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Prescrever, do latim praescribere, escrever antes, significa indicar e também...

...tornar-se sem efeito. É o que ocorre com certos contratos depois de transcorrido o tempo que as partes acharam por bem estipular, do latim estipulari, determinar, ajustar, para sua validade.

Deonísio da Silva Publicado em 21/09/2006, às 16h17

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Estipular: do latim stipulari, ajustar, determinar as cláusulas de um contrato. Na antiga Roma, ao fazerem um negócio ou se obrigarem a compromissos mútuos, as partes contratantes quebravam um feixe de palha, stipula em latim, e cada qual guardava consigo uma das metades. No futuro os pedaços poderiam ser apresentados e reunidos para ver se eram os mesmos, se se encaixavam. Povo rude e prático, embora tenha construído uma civilização até hoje modelo em muitas áreas, o romano se utilizava da agricultura para solenizar a celebração de contratos. Filipeta: do nome de um militar da reserva que em 1952 emitiu letras promissórias e outros documentos sem liquidez, em processo rumoroso, muito comentado na época por ter resultado em fraudes. Três décadas depois passou a designar pequeno prospecto para divulgação de eventos culturais, como peças de teatro, filmes, conferências. O étimo - termo que serve de base para a formação de uma palavra -Felipe aparece também na Paraíba, no entanto por outro motivo. No ano de 1585, quando foi fundada a atual capital, João Pessoa - que hoje leva esse nome em homenagem ao conhecido aliado de Getúlio Vargas (1883-1954) na Revolução de 1930 -, os seguidores do rei espanhol Felipe II (1527-1598), então no poder porque o rei português dom Sebastião (1554-1578), morto na Batalha de Alcácer- Quibir, na África, não deixara descendentes, batizaram a cidade como Filipéia. Com a conquista holandesa, ela passou a se chamar Frederikstadt. Expulsos os invasores, seria denominada como o Estado, Paraíba, em função do rio em cujas margens foi construída. Gládio: do latim gladius, gládio, espada, donde derivaram várias palavras, como gladiarius, gladiário, fabricante de gládios, e gladiator, gladiador. Expressões em latim confirmam a preferência por gládio em vez de espada, como em "ex vagina gladium educere" (desembainhar a espada) e "gladium in vaginam recondere" (embainhar a espada) e a cruel "gladium in pectus infigere" (trespassar o coração com a espada). O poeta latino Cícero (106-43 a.C.) tornou proverbial a expressão "espada de Dâmocles" ao narrar o episódio em que Dionísio II (século IV a.C.), rei de Siracusa, convidou o cortesão Dâmocles a sentar-se no trono, tendo sobre a cabeça uma espada pendurada no teto por um fio de crina de cavalo. Queria mostrar-lhe os perigos de exercer o poder. Vários autores relataram o episódio, com variações, entre eles Horácio (65-8 a.C.). O sinônimo espada veio do grego spáthe, pelo latim spatha, designando na origem instrumento de madeira usado para apertar os fios do tecido no tear e depois a arma branca com lâmina de um ou dois gumes e cabo curto mais conhecida em Roma como gládio. Lazarento: de lazareto, do italiano lazzaretto, variação de nazzaretto, inicialmente apelido dado a um hospital da Ilha de Santa Maria de Nazaré, nos arredores de Veneza, na Itália. A instituição tornou-se pouso de quarentena para doentes que vinham do Oriente. Desde 1423, o local tinha servido de refúgio a vítimas de uma peste que assolara a região. A troca do "n" inicial por "l" ocorreu por influência do nome do personagem bíblico Lázaro, a quem Jesus Cristo ressuscitou. Lazareto, desde então, passou a denominar prédio que acolhe leprosos e outros doentes e necessitados. Por preconceito, a nova variante, lazarento, com "n" no meio, veio denominar, em tom pejorativo, o desafeto, o adversário, o inimigo. Prescrever: do latim praescribere, escrever antes, escrever na frente, colocar um título, ditar, ordenar. O verbo tem vários sentidos, sendo o mais freqüente o de indicar, como é aplicado na Medicina (o médico prescreve exames e remédios ao paciente), no ensino (o professor prescreve leituras, exercícios e também provas) e no Direito (o juiz prescreve as penas ao réu). No entanto, prescrever, como verbo intransitivo, tem ainda o sentido de cair em desuso, perder a validade. Tal significado originou-se na prática judiciária: concluído o processo, a autoridade dá o despacho na última folha, fixando os prazos fatais, que, se não são cumpridos, fazem com que a questão, abandonada pelas partes, seja encerrada. Com efeito, até para punir existem prazos e a lei não permite que a pessoa fique com a "espada de Dâmocles" da Justiça sobre a cabeça durante a vida inteira. Solecismo: do grego soloikismós, pelo latim soloecismus, relativoà cidade de Soles, na Silícia, que, separada da Grécia antiga, ficouà margem da cultura helênica, perdendo a pureza da linguagem e corrompendo a língua grega. Quando um falante se exprimia em grego desjeitoso, os cultos habitantes de Atenas diziam dele que falava grego como um morador de Soles. O solecismo é um vício da linguagem que consiste em desrespeitar o espírito de uma língua por meio de transgressões gramaticais da norma culta e atentadosà fonética e à fonologia, que incluem a violação das regras da sintaxe. Por derivação, passou a designar algo falho, imperfeito.