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Segredo da união duradoura é saber combinar amor, desejo e tolerância

Redação Publicado em 08/01/2013, às 11h16 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Quantas vezes nossa atenção não é despertada para o casal que permanece junto por muito tempo, transmitindo atmosfera de amor e diálogo, e um clima de solidez e estabilidade? Sai ano, entra ano, às vezes perdemos os eternos pombinhos de vista, mas eis que de repente ressurgem, amadurecidos, por vezes já grisalhos, e ainda juntos, com a mesma postura de união diante da vida. Não é só a longa duração do par que os distingue, mas a qualidade e a dignidade de sua experiência, resistindo a qualquer diagnóstico de tédio que os mais afoitos poderiam lhe aplicar. As seduções da pósmodernidade não os afeta.

A durabilidade da união, insisto, não é critério para medir seu êxito ou supremacia. Quantos casais não prolongam a convivência apenas por falta de opção, por injunções religiosas, econômicas ou familiares, ou simplesmente por seguir a máxima convencional de “ruim com ele (ou ela), pior sem...”, enfim! Não! Aquele casal que provoca em muita gente uma pontinha (ou até mais que uma pontinha) de inveja carrega o segredo de união não só prolongada, mas também amorosa — eu não diria estável, porque duvido que as relações escapem de alguma instabilidade. Ela lhes é inerente.

Ao contrário de uma idealização ingênua e romântica, essa união requer um “trabalho” — o que eu venho chamando de “o trabalho do casal”. Ele precisa “ralar” — e não apenas no sentido do rala-e-rola dos desejos sexuais. Estes poderiam não lhes render mais do que umas 9 e 1/2 Semanas de Amor, como no célebre filme de 1986, com Kim Basinger (59) e Mickey Rourke (50), espécie de Cinquenta Tons de Cinza, popularíssima obra soft erótica da britânica E. L. James (49), daquela época. Uma relação de 20 anos, por exemplo, tem mais de 1000 semanas, nas quais, para sobreviver, o amor não pode se limitar ao império dos sentidos, mas irá depender de uma interação muito mais abrangente, que envolve qualidades subjetivas, admiração pelo caráter e pelo temperamento do outro e tolerância, muita tolerância e compreensão. Numa relação assim, há um exercício constante de lealdade e fidelidade, foco na autoproteção frente a um mundo cheio de seduções a cada esquina, capacidade de suportar os sentimentos paradoxais de amor e desamor e, por fim, a profunda convicção, mesmo em eventuais momentos difíceis e dolorosos, de que, tal como a fênix, o desejo e o amor podem sempre renascer das cinzas, reacendendo a chama inicial, pois, se é verdadeiro, seus fundamentos nunca deixam de valer.

É verdade que a satisfação e a leveza precisam predominar, do contrário não fariam sentido as renúncias e as frustrações vividas pelo caminho. Sim, porque elas existem, embora nem todos os que se queixam de solidão e da dificuldade de encontrar um amor estejam dispostos a enfrentar esse outro lado da vida a dois, acreditando, ingenuamente, que esta não passa de um brinde mágico à alegria e ao prazer.

Isso não existe. Casais inteligentes permanecem unidos porque se enriquecem mutuamente, dia após dia, no sentido afetivo, existencial, conquistando a capacidade de viver uma vida estimulante. Casal inteligente é aquele que não se trava diante dos obstáculos, superando-os com criatividade e genuína afeição.