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Para ter uma relação harmônica, parceiros precisam se complementar

Redação Publicado em 17/07/2012, às 13h44 - Atualizado em 26/07/2012, às 11h59

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Na música Tanto Amar, Chico Buarque (68) diz: “É na soma do seu olhar/ Que vou me conhecer inteiro:/ Se nasci para enfrentar o mar,/ ou faroleiro”. Essa dúvida — se somos marinheiros ou faroleiros — atravessa muitos momentos de nossa vida e de nossos amores. Oscilamos entre a aventura do mar e a segurança do farol e costumamos ver essas alternativas como coisas que se excluem: ou agimos com o coração, enfrentando os riscos sem muito pensar, ou, a mando da razão, optamos pela cautela. É difícil perceber que às vezes as conquistas das aventuras estão vinculadas à segurança da razão.

Para que você entenda o que quero dizer, vou compartilhar aqui um momento de epifania, ou seja, um momento de percepção intuitiva de uma realidade por meio de algo simples e inesperado que ocorre em uma situação corriqueira. Meu filho, então com menos de 2 anos, estava sonolento e inquieto, como é frequente acontecer às crianças. Peguei-o no colo, sentei-me e segurei-o com firmeza. Ele logo adormeceu. Ali fiquei, sentindo uma paz imensa. Nada me preocupava nem me faltava. Bastava agarrá-lo firmemente e assim transmitir-lhe segurança. Foi uma sensação inesquecível de plenitude, mas também intrigante, pois parecia que aquela situação não deveria me levar a tanto. Esperei que seu sono se aprofundasse e, com pena de estar me afastando dele, coloquei-o na cama.

Como o faroleiro, que com sua luz dá segurança ao navegador, eu dava conforto e segurança ao sono de meu filho mantendo-o no colo. Por outro lado, uma pessoa sentada, quieta, sem ter que se mover está, em momentos como esse, vivendo a grande e mágica aventura amorosa de cuidar de um filho. Um marinheiro precisa do farol para se orientar e a presença dele no mar dá sentido ao trabalho do faroleiro. Sem os navegadores, o trabalho de quem cuida do farol é inútil. Da mesma maneira, é na simples existência do filho que nosso potencial de paternidade e maternidade se realiza de forma plena.

Em momentos como o que descrevi, somos simultaneamente navio e farol. Nem sempre precisamos escolher entre o caminho do coração e o da razão. E o melhor é balancear nosso cotidiano entre momentos de atrevimento e pausas para reflexão e serenidade.

Homens e mulheres realizam grande parte de sua vida no encontro do parceiro ou da parceira atendendo ao mesmo impulso instintivo que depois nos orienta a ter filhos, amá-los e cuidar deles. A complementação que precisa existir em uma relação de amor pode ser vista como semelhante à parceria entre o navegador e seu farol. Em um casal, enquanto um se aventura o outro cuida da segurança. Um é mais ousado, o outro mais cuidadoso. Quando necessário, um luta, enquanto o outro pondera.

Tais papéis podem se inverter, mas fica a noção da complementariedade. Para que o equilíbrio da relação se mantenha,  ela é fundamental. A troca de papéis nos permite viver esses aspectos aparentemente contraditórios. Por isso, quando procuramos um parceiro devemos ter em conta que precisa ser complementar a nós, aí reside o valor do casal. A sabedoria está em procurar alguém que tenha as qualidades que nos faltam. Neste encontro mora a felicidade.