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Vírus da febre de Chikungunya, de origem africana, não circula no país

por Maria Cláudia Stockler de Almeida* Publicado em 18/01/2011, às 00h58 - Atualizado em 19/01/2011, às 09h32

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Vírus da febre de Chikungunya, de origem africana, não circula no país
Vírus da febre de Chikungunya, de origem africana, não circula no país
Os meios de comunicação divulgaram em dezembro que havia três casos da febre de Chikungunya no Brasil - dois em São Paulo e um no Rio. Com isso, o Ministério da Saúde determinou que as entidades do setor vigiem e controlem a doença no país. A febre de Chikungunya é antiga. Trata-se de uma doença infecciosa de origem africana causada pelo vírus Chikungunya, que é disseminado por mosquitos. Ele circula também na Ásia. As primeiras referências à doença na literatura são do final do século XVIII (casos estimados na Indonésia) e da primeira metade do XIX (casos estimados na África, na Índia e no sudeste dos Estados Unidos). Em 1952, o vírus foi isolado pela primeira vez, na Tanzânia. O surto atual da febre começou em 2004 na África e vem circulando desde então nas ilhas do Oceano Índico, Ásia e Europa. No Quênia, em 2004, houve 500000 casos; na ilha Reunião (Oceano Índico), em 2006, 770000 casos com 237 óbitos; e na Índia, em 2006 e 2007, foram relatados 1,4 milhão de casos. O Chikungunya é da família dos togavírus e do gênero alfavírus. Alguns alfavírus circulam no Velho Mundo (Europa e Ásia) e outros no Novo Mundo (Américas). Parte deles causa mais encefalite (inflamação do cérebro) e os restantes artrite. Felizmente, o vírus Chikungunya ainda não circula no país. Os três doentes de dezembro foram infectados em viagem à Índia e à Indonésia. Mas o Brasil precisa mesmo ficar atento. O Chikungunya é difundido na África pelo mosquito Aedes stegomyinia, mas tem a capacidade de se adaptar e usar outros mosquitos para disseminar-se. No surto da ilha Reunião o mosquito era o Aedes albopictus e no da Índia, o Aedes aegypti, o mesmo que dissemina o vírus da dengue em boa parte do mundo. Como existe uma grande população de Aedes aegypti no Brasil, se uma pessoa contrair a febre na África ou na Ásia e não for detectada quando ela chegar de volta, corre-se o risco de o vírus se disseminar por aqui. Por isso, se você vai viajar para países que têm a febre, precisa tomar alguns cuidados tanto para não contrair a doença como para não trazê-la para cá. Escolha hoteis que tenham ar condicionado. Use tela nas janelas e mosquiteiro sobre a cama. Na África, se for entrar em contato com mato sobretudo ao nascer e no por do sol, passe repelente, de preferência contendo icaridina ou DEET a 50%, seguindo as recomendações do fabricante. Use calça comprida e camisa de mangas longas. Também é importante proteger-se no quarto/apartamento com permetrina, aquele aparelho que se põe na tomada de eletricidade. É até possível comprar roupa de tecido que contém permetrina em sites especializados. Quem volta de viagem às regiões de risco com febre alta, dores nas articulações, tremores e calafrios deve consultar logo um médico. Por outro lado, nós aqui no Brasil também devemos evitar locais que sirvam de criadouro para mosquitos. Ou seja, eliminar tudo que possa acumular água limpa dentro de casa e também no quintal. Ainda não existe vacina contra a febre de Chikungunya. Também não há tratamento específico para o vírus. Controlam-se apenas os sintomas e se espera que o organismo do doente neutralize a ação viral. Em geral se consegue isso - a letalidade da doença é de uma pessoa em cada grupo de 1000 portadores, principalmente idosos com mais de 75 anos.