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Quem faz da relação a única razão de viver pode terminar só e infeliz

Redação Publicado em 20/03/2012, às 01h14 - Atualizado às 01h16

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Muitas pessoas investem excessiva carga de energia emocional em seus relacionamentos. Deles, tiram toda a sua satisfação e afeto, abandonando qualquer outro interesse. Acham que o amor é suficiente para fazê-las felizes. O que não sabem é que essa conduta pode sobrecarregar a relação com muitas exigências e, com o tempo, levá-la a um impasse. Afinal, se um larga tudo pelo outro, irá esperar que este faça o mesmo, o que nem sempre é possível.

Sonia, nome fictício pelo qual vou chamar aqui uma cliente minha, pensava dessa maneira quando se casou. Deixou a vida profissional e os amigos para se dedicar apenas ao marido, à casa e aos filhos. Eles eram a sua vida, e ela estava feliz assim. Toda sua satisfação vinha do relacionamento e da família. Mas o marido de Sonia tinha outros interesses e muitos amigos. Seu trabalho demandava sua presença em reuniões, congressos e jantares. Ela ficava sempre esperando, ávida para que ele contasse o que tinha feito o dia todo; vivia a sua vida por intermédio dele.

Com a ajuda da mulher, que garantia toda a estrutura para que pudesse trabalhar, ele foi crescendo profissionalmente. O tempo passou e essa mulher tão dedicada começou a notar que o casamento estava esfriando, que o marido já não mostrava o mesmo interesse por ela, não lhe contava mais nada. A coisa andou nesse ritmo até que a vida sexual do casal simplesmente deixou de existir. Ela passou a cobrar atenção e ele ficava irritado com isso. Até que Sonia caiu doente. Sentia dores por todo o corpo e perdeu o gosto pela vida. Nada lhe dava prazer. Claro, sua única fonte de satisfação era aquele marido que já não se interessava por ela. Não brigavam, no entanto também não conversavam, não tinham intimidade. Ele não entendia o que estava acontecendo, já que ela tinha tudo e nunca precisou trabalhar.

O médico diagnosticou depressão, prescreveu antidepressivos e a encaminhou para terapia. Foi quando a conheci. Propus que se lembrasse da mulher que fora há vinte anos e por quem o marido tinha se apaixonado. Até ela se espantou com a diferença. Aquela Sonia era cheia de vida, tinha amigos, gostava de estudar, de ler, fazia esportes, dançava, trabalhava. Não foi difícil ela perceber que, se pretendia reconquistar o marido, não adiantaria cobrar que ele mudasse. Quem tinha de mudar realmente era ela.

Lembramos de sua infância e de sua relação com os pais. Filha única, os pais viviam um para o outro e lhe davam pouca atenção. Ela então se concentrou nos estudos e fez amigos, especialmente na faculdade. Sugeri que os procurasse e, pelas redes sociais, ela encontrou vários. Marcaram um encontro de comemoração de 20 anos de formatura. Ela foi e de lá saiu vitalizada, com planos de fazer uma pós-graduação. Em poucos meses tinha voltado a trabalhar. Existem casos em que a depressão pode ser provocada por um potencial criativo que não é usado e se volta contra a própria pessoa. A capacidade de trabalho e a criatividade dessa mulher estavam bloqueadas e causaram a doença.

Hoje ela se prepara para defender sua tese de mestrado. Sai com amigos e convida-os para sua casa. Faz aulas de dança com o marido e tem sempre algo diferente para lhe contar. É uma nova mulher, interessante e curiosa, por quem o marido voltou a se apaixonar.