Saiba o que é febre maculosa, uma doença transmitida por carrapato

A mídia deu destaque nas primeiras semanas do mês ao abate, pela prefeitura de Campinas, em São Paulo, de um grupo de capivaras que viviam em um parque público da cidade. Isso ocorreu, claro, com a autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), porque os animais estavam infestados de carrapatos, ácaros que transmitem o microrganismo causador da febre maculosa, uma doença grave. A mídia divulgou também - e não houve contestação dos organismos de saúde da cidade nem do Estado - que no ano passado 10 pessoas contraíram a doença em Campinas. Divulgou ainda que desde 1999 houve em 19 cidades da região 75 casos de febre maculosa, com cerca de 30 mortes. Embora tenha havido manifestações contra a matança das capivaras, a atitude da prefeitura foi correta. Quando se detecta o carrapato transmissor da riccketsia em determinado grupo de animais, precisam mesmo ser sacrificados. O ideal é que, em seguida, sejam incinerados para destruir até eventuais ovos de carrapato - também abrigam a rickettsia - existentes em sua pele e evitar que eclodam, não enterrá-los, como fez a prefeitura da cidade paulista. A febre maculosa é endêmica no Brasil, ou seja, todo ano ocorre determinado número de casos. Trata-se de uma doença infecciosa causada por um microrganismo chamado riccketsia (Riccketsia riccketsii). Ele vive em carrapatos - no país, sobretudo no carrapato-estrela -, que o transmitem aos animais e aos humanos ao picá-los. A maior parte da pessoas que contraem a riccketsia não desenvolve a febre maculosa, apenas um pequeno grupo. O período de incubação do microrganismo é de cinco a 10 dias. Os sintomas indicativos da moléstia são: febre alta, dor de cabeça, mal-estar, indisposição e dores musculares intensas. O traço mais importante da febre maculosa, porém, são as manchas róseo-avermelhadas na pele. Aparecem de início na região dos pulsos e tornozelos e se espalham pelo corpo. O mecanismo é o seguinte: a riccketsia se multiplica no interior dos vasos capilares - os menores, nas extremidades - e forma coágulos. Se o doente não recebe tratamento, órgãos como fígado, rins, baço, intestinos, pulmão e cérebro são atingidos e vão perdendo a capacidade de funcionar. O doente pode apresentar, então, confusão mental e inchaço por todo o corpo em consequência do extravasamento de líquidos dos vasos capilares. Parte dos portadores morre de infecção generalizada. O ideal, claro, é prevenirse. Pode-se evitar a doença com algumas medidas básicas. Procure ficar longe das áreas de risco. No campo, se precisar entrar no mato ou for pescar, use repelente. É fundamental, também, vestir camisa de mangas compridas e pôr a calça dentro das botas. Nesses casos, use roupas claras, que permitem ver melhor os carrapatos. Ao voltar para casa, analise roupas e o próprio corpo para eliminar eventuais insetos. Cuidado com animais silvestres e domésticos que hospedam carrapatos, como cavalos, bois, cães, gambás e capivaras. Pessoas com sintomas devem ser levadas imediatamente ao serviço de emergência de um bom hospital. É preciso alertar o médico sobre a possibilidade da doença, porque em geral ela é mal reconhecida no país. O tratamento é feito com antibióticos - só dois grupos têm eficácia comprovada, o cloranfenicol e as tetraciclinas.