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Região Sudeste tem o maior número de talassêmicos no país.

Rodrigo Santucci Publicado em 30/01/2006, às 14h58

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Rodrigo Santucci
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A talassemia é originária dos países banhados pelo Mar Mediterrâneo, como Grécia, Itália, França e Espanha, na Europa, e Marrocos, Argélia, Líbia e Egito, na África. Tais povos espalharam-na mundo afora a partir do século XV, quando colonizaram porções da Ásia, Américas e África. Talassemia é uma doença genética do sangue. Esse fluido contém três tipos básicos de célula: plaquetas (ajudam a parar o sangramento), leucócitos (defendem o organismo) e hemácias (levam oxigênio do pulmão a todas as partes do corpo). As hemácias são compostas de hemoglobinas. Estas, por sua vez, são compostas por dois pares de cadeias de globina: as alfa e as não alfa (um exemplo é a beta). A cadeia alfa é produzida pelo cromossomo 16; e a beta, pelo 11. Caracteriza-se a talassemia quando a pessoa apresenta o cromossomo 16 ou o 11 "defeituosos". Quem nasce com o 11 "defeituoso" é portador de betatalassemia; já os que nascem com o problema no 16 têm alfatalassemia. Quanto maior a malformação cromossômica, menor a produção de globinas. Isso gera anemia de intensidade variável, causando dificuldade para a hemácia levar oxigênio do pulmão aos tecidos orgânicos. De acordo com a gravidade, a talassemia é chamada menor (herdada apenas do pai ou da mãe) ou maior (herdada de ambos). A doença atinge homens e mulheres. Estima-se que haja todo ano 10 000 a 20 000 novos casos de alfatalassemia homozigótica (herdada do pai e da mãe) e 20 000 a 40 000 de betatalassemia homozigótica no planeta. Na Europa, a maioria dos casos é de betatalassemia heterozigótica, ou seja, herdada do pai ou da mãe. Aqui, não há estatísticas precisas. Mas a Associação Brasileira de Talassemia (Abrasta) - site: abrasta.org.br - tem cadastrados 485 pacientes com a forma grave da doença: 75% do Sudeste; 10% do Sul; 8% do Nordeste; 6% do Centro-Oeste; e 1% do Norte. Portadores da forma "menor", menos grave, podem passar a vida inteira sem problemas. Em geral, têm quando muito anemia leve, que não produz sintomas, porque o organismo da criança se adapta à discreta dimimuição do número de hemácias. A talassemia pode ser detectada por eletroforese de hemoglobina, exame que dá a porcentagem de cada tipo de hemoglobina no sangue. A partir da descoberta, é preciso fazer acompanhamento médico com exames de sangue periódicos. Já a forma "maior" é grave. O portador sofre de anemia severa e o pequeno número de hemácias não consegue levar oxigênio suficiente aos tecidos. Os sintomas são: fraqueza, queda de cabelo e falta de apetite. Outras indicações: dificuldade para crescer e desenvolver os órgãos sexuais, aumento de volume do fígado e do baço e deformidades ósseas. De outro lado, as hemácias se rompem e liberam ferro excessivo no organismo. Se a doença não é diagnosticada e tratada, em geral a criança morre antes dos 5 anos. Vale destacar que alguns pacientes apresentam um quadro que fica entre os dois extremos, chamado talassemia intermédia. Pessoas que têm a doença na família devem consultar um clínico geral ou hematologista e fazer pelo menos a eletroforese de hemoglobina para ver se também são portadoras. Quem herdou o "defeito" cromossômico de um dos pais tem a forma menor. Deve certificar-se de que sua esposa não tenha a mesma alteração. Já os que herdaram dos dois em geral apresentam a forma grave: a maior. A doença já tem tratamento eficaz. Compõe-se de transfusões de sangue - para tornar os níveis de hemoglobina aceitáveis e oxigenar os tecidos - e extração periódica do ferro excessivo no corpo para não prejudicar coração, fígado, baço e pâncreas. Graças à Abrasta, dispomos dos melhores remédios para o controle do ferro. Com isso, portadores levam uma vida praticamente normal. Hoje a inúmeras pesquisas sobre talassemia. Uma delas relaciona-se à troca e manipulação dos genes para corrigir o "defeito" cromossômico.