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Prolapso da válvula mitral é mais freqüente na população feminina

Silvio Luis de Souza Pantaleão Publicado em 15/06/2006, às 01h07

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Silvio Luis de Souza Pantaleão
Silvio Luis de Souza Pantaleão
A válvula mitral fica no coração.É composta de duas "folhas" que separam oátrio esquerdo (câmara superior) do ventrículo esquerdo (câmara inferior). Quando o sangue oxigenado nos pulmões chega ao coração, entra no átrio esquerdo. Então, a válvula mitral se abre, o sangue passa ao ventrículo esquerdo e ela se fecha para que não volte e seja direcionadoà artéria aorta, que o distribui ao organismo. Esse mecanismo funciona bem na maioria das pessoas. Mas em parte delas as duas "folhas" da mitral se fecham um pouco além da posição normal, permitindo ou não a volta de sangue ao átrio esquerdo. Esse"defeito" caracteriza o prolapso da válvula mitral. O prolapso manifestase em 5% a 10% da população mundial.É mais comum em mulheres - a relação é de duas mulheres para cada homem. Embora ainda não se saiba o motivo, atinge em especial as magras. A doença tem traços genéticos, ou seja, quando uma pessoa é portadora, outras da família podem vir a apresentá-la. Por volta de 90% dos portadores têm pequenos prolapsos, sem refluxo ou com o retorno de tão pouco sangue que vivem sem problemas. Em quem sofre de quadros mais graves, porém, o excesso sanguíneo - sangue recebido do pulmão, mais o que voltou devido ao prolapso - pode levar à dilatação do átrio esquerdo. Isso ocorre, felizmente, ao longo de décadas de doença. Em geral o doente apresenta alterações no ritmo dos batimentos cardíacos (arritmia). Pessoas que têm dilatação do átrio esquerdo a longo prazo podem apresentar igualmente - também pelo volume excessivo de sangue - dilatação do ventrículo esquerdo, que leva à insuficiência do coração. A conseqüência mais temida do prolapso, contudo, é a endocardite infecciosa, ou seja, infecção do tecido da válvula (endocárdio) mitral por bactérias. A razão é esta: o fluxo de sangue no coração deve ser sempre igual e contínuo. Alterações nisso, que dificultem a circulação do fluido ou o façam ficar rodando no interior do órgão, facilitam a deposição de bactérias na válvula. A maioria delas em geral provém de infecções gengivais e de contaminações em procedimentos dentários - como tratamento de canal e extração - e chega ao coração pela corrente sanguínea. O resultado é a inflamação e até a destruição das estruturas que prendem a válvula mitral, tornando-a insuficiente. Pode haver então dilatação aguda do átrio e do ventrículo esquerdos e acúmulo de sangue nos pulmões, causando edema pulmonar. Os principais sintomas do prolapso podem ser: palpitações ou aceleração da freqüência cardíaca; sudorese e fadiga; tremores; sensação de falta de ar e de asfixia; dor ou desconforto torácico; e medo de morrer. Tais sintomas são muito parecidos com os dos quadros de ansiedade ou da síndrome do pânico. Parece haver, pois, uma relação entre a síndrome e o prolapso. Pessoas que têm sintomas devem consultar um cardiologista. Existem bons especialistas nessaárea em todo o Brasil. Uma alternativa são os departamentos específicos das universidades federais e estaduais existentes nas capitais e cidades grandes. O diagnóstico é clínico.É possível, ouvindo o coração com estetoscópio, notar o som do prolapso, que é comprovado com um ecocardiograma. Quem tem pequenos prolapsos não precisa tratar-se: basta ir ao cardiologista uma vez por ano para uma análise da evolução do quadro. Indivíduos que apresentam prolapso, por indicação de seu médico, devem tomar antibiótico quando vão fazer tratamento dos dentes para evitar a formação da endocardite infecciosa. Já as arritmias são combatidas com medicamentos. Nos casos em que ocorre volta importante de sangue em função de prolapsos maiores e/ou da destruição da válvula mitral, finalmente, é possível até trocá-la por meio de cirurgia. Mas isso raramente é necessário. Em geral, o tratamento precoce de cada situação evita que o quadro se complique.