Ambigüidade? Nada é mais moderno...
Onde acaba o homem? Onde começa a mulher? Ora, ora, ninguém no mundo atravessa esse muro imaginário, com mais know how do que meu anjo-fashion, Yojhi Yamamoto. Vai daí que, enquanto as modinhas da vida nascem e morrem rapidinho (barbies caricatas, ninfetas siliconadas, pseudonômades lamentáveis...), lá vai ele ("sem se tocar" e por isso mesmo "intocável") flutuando acima do bem e do mal. Sua moda "só fala" com mulheres especialíssimas, quase rigorosas, dessas que não caem nas armadilhas fáceis dos ralos embalos-fashion. Mulheres raras, infelizmente. Tanto que sua ex-boutique na Rue de Grenelle acabou acabando (que deprê) e agora é mais um lojão da Diesel... Anyway, what's new?? Os shapes que se baseiam num guarda-roupa de homem. Paletós, trenchs, camisas brancas, etc... experimentam construtivismos inéditos: cada silhueta foi debulhada, desmanchada, para "renascer" das 1001 variações tipicamente Yamamoto. O redingote, o fraque se desfazem & se refazem, até atingir o desejo do mestre, algo surpreendente, chiquérrimo e, ao mesmo tempo, essencial. Não existem detalhes supérfluos, não existem malabarismos gratuitos. A transparência é velada (calças fluidas, camisas de organzafumaça), e a sensualidade acontece na dose certa, não se banaliza, sabe como?? Uma espécie de "painel" branco plissado (ou com acabamento embabadado) flutua feito uma nuvem branca sobre os paletós, negro-sombra. Brancos também os punhos (tipo mosqueteiro), lindamente bordados. Minhas paixões?? 1) O vestido negro, longo, o auge da simplicidade e do perfeccionismo. 2) As perucas, com franjas incríveis (cortadas com faca?), very Vidal Sassoon, anos 60. E o colar-maravilha, um turbilhão de fios de metal iluminando (como uma écharpe) um vestidinho pretinho, no melhor estilo "nadinha".
FOTOS:MARCIO MADEIRA
