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País testa em humanos primeira vacina contra a esquistossomose

por Fernando Luis Pandullo* Publicado em 15/09/2010, às 15h55 - Atualizado às 20h20

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País testa em humanos primeira vacina contra a esquistossomose
País testa em humanos primeira vacina contra a esquistossomose
O Brasil será o primeiro país em todo o mundo a produzir uma vacina contra a esquistossomose. A substância foi desenvolvida pela doutora Miriam Tendler, médica pesquisadora da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), e já foi testada em animais de laboratório. A pesquisa em humanos deve iniciar-se ainda este ano e prevê-se que esteja disponível para uso clínico em 2015. A esquistossomose é causada por um parasita chamado Schistosoma mansoni. Atinge cerca de 200 milhões de pessoas no planeta, causando por volta de 20000 mortes todo ano. O Brasil tem aproximadamente 6 milhões de pessoas contaminadas, que se concentram em especial na Região Nordeste. A Bahia e o norte e o nordeste de Minas Gerais apresentam o maior número de casos. O parasita tem como hospedeiro definitivo o ser humano, mas necessita do caramujo de água doce para completar seu ciclo de desenvolvimento. Os ovos do microrganismo são eliminados pelas pessoas infectadas nas fezes. Em contato com a água, os ovos liberam larvas que contaminam os caramujos. Novas larvas são produzidas e dispersas na água. Elas penetram nos seres humanos pela pele ou pelas mucosas e os infectam. A doença tem uma fase aguda que ocorre poucos dias depois da contaminação. Os sintomas principais são: coceira, inflamação na pele (dermatite), falta de apetite, tosse, enjoo, diarreia e emagrecimento. Os pacientes que evoluem para a forma crônica - meses ou anos após a contaminação - em geral têm poucos sintomas, alternando períodos de diarreia com períodos de prisão de ventre. A doença pode, então, evoluir para formas graves, com fibrose do fígado, aumento do volume do baço, hemorragias no esôfago e estômago e aumento do volume (distensão) do abdome. Esgotos não tratados despejados em córregos levam larvas até lagos e lagoas. As regiões pobres, nas quais os esgotos não recebem tratamento adequado, são as principais áreas de risco. A melhor forma de não contrair o parasita, por isso mesmo, consiste em não entrar em contato com água represada ou de enxurrada sem se proteger com luvas e botas. A esquistossomose é diagnosticada com exames de sangue e de fezes. Às vezes os médicos são obrigados a fazer biopsias do intestino para achar os ovos do parasita. O tratamento é feito com medicamentos antiparasitários tomados por via oral. Nas formas crônicas, a doença pode deixar sequelas definitivas. Em pacientes com o fígado e o baço muito afetados existe a necessidade de intervenções cirúrgicas para evitar graves complicações, como as hemorragias digestivas. A participação das autoridades sanitárias é fundamental para controlar a propagação da doença, fornecendo à população acesso às redes de esgoto. Também devem informar as pessoas, em especial nas regiões em que há casos de esquistossomose, sobre o risco de entrarem em contato com águas suspeitas de estarem contaminadas e orientar sobre os sintomas e a necessidade de procurar assistência médica. É possível combater também a proliferação dos caramujos evitando as condições que favorecem seu desenvolvimento. Vale destacar, finalmente, que a produção da vacina é uma valiosa contribuição do país para a saúde da humanidade e constitui uma vitória da ciência e da biotecnologia nacionais.