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Pássaro, do latim vulgar passaru, modificação do latim...

...culto passer, pardal, inicialmente designava só aves pequenas. Talvez por isso não tenha sido o termo escolhido para a construção dos vocábulos avião e aviação, criados a partir do latim avis, que também significa pássaro.

Deonísio da Silva Publicado em 24/08/2007, às 11h46

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Aviação: do francês aviation, palavra criada pelo escritor Gabriel de La Landelle (1812-1886) e pelo jornalista, fotógrafo e caricaturista Félix Nadar (1820-1910), ambos franceses, a partir do latim avis, ave, pássaro. Foi impressa pela primeira vez em julho de 1863. As mesmas bases latina e francesa serviram a Clément Ader (1841-1926) para forjar o vocábulo avion, avião. Nadar foi o primeiro a tirar fotografias aéreas, ao sobrevoar Paris, em 1858, num balão de ar quente de 6 mil metros cúbicos, chamado Le Géant (O Gigante), e inspirou o escritor Júlio Verne (1828-1905) a escrever Cinco Semanas em Balão. Os dois fundaram uma sociedade de apoio a inventores de meios de locomoção aérea mais pesados do que o ar. O fotógrafo também cedeu seu estúdio para exposições de impressionistas como Claude Monet (1840-1926), Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) e Paul Cézanne (1839-1906), que eram muito combatidos na época. Nome: do latim nomine, declinação de nomen, nome, palavra que designa pessoas, lugares, coisas. Várias curiosidades estão ligadas a certos nomes. O frade e escritor Frei Betto (63), ex-assessor do presidente da República, que estava no vôo que pousou no Aeroporto de Congonhas minutos antes daquele que resultou na maior tragédia da aviação brasileira, cunhou recentemente o neologismo aeronome, relativo à denominação de alguns aeroportos do país. Congonhas, por exemplo, é plural de congonha, erva-mate no tupi-guarani congõi, da raiz cong, engolir. Cumbica, como é conhecido o Aeroporto Franco Montoro, em Guarulhos, tem origem controversa. É nevoeiro no tupi-guarani ou variação de cumbeca, vapor, cachaça. Pampulha, nome original do Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, em Belo Horizonte, era um bairro de Lisboa, provavelmente em homenagem a uma família imperial romana que está na origem dos célebres Pamphili, que deram vários cardeais, incluindo o papa Inocêncio X (1574-1655). Confins, apelido do Aeroporto Tancredo Neves, também na capital mineira, veio do latim confinis, vizinho, porém próximo à fronteira de latinfúndios, portanto quase no fim do mundo. Em Campinas (SP), o Aeroporto Mário Covas continua sendo chamado pelo nome do bairro em que foi construído, Viracopos, denominação que, segundo o professor Luiz Antônio Sacconi, no livro Não Erre Mais, se deve ao fato de ter havido ali uma zona de meretrício, local de baderna, onde todas as noites eram viradas mesas e copos. Frei Betto manifesta-se igualmente inconformado com a vinculação dos nomes de aeroportos a personalidades que tiveram mortes trágicas: no Rio, Santos Dumont (1873-1932), que se suicidou; em Porto Alegre, Salgado Filho (1888-1950), morto em desastre aéreo; em Brasília, Juscelino Kubitschek (1902-1976), que tinha medo de avião e faleceu em desastre rodoviário; em Fortaleza, Euclides Pinto Martins (1892-1924), que se matou diante da amante; em Maceió, Zumbi dos Palmares (1655-1695), decapitado. Mas o frade congratula-se com o nome do aeroporto de Goiânia: "Chama-se Santa Genoveva, francesa que morreu de morte 'morrida' em 500. Padroeira de Paris, protege os seus devotos de epidemias, pragas e desastres. Peço a Deus que ela inclua os aéreos entre os alvos de sua proteção". Pássaro: do latim vulgar passaru, modificação do latim culto passer, pardal, ave que chegou ao Brasil em 1906, mesmo ano em que o brasileiro Santos Dumont inventava o avião e a palavra aeroporto, em Paris. Designou originalmente ave pequena, mas a imaginação popular criou o diminutivo passarinho para estas, deixando pássaro para as graúdas. Os primeiros modelos de avião foram inspirados em aves de tamanho descomunal, como o albatroz, palavra que chegou ao português vinda do árabe al gattâs, mergulhador, e foi escrita originalmente alcatraz, designando o pelicano. Teco-teco: de origem onomatopaica, reproduz o ruído do motor do pequeno avião. Onomatopéia veio do grego onomatopoiía, pelo latim onomatopeia, palavras que designam nomes pela imitação do som da coisa significada, como au-au (voz do cachorro) e miau (voz do gato). Quando comparados com um Antonov, gigantede 88 metros de comprimento e 18,1 metros de altura, os teco-tecos são diminutos. O piloto designado para o vôo inaugural do Antonov 225 Mriya, o maior do mundo, com seis turbinas, chegou a desconfiar de sua eficiência: "Um troço desses não tem como sair do chão". Mas ele saiu. Desde então, onde pousa torna-se atração. Construído durante a Guerra Fria, é hoje utilizado para o transporte de cargas, mas, se necessário, pode acomodar 1500 soldados em seu ventre de baleia.