CARAS Brasil
Busca
Facebook CARAS BrasilTwitter CARAS BrasilInstagram CARAS BrasilYoutube CARAS BrasilTiktok CARAS BrasilSpotify CARAS Brasil

Contrastes de Istambul inspiram Paulo Borges

Cultura islâmica, moda turca e papo sobre a paternidade no roteiro do realizador do SPFW

Redação Publicado em 09/09/2010, às 17h12 - Atualizado em 13/09/2010, às 13h31

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Paulo diante da Mesquita de Ortakoy, na margem do estreito de Bósforo, que divide a Europa da Ásia. - CÉSAR ALVES/DIVULGAÇÃO
Paulo diante da Mesquita de Ortakoy, na margem do estreito de Bósforo, que divide a Europa da Ásia. - CÉSAR ALVES/DIVULGAÇÃO
O olhar esteticamente apurado de Paulo Borges (48), comandante há 15 anos do SPFW e há um do Fashion Rio, se debruçou sobre Istambul, escolhida Capital Cultural da Europa em 2010. O sócio da produtora Luminosidade retornou à maior cidade da Turquia após ter visitado o local há quatro anos, para conhecer a semana de moda de lá, a Istambul Fashion Week, que está em sua terceira edição, e aproveitou para rever os pontos turísticos. "Existem aqui lugares absurdos de lindos. A história é riquíssima. É uma cidade vibrante, que funciona de dia, de noite e de madrugada, as pessoas são divertidas...", enumera. A competência e seriedade dele foram reverenciadas durante sua estada. O brasileiro recebeu convite para participar de um painel sobre o espaço dos designers turcos no mundo fashion e conheceu empresários e estilistas, como a renomada Bahar Korçan (47), que fez o vestido do casamento na Turquia da atriz brasileira Daniela Escobar (41) com o empresário Marcelo Woellner (41), em 2009. Borges também foi cumprimentado em português pelo ministro do Comércio Exterior do país, Zafer Çaglayan (53). "Uma amiga me disse que para a gente conhecer de verdade uma cidade tem que ser bem recebido e estar acompanhado de pessoas que saibam a dinâmica do lugar. Quando vim a Istambul pela primeira vez, foi uma visita quase corporativa, sem cair na vida real. A cidade que conheci hoje é muito mais interessante. Realmente, faz total diferença estar com alguém que tenha todas as conexões certas", elogia ele, referindo-se à turca Berna Ayata (38), diretora de eventos da Serendipity International Business Agency, que promove negócios entre empresas dos dois países e o turismo. - Há cerca de 30 anos você lida com moda. Isso o torna uma pessoa muito exigente? - Quando você encontra na vida a possibilidade de trabalhar no que gosta, os adjetivos exigente, obsessivo, intransigente, dedicado passam a ficar em segundo plano, porque você faz tudo com a alma. E aí o trabalho vira uma missão na vida, não é um peso, nem tem um desgaste. Moda para mim é um código, não é roupa. Roupa é um instrumento para a moda. - O que você está vendo na Istambul Fashion Week? - Sinto que por enquanto ainda há uma força comercial muito grande na IFW, algo voltado para o showroom. Mas os desfiles devem ter uma intenção primordial, que é a de construir o desejo, a imagem, o perfume e a alma da moda. A coleção de Bahar Korçan foi uma surpresa. A apresentação aconteceu em um teatro, superbem pensado, as modelos tinham cabelos lindos, componentes dramáticos. Ela é uma designer preocupada com o sonho. - Seu filho, Henrique, vai fazer 5 anos. O que a paternidade modificou na sua vida? - A paternidade, ou a maternida, é uma mudança tão profunda, orgânica, que é quase imperceptível. Há coisas minhas que ficaram mais expostas. Estou mais calmo do que era, mais paciente, perseverante. Para ensinar uma criança você tem que falar um milhão de vezes a mesma coisa, precisa saber dizer não, sim, obrigado, ter educação, porque agora é responsável por passar exemplos. - Você é paulista e o adotou na Bahia. Algum motivo especial? - Costumo falar que sou negro do avesso. Tem uma alma africana forte em mim. Então, há 12 anos, escolhi a Bahia como minha terra. Tenho apartamento e amigos em Salvador. Por que não adotar um filho naquele estado? - Ele sente falta de uma mãe? - Na verdade, tem duas "mães": minha governanta, Cristina, e minha irmã, Graça. Henrique diz: "Vamos brincar de mamãe e filhinho?". Mas faz isso já entendendo a falta de uma figura materna. E, de maneira muito natural, tento mostrar qual é minha vida. Ele sabe que sou homossexual, mas não compreende exatamente o que é isso. Henrique já conhece meu namorado. No começo, achou meio estranho. Daí, falei: mas quem disse que homem só pode namorar uma mulher e mulher, homem? Tudo pode. E ele ficou pensando...