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Refúgio para os sonhos de Sandra Werneck

Em sua casa de campo, a cineasta fala sobre comportamento humano e o novo longa

Redação Publicado em 20/04/2010, às 10h57 - Atualizado em 27/04/2010, às 11h49

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Na casa projetada por Cadas Abranches em Itaipava, RJ, Sandra, diretora de sucessos como Cazuza, mostra o site do filme Sonhos Roubados. - Cadu Pilotto; Beleza: Duh; Produção: Claudia Mello
Na casa projetada por Cadas Abranches em Itaipava, RJ, Sandra, diretora de sucessos como Cazuza, mostra o site do filme Sonhos Roubados. - Cadu Pilotto; Beleza: Duh; Produção: Claudia Mello
A paz que cerca a casa de campo da diretora Sandra Werneck (58) em Itaipava, região serrana do Rio, por ora passa longe dos seus dias. É no local que a cineasta carioca se foca para comandar o lançamento, na sexta-feira, 23, de Sonhos Roubados, Melhor Filme - Júri Popular no Festival do Rio 2009. "Não consigo nem me ver no espelho direito. Só me dei conta de que fazia três meses que não pintava o cabelo quando fui fotografar para o making of", conta ela, que dirigiu Pequeno Dicionário Amoroso (1996) e Amores Possíveis (2001), comédias românticas de sucesso, além de Cazuza - O Tempo Não Para (2003) e vários documentários. No verão, Sandra, que está solteira, passou 25 dias - "entre idas e vindas, foram dois meses" - trabalhando na casa. À noite, via DVD e lia. Um dos livros que devorou nesse tempo tinha 648 páginas, era a biografia de Clarice Lispector (1920-1977), escritora que costumava dizer que entre uma obra e outra sentia-se morta. "Por isso não deixo lacunas. Assim que lançar Sonhos Roubados, vou cuidar do próximo filme, O Lugar do Desejo. O roteiro já está pronto", afirma Sandra, que rechaça o rótulo de workaholic. "Não sou. Mas gosto de trabalhar. Dirigir é o maior prazer do mundo. Só não é maior que a maternidade", garante a mãe da também cineasta Maya Da-Rin (31), da união com Silvio Da-Rin (60), secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura. - Você diz que sua vida são 70% cinema, trabalho. Eu gostaria de saber do resto. - Sou tímida na vida social, que aliás pouco tenho atualmente, por falta de tempo. Prefiro receber meus amigos aqui, em Itaipava, e, no Rio, pensar em reuniões de trabalho. Também nunca empaco, não perco tempo pensando. Por exemplo, não escolho roupa. Olho, vejo e ponho. Vou a um restaurante e sei o que quero comer. Sou prática, objetiva. - Sente-se solitária? - Nada. Vivo muito bem sozinha, é impressionante. Tive dois maridos, o Silvio e o Juca (Julio Worcman), e vários namorados, mas não quis casar de novo. - Por quê? - Casamento serve para quando você quer uma família. Fora isso, o amor pode ser muito instigante, vivo, engraçado e divertido, quando você namora. Mas já fui mais romântica, hoje acho que tenho meus pés mais no chão. - Filmes como Amores Possíveis e Pequeno Dicionário refletem momentos de sua vida? - Pequeno Dicionário foi uma catarse, fiz após uma separação. Eu falei: ou piro ou faço um filme. E virou uma história engraçada. Sublimei aquela dor de uma maneira tão bacana, com um filme que todo mundo adora, e ainda ganhei dinheiro (risos). - O que existe em comum entre os seus filmes? - Meu cinema é de desvendar um pouco o comportamento, é voltado para as relações humanas. Mesmo em documentários. Essas meninas que eu retrato em Sonhos Roubados, por exemplo, por que me interesso por elas? São garotas que vivem na periferia, com famílias desestruturadas, gravidez precoce... Mas são elas que vão dar à luz a nova geração daqui. Sempre me preocupo com crianças e adolescentes, é uma maneira de olhar para o futuro do país. Se você me perguntar qual o grande arrependimento da minha vida, respondo que é não ter mais filhos. Sou muito maternal, gosto de cuidar... - Histórias de adolescentes grávidas também foram abordadas no documentário Meninas... - Sim, mas gosto de variar. De tema, de proposta... O próximo, O Lugar do Desejo, será sobre duas mulheres na faixa de 40 anos. Uma optou pela profissão e a outra, por casar e ter filhos. E acham que são infelizes com as escolhas. - Sua casa é muito bonita. Você sempre a associa a trabalho? - Não, a lazer. Todo mundo pensa que ganhei muito dinheiro com cinema. Na verdade, herdei uma fazenda no Paraná, onde passei parte da minha vida. Vendi porque era longe. Mas como não consigo viver sem o cheiro do mato, sem as plantas, comprei esse terreno e construí a casa.