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Personalidade, do latim personalitate, formou-se a partir do etrusco...

...persona e define as características de cada indivíduo. Animais também têm personalidade e não se pode saber como eles são só de olhar o focinho, que vem do latim faucinu, declinação de fauce, garganta.

Deonísio da Silva Publicado em 15/06/2006, às 00h40

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Calar: provavelmente do grego khaláo, calar, pelo latim callare, baixar a voz, afrouxar a corda de um arco, baixar a vela. Calar é também, no sentido militar, ajustar a baioneta na ponta do fuzil, quando o soldado se prepara para o combate. Existe uma bonita concepção de calar no poema Silêncio Amoroso II, domineiro Affonso Romano de Sant'Anna (69): "Preciso do teu silêncio cúmplice/ sobre minhas falhas./ Não fale./ Um sopro, a menor vogal/ pode me desamparar./ E se eu abrir a boca/ minha alma vai rachar./ O silêncio, aprendo,/ pode construir./ É um modo/ denso/ tenso - de coexistir./ Calar, às vezes,/ é fina forma de amar." Antes, em Silêncio Amoroso I, o poeta já proclamara o valor de calar, mas sem citar o verbo, fixando-se no silêncio com estes versos: "Deixa que eu te ame em silêncio/ Não pergunte, não se explique, deixe/ que nossas línguas se toquem, e as bocas/ e a pele/ falem seus líquidos desejos./ Deixa que eu te ame sem palavras/ a não ser aquelas que na lembrança ficarão/ pulsando para sempre/ como se o amor e a vida/ fossem um discurso/ de impronunciáveis emoções."Focinho: do latim faucinu, declinação de faux ou fauces, garganta, para designar a parte da cabeça do animal que inclui a boca, as ventas e o queixo. O latim rostrum, rosto, também significa focinho, mas no latim tardio não era exclusivo de animais. Quando surgiu o provérbio "Cara de um, focinho de outro", a recusa de face e semblante para construir a expressão já trazia implícito o sentido pejorativo da aplicação. O grego kára, cabeça, cara em latim, deu origem a cara, em português, ensejando as expressões caradura, cara-de-pau, cara de poucos amigos, cara amarrada, cara de tacho, cara de quem comeu e não gostou, cara no chão, vergonha na cara e outras, com um séqüito de verbos de que são exemplos dar de cara, quebrar a cara, entrar com a cara e a coragem, meter a cara, livrar a cara, fechar a cara e passar na cara, esta última uma expressão de evidente conotação sexual, como está claro nesta passagem de A Falta que Ela me Faz, do escritor mineiro Fernando Sabino (1923-2004): "De um conde italiano a um marinheiro das profundas caldeiras do porão, de um gigolô marselhense a uma múmia egípcia, o que estiver disponível em forma de homem neste navio, a mamãe aqui há de passar na cara, não tem talvez." Judeu: do latim judaeu, declinação de judaeus, judeu, e do grego ioudaîos, ambos radicados no hebraico Iehudi, descendente de Iehudá, do nome do chefe de uma das tribos de Israel, que está nos albores do reino de Judá. O primeiro registro em português ocorreu no ano de 1018. Os hebreus passaram a ser chamadosjudeus depois da libertação do cativeiro da Babilônia, quando Zorobabel (século VI a.C.), que pertencia à tribo de Judá, começou a reinar ao reconduzi-los a seu país, após edito de Ciro II, o Grande (590/580-530 a.C.). A diáspora - palavra vinda do grego, significando dispersão - de que foram vítimas os judeus durou vários séculos e a conquista de um território para sediar a nação de Israel só ocorreu no dia 14 de maio de 1948, quando David Ben-Gurion (1886-1973) proclamou a independência, ao fim do mandato inglês na Palestina. Os judeus espalhados pelo mundo inteiro foram sintetizados no mito de Ahasvero, personagem lendário que teria recebido ordem de Jesus Cristo para andar pelo mundo até que Ele voltasse. Trata-se do "judeu errante", presente no poema do baiano Antônio de Castro Alves (1847-1871) intitulado Ahasverus e o Gênio: "Sabes quem foi Ahasverus?... - o precito,/ O mísero Judeu, que tinha escrito/ Na fronte o selo atroz!/ Eterno viajor de eterna senda.../ Espantado a fugir de tenda em tenda,/ Fugindo embaldeà vingadora voz! / Misérrimo! Correu o mundo inteiro,/ E no mundo tão grande... o forasteiro/ Não teve onde... pousar./ Co'a mão vazia - viu a terra cheia./ O deserto negoulhe- o grão de areia,/ A gota d'água - rejeitou-lhe o mar."Personalidade: do latim personalitate, declinação de personalitas, personalidade, palavra formada a partir de persona, pessoa, de origem etrusca, de onde procede também o adjetivo personalis, pessoal. No latim tardio, ao definirem as características que dão a cada indivíduo, os romanos fixaram também a distinção entre pessoa física e pessoa jurídica, creditando personalidade também a empresas. Persona designou originalmente não a pessoa, o indivíduo, mas o papel que cumpria no teatro, onde escondia a facies, face, atrás da persona, a máscara da figura que representava no palco. É do latim persona igualmente que procede o francês personne, que chegou à Gália no século XII. O primeiro registro de pessoa, no português, ocorreu no século XIII, e o de personalidade no século XIX, acolhida no Grande Diccionario Portuguez ou Thesouro da Lingua Portugueza (cinco volumes), de frei Domingos Vieira (?-1854), editado entre 1871 e 1874.