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O sucesso de Petrônio Gontijo na TV

Intérprete do problemático Rudi na novela 'Poder Paralelo', Petrônio Gontijo mostra ao público toda sua flexibilidade como ator, abordando os temas das drogas e da carência e baixa estima do personagem

<i>por Priscilla Comoti</i><br><br> Publicado em 20/10/2009, às 13h58 - Atualizado às 19h47

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Petrônio Gontijo - Arquivo Caras
Petrônio Gontijo - Arquivo Caras
O ator Petrônio Gontijo está vivendo um momento especial em sua carreira ao interpretar o personagem Rudi na novela Poder Paralelo, da Record. Rudi é usuário de drogas, considerado a "ovelha negra da família", com problemas de relacionamento com os pais e, para completar, ainda se sente ofuscado pelo irmão Tony (Gabriel Braga Nunes). Todos seus problemas, no entanto, não escondem a humanidade e a sensibilidade. Com a história difícil e complexa de Rudi, o artista diz adorar o desafio de vivê-lo na telinha, oferecido pelo autor da trama, Lauro César Muniz. Isso exigiu de Petrônio toda a sua flexibilidade e concentração. Além de ser um personagem que caiu no gosto do público, mostrando a importância de se abordar o tema das drogas em uma novela. "No caminho de Rudi, pode haver uma redenção ou um desfecho trágico, não sabemos. Mas, de qualquer forma, um personagem como este leva à reflexão e isso eu acho bastante sadio. Rudi é uma parcela de nós mesmos elevada à grande potência. É o fantasma e o incômodo, no qual, muitas vezes, colocamos panos quentes", reflete Gontijo em entrevista ao Portal CARAS. Confira abaixo a conversa com o ator: - Além dos problemas com drogas, o Rudi tem alguns surtos de loucura. Como está sendo para você viver esse personagem? - Rudi é um personagem complexo, um leque de possibilidades, escrito com o talento do mestre Lauro César Muniz e sua equipe, aos quais estou muito agradecido. Desde que quis ser ator, sempre desejei fazer uma novela do Lauro. Ainda me lembro de sua Paloma, interpretada divinamente por Dina Sfat, em Os Gigantes. Eu era moleque, mas tenho as imagens gravadas na minha cabeça. Sempre que recebo um novo bloco de capítulos, me surpreendo com as reviravoltas e a extrema humanidade de Rudi. Torço toda segunda-feira, antes de ir para o estúdio, que, naquela semana, eu dê conta de contribuir, de alguma forma, para que o Rudi seja apresentado em sua real grandeza. Enfim, torço para que eu dê conta do recado, pois foi grande a confiança que Lauro e Ignácio Coqueiro (diretor) tiveram em mim. Sim, Rudi exige concentração e desprendimento. Às vezes, vou para o estúdio com uma ideia na cabeça e em cena tudo se transforma. Rudi requer flexibilidade e reverência ao texto. - Como é a repercussão do personagem com o público? - Isso nos surpreendeu muito, tanto a mim quanto à equipe. Rudi, por mais torto que seja, é um personagem querido pelo público, talvez porque as pessoas se reconheçam nas dificuldades apresentadas por ele. Ninguém nas ruas, até agora, atirou a primeira pedra em Rudi. É realmente interessante de se notar. - Você tem se aprofundado mais no tema das drogas para viver o Rudi? Como? - O tema das drogas, no caso de Rudi, encobre outros temas como carência, baixa estima e inveja. Me atentei mais a estes últimos para compor o primeiro. - Qual foi a sua preparação para compor o personagem? - Eu li bastante, assisti a bastante filmes, acho que o principal laboratório é você se observar e observar quem está à nossa volta, nossos melhores amigos, os não tão amigos assim, mas todo mundo está em busca de uma palavra sincera, de um pouco de afeto, eu acho que isso não difere o Rudi, por ele ser um cara que se droga, ser um cara que se joga de qualquer forma atrás de qualquer sensação. A droga no caso dele é uma consequência do buraco afetivo que ele tem por dentro. - Você acha importante mostrar um personagem que usa drogas em uma novela? Por quê? - De extrema importância, ainda acredito na televisão como veículo didático. Rudi não é um mau caráter, mas pode ser corrompido a qualquer instante por conta de suas fragilidades. A forma com que ele é apresentado e sua extrema carência o levam a tentar suprir essa dor através dos químicos (e quando digo químicos, incluo o álcool também). Quem não foi, é ou não esteve próximo de uma pessoa querida com semelhantes características? No caminho de Rudi pode haver uma redenção ou um desfecho trágico, não sabemos, mas de qualquer forma, um personagem como este leva à reflexão e isso eu acho bastante sadio. - A história do Rudi é complexa. Ele não tem o afeto da família e procura consolo nas drogas, além de colocar sua vontade de 'salvação' na Fernanda Lira (Paloma Duarte). Você concorda que isso pode ocorrer na vida real? Já acompanhou algum caso parecido? - Muitos, todos nós, temos um Rudi lá dentro. Todos nós temos nossas mazelas e dificuldades de convívio social e afetivo. Rudi é uma parcela de nós mesmos elevada à grande potência. É o fantasma, o incômodo, no qual, muitas vezes, colocamos panos quentes. - Quais as diferenças e igualdades de Petrônio com Rudi? - Nós somos dois caras que estão em busca de alguma coisa, algum tipo de realização. São duas pessoas que não estão paradas. A energia do Rudi é muito parecida com a minha energia de busca, de procura, de errar, errar e, de repente, acertar. Eu me identifico por ele não ser um cara estagnado, não estar acomodado. As diferenças... Eu acho que eu atualmente consigo ter momentos de mais tranquilidade do que ele porque ele é um cara absolutamente intranquilo. E, inclusive, ele me ajuda a compreender a dificuldade de se conseguir ser tranquilo hoje em dia. Eu expurgo um pouco neste personagem, eu chego em casa um pouco mais descansado, um pouco mais tranquilo. Hoje em dia, uma coisa que eu dou muito valor, em primeiro lugar, é a saúde que a tranquilidade pode nos oferecer, é uma coisa que eu estou muito em busca. Eu acho que o Rudi ainda não sacou isso... Ele ainda aposta todas as fichas em qualquer parada. Eu, não. - Como você vê, agora, o envolvimento do Rudi com o rival do seu irmão Tony, o Bruno (Marcelo Serrado). Isso vai ser bom ou ruim para o Rudi? Ele vai mudar a sua personalidade? - Acredito que seja bom para o ator e bom para o personagem. Eu explico: existe uma grande torcida para que Rudi se recupere, mas acredito que seu envolvimento com Bruno seja necessário para demonstrar como este tipo de vida a que o Rudi se entrega pode não ter bons resultados. Para mim, contracenar mais com Marcelo e poder apresentar de vez o lado mais sombrio de Rudi me enche de estímulo e alegria. Me emociono com Rudi a cada cena que leio. Estou feliz.