CARAS Brasil
Busca
Facebook CARAS BrasilTwitter CARAS BrasilInstagram CARAS BrasilYoutube CARAS BrasilTiktok CARAS BrasilSpotify CARAS Brasil

Brasil é o primeiro no mundo em número de doentes com hanseníase

por Leontina C. Margarido* Publicado em 17/08/2010, às 14h38 - Atualizado às 14h39

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Brasil é o primeiro no mundo em número de doentes com hanseníase
Brasil é o primeiro no mundo em número de doentes com hanseníase
A Sociedade Brasileira de Dermatologia promoveu em São Paulo, recentemente, uma campanha para o diagnóstico e o tratamento da hanseníase. Segundo o Ministério da Saúde, o país registrou 38000 novos casos da doença em 2009, o que representa redução de 30% em cinco anos. Isso equivale a 4,6 doentes para cada grupo de 10000 habitantes. Apesar disso, o número ainda é alto, pois a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a meta de 1 doente para cada grupo de 10000 habitantes. Entre as medidas que ajudaram a conter o avanço da doença está a melhoria no atendimento. Entre 2007 e 2009, o número de serviços de atendimento aos doentes aumentou 21%, com 1645 novas unidades em todo o Brasil. Mesmo assim, o país é o primeiro em número de doentes com hanseníase. As explicações são: falta de diagnóstico precoce pelos médicos e desinformação da população sobre essa moléstia, conhecida desde a Antiguidade. A hanseníase é causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Pode acometer qualquer camada social, mas é mais comum na população de baixa renda. Felizmente, mais de 90% das pessoas têm defesa genética contra o bacilo e não desenvolvem a moléstia. Os sintomas geralmente são negligenciados pelos doentes, pois as lesões não levam a coceira, ardor nem dor. Muitos médicos, de outro lado, não a diagnosticam precocemente porque os sintomas são comuns a outras doenças. O primeiro sintoma é formigamento ou dormência, causado pela inflamação dos nervos periféricos. Pode haver também diminuição da sudorese sobretudo nas mãos e nos pés. Em um segundo momento, o bacilo invade o sistema linfático e o vascular, produzindo manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele. Com a evolução da moléstia, o doente perde os cílios e as sombrancelhas e pode ter vermelhidão nos olhos, congestão e sangramento nasal e diminuição da sensibilidade térmica na região da pele atingida. Pode apresentar ainda feridas nos pés e nos dedos das mãos, além de inchaço nas pequenas e médias articulações. A hanseníase não é fatal, mas, se não for tratada, em 20 anos pode deformar mãos e pés, que adquirem a forma de garra. O ideal é evitar contrair a bactéria. Pode-se fazer isso com cuidados de higiene habituais, como lavar frequentemente as mãos com água e sabão. É fundamental também que o doente cubra a boca e o nariz com lenço ao tossir e/ou espirrar para não espalhar bacilos no ar. Pessoas com suspeita de estar com hanseníase devem consultar um especialista nas Unidades Básicas de Saúde. O diagnóstico inicial é clínico. Comprova-se a doença aplicando cloridrato de histamina na pele. Quando se descobre que alguém tem hanseníase, seus familiares devem ser examinados pela equipe médica responsável. A doença é tratada com medicamentos e tem cura. São dois os tratamentos: um para quem tem poucos bacilos e não é contagiante; e outro para quem tem muitos bacilos e pode contaminar terceiros. No primeiro caso, o tratamento é feito com dois remédios durante seis meses. E no segundo, com três, por um a dois anos. Devem ser tomados todo dia, sem interrupção, senão o bacilo se torna resistente ao remédio. Após uma semana de tratamento, os doentes do grupo que tem muitos bacilos deixam de ser contagiantes.