galã deste filme, começa a sentir o assédio do público feminino?

Começam a me ver de outra maneira agora, principalmente depois de ‘Cheias de Charme’. Mas as meninas não são um problema, não. Procuro acompanhar tudo o que elas fazem por mim nas redes sociais e tento responder ao máximo. Estou solteiro, mas nenhuma fã ultrapassou o que é legal, o limite de ser fã. Também não sei se o termo galã se aplica a mim. Sou ator, posso vir a ser, mas quem sabe do meu potencial não vai me deixar limitado a isso. Acredito que não tenha o perfil, mas não luto contra, não. Se for, será ótimo.

- Qual é o seu grande sonho profissional? 

Além de ator, quero dirigir algumas produções. E, para isso, vou retomar a faculdade de cinema na Puc-Rio, que está trancada por conta dos vários trabalhos que emendei. Quero estudar porque é importante ter essa formação acadêmica, além da pratica. Isso enriquece a nossa profissão e nos dá mais consciência do que estamos fazendo em cena. Estou também com projetos no teatro, para filmar clipes, curtas e estudar fora do Brasil. Mas, logo após o filme, vou começar a me preparar para mais uma novela na Globo [trata-se de Sangue Bom, de Maria Adelaide Amaral, com direção de Dennis Carvalho]. Estou muito feliz por esse momento da minha carreira. Está a maior correria, sem descanso, mas estou bastante realizado. Quanto mais trabalho, melhor.