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RENATO MALCON E LAURA ENVOLVIDOS PELAS ARTES

EM PORTO ALEGRE, O EMPRESÁRIO GUARDA UMA ADMIRÁVEL COLEÇÃO DE PEÇAS CONTEMPORÂNEAS

Redação Publicado em 21/12/2007, às 17h18

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O casal brinda em frente do quadro O Bestiário, de Siron Franco. Juntos há 21 anos, eles têm três herdeiros, que também se sentem atraídos pelo universo cultural. - Fernanda Davoglio
O casal brinda em frente do quadro O Bestiário, de Siron Franco. Juntos há 21 anos, eles têm três herdeiros, que também se sentem atraídos pelo universo cultural. - Fernanda Davoglio
por Larissa Kuhn O empresário Renato Malcon (51), sócio do Grupo Malcon, conglomerado financeiro e imobiliário do Rio Grande do Sul, reserva tempo especial para cultivar a paixão pelas artes plásticas. É no apartamento da família, uma cobertura no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, que ele guarda algumas das mais de 100 peças de sua coleção de arte contemporânea, de artistas como Siron Franco (61), Xico Stockinger (88) e Mauro Fuke (46). Um dos principais critérios para a aquisição de um quadro ou uma escultura é a aprovação da mulher, Laura Hofmeister Martins-Costa Malcon (41), com quem é casado há 21 anos, e dos filhos, Arthur (18), André (13) e Luiza (12). "A opinião deles é importante, pois a maior parte do acervo fica na nossa casa", conta Renato, que ainda mantém peças em seu escritório e na residência de Canela, na Serra Gaúcha. Laura aprova seu fascínio pela arte. "Acabou sendo um presente para nós, pois envolve a família e agrega também os filhos", diz ela. Hoje, a arte faz parte da vida do empresário, que foi presidente da 4a Bienal do Mercosul e Conselheiro da Fundação e colabora de forma intensa com as secretarias de Cultura do Estado e do município, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Museu de Arte Contemporânea, Museu Júlio de Castilhos, a Fundação Iberê Camargo e a Associação Chico Lisboa. - Quando o senhor começou a colecionar obras de arte?Renato - Há 15 anos. A convivência com amigos e admiradores de arte despertou em mim o gosto. Hoje, além de um eterno apreciador, participo de forma ativa de entidades importantes e me relaciono com curadores e colecionadores de todo o mundo. - Avalie o que a arte acrescentou a sua vida. - Praticamente mudou a minha vida. Trabalho nas áreas bancária e imobiliária, setores da economia onde se aplicam as ciências exatas. No mundo das artes, comecei a desenvolver um lado mais humano. - Fale sobre algumas obras importantes de seu acervo. - Na sala de estar tenho uma que me encanta pela sua história, chamada Desdobramento I, de Iberê Camargo (1971 - 1994). Os carretéis sempre estiveram presentes nos trabalhos do artista, eram um brinquedo de sua infância. Neste quadro, os carretéis estão em movimento, mas há outras obras de Iberê em que eles estão estáticos. A produção de um artista tem um significado, uma seqüência, e observar isso me seduz. Outra obra importante da coletânea, que é catalogada, é Carpaccio Pequeno, de Daniel Senise (52), pintor que adora trabalhar com espaços e perspectivas. - Como seleciona as peças? - A identificação com o artista ou a obra é um dos pré-requisitos para uma peça me conquistar. A obra tem que tocar, se relacionar com a pessoa. É o caso de Wumm, de Karin Lambrecht (50). Os cortes na tela podem representar suturas na pele. Isso me emociona. - Há histórias curiosas sobre a sua coleção? - Um fato interessante aconteceu com O Bestiário, de Siron Franco. Em uma ocasião, ele jantou em nossa casa e pediu para fazer uma foto com o quadro, pois não tinha registro nenhum do que ele mesmo tinha criado. - Como é dividir a rotina de empresário e colecionador? - Esse meu envolvimento com a arte - o contato com artistas, os vernissages e a troca de idéias com curadores e conselheiros - exige por volta de 10 horas semanais de minha rotina. Mas é algo para o qual me entrego com prazer. Outra atividade a que me dedico é a de manter a coleção. Quando vou adquirir uma obra, faço um estudo da produção do artista e pesquiso a importância dele no mercado e na crítica. Um bom investimento une esses dois reconhecimentos. - O senhor passa esse conhecimento para sua família e público? - É algo que me dá muita satisfação. Comparo com o mesmo sentimento dos apreciadores de vinho. Para apreciar a arte e os vinhos não é preciso ser um expert. Eu estou neste aprendizado há anos. Prova disso também é que, em minha gestão como presidente na 4a Bienal, me esforcei para colocar em prática a idéia de aproximar a arte de um público cada vez maior. Uma das maneiras foi a criação do famoso símbolo, elaborado por uma equipe, com o duplo ponto de interrogação. É um elementforte, mas o significado é que ninguém precisa ter vergonha de não saber. Aos poucos, as pessoas descobrem e entendem. - Seus filhos herdaram o gosto? - Eles nasceram com uma sensibilidade maior que a minha. Todos tocam algum instrumento musical. Em relação à coleção, costumam opinar, participam. - E a sua mulher, Laura, costuma influenciar na coleção? - A minha coleção é de arte contemporânea e a Laura gosta de peças de arte moderna. Mas só adquiro uma nova obra se ela aprova, pois elas ficam em nossa casa e devem se harmonizar com a decoração, com as outras peças. Mas quando ela gosta de algum quadro ou escultura, nós compramos, mesmo que ele não tenha muito reconhecimento ou importância. - E quando viaja, inclui a arte no roteiro? - Sempre! Programamos já as mostras, galerias e museus que queremos visitar. No início do ano, toda a família viajou para Londres. Tenho um bom relacionamento com o diretor do Museu Tate Modern e ele nos acompanhou em algumas visitações. Recentemente, eu e a Laura estivemos no casamento de um dos maiores colecionadores da Argentina, em Buenos Aires. Reunimos uma comunidade importante da arte.