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Parceiro que está com pai ou mãe enfermo merece suporte emocional

Célia Horta Publicado em 14/02/2008, às 18h15

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Célia Horta
Célia Horta
Sogro ou sogra doentes podem desencadear uma crise importante no casal, sobretudo quando a relação entre genros e sogros já não era boa. O exemplo é conhecido: o pai ou a mãe de seu parceiro ou de sua parceira vêm perdendo a autonomia e passando a necessitar de cuidados físicos. Por isso, você tem de se reorganizar, já que as prioridades mudam e outra rotina se instala. Pode haver desdobramentos extras, como clima de preocupação, visitas ou pernoites no hospital, gastos não previstos no orçamento doméstico, providências burocráticas e arranjos na distribuição de obrigações. Para piorar, o casal diverge sobre como conduzir a situação. Alguns acreditam que, não fosse a doença, estaria tudo certo. Não é bem assim. Veja que no início usei o termo "desencadear" e não "causar". Genros e noras precisam dar-se conta de que a pessoa cuja saúde declina não é culpada pelas desavenças. Apenas deflagrou dificuldades que já existiam na relação do casal e da família. Nessas horas, aparecem conflitos mal resolvidos no passado. Uma nora que já não se dava bem com a sogra talvez estará menos disponível para se solidarizar com o marido. Este também age com base no padrão de vínculo que tem com a mãe. Pensemos, por exemplo, na mãe ou no pai que nunca ficaram satisfeitos com a nota 8 da prova escolar ou com amedalha de prata da natação do filho, sempre esperaram que ele atingisse a perfeição. De outro lado, há filhos que, independentemente do que fazem, se sentem em dívida e carregam tal padrão de vínculo com os pais na vida adulta. No dia-a-dia, esse quadro pode não representar maiores problemas; mas, quando vem a doença, é esperado que o filho também se sinta exigido e em dívida quanto aos cuidados com os progenitores, não importando se as cobranças são externas ou internas. Dificuldades que foram sendo empurradas até o passado recente já não dão conta agora de continuarem despercebidas. De qualquer forma, o desacordo deve ser discutido só entre o casal. Se as rusgas são antigas, é hora de genro ou nora relevar e tentar aliviar o sofrimento do parceiro. Alguns me perguntam se uma aproximação com o sogro ou a sogra não vai soar falso, uma vez que "a relação nunca foi razoável". É bom pensar que situações novas pedem comportamentos novos. Ainda que seja um esforço enorme, sua disponibilidade interna poderá estreitar a relação do casal, possibilitando até opinar sobre detalhes com os quais você não concorda. Mas cuide para apontar soluções e não problemas. Pense que a pessoa que você ama está mais triste ou irritada porque passa por um período difícil; afinal, não é fácil a inversão no relacionamento de pais e filhos, em que aqueles que cuidaram no passado venham a precisar de cuidados. É por isso que a relação de casal que se propõe a ser horizontal merece certa verticalização. Em outras palavras, há circunstâncias na vida marital em que é preciso esquecer aquela idéia de troca, via de regra tão favorável nos relacionamentos, e pensar que, ao menos temporariamente, você está em melhores condições de dar apoio do que de receber. Uma das características mais importantes de uma boa relação é a capacidade de dar suporte ao outro. Todos precisamos, em algum momento, de conforto, do famoso colo. Se essa é a hora de você ser arrimo emocional do casal, aproveite os obstáculos que a vida impõe para transformá-los em um diferencial positivo no casamento. Dê o colo.