SAINT LAURENT

Entre ais e uis contraditórios, os 37 modelitos que Stefano Pilati desenhou para o inverno 2006/2007 da Maison St. Laurent passaram rapidinho. Na platéia, Catherine Deneuve de impermeável leopardo, uma allure pas comme les autres, no meio daquelas senhorazinhas friorentas, cobertas por asfixiantes casacos de peles. Mas... what's new?? Nada de acelerar o coração, darling. Os grelôs, os pompons e as franjas do verão - ainda bem! - foram deletados. A arte do enfeite é perigosa, um pompom a mais e... a gente tropeça. Anyway, como a palavra de ordem dessa estação é "limitação", Pilati "limitou-se" de verdade e inventou um guarda-roupa urbano, uma espécie de "uniforme versátil", em que - sorry - nada de muito emocionante acontece. Shapes mais espaçosos entram em cena: saias tulipas, vestidos-sacos, jaquetas curtas (acabam na cintura), souflés, bombés (perigosamente engordativas), leggings e mais leggings de malha mescla (very cheap), e por aí afora. Mas... uiuiuiuiui!, sempre acho um tanto inquietantes essas ameaças de come-back dos anos 1980. Prefiro pensar em Madame Deneuve (linda ainda!), noutras... Nos shapes mais chiques e mais secos de Pilati, por exemplo, como o casaco de vinil preto (completamente sessentinha), como as túnicas retas que vêm chegando (o abotoamento delas é nas costas...), como o cardigan de cachemire cinzento XL, como a saia "de vida reta" bem usada com uma dessas camisas de gola-laço tipo lavalière, enfim, fazendo um pouco aquele clima Belle de Jour do Buñuel, sabe como? No fim do desfile, lembranças de St. Laurent, l'inoubliable: as costas de um vestido toda bordada de serpentes douradas, inspirada na coleção Lalanne (1969), uma capa negra de bolas de lã, inspirada diretamente na noiva Babouchka (1968), por incrível que pareça, a primeira coleção de alta-costura que eu vi na minha vida... Ui!s