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Para a OMS, circuncisão ajuda a diminuir o risco de contrair aids

Maurício Hachul (CRM 62.234). Publicado em 28/06/2007, às 11h59 - Atualizado em 21/01/2013, às 14h14

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Maurício Hachul
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu a circuncisão, ou seja, a retirada do prepúcio por meio de cirurgia, em seu pacote de recomendações para prevenção e combate à aids. O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) informa que o procedimento pode reduzir em até 60% os casos de transmissão do vírus HIV das mulheres para os homens. No Brasil, a medida vem sendo analisada pelas entidades médicas. Cerca de 1 mil urologistas, por exemplo, a discutiram em congresso no município paulista de Campos dos Jordão. Vêm sendo publicados faz muito tempo artigos dando conta de que os homens que apresentam fimose - estreitamento do prepúcio, que dificulta ou impede a exposição da glande - ou têm excesso de prepúcio estão mais expostos às doenças sexualmente transmissíveis, como papilomavírus (HPV), sífilis, cancro mole e aids. Mas eles eram criticados pelo fato de não se basearem em pesquisas científicas e, pois, carecerem de consistência. Agora, dois estudos científicos realizados na África Subsaariana - onde estão 25 milhões das 40 milhões de pessoas contaminadas com o vírus da aids no planeta- comprovaram a proposição. A primeira constatou uma queda de 60% nos níveis de contaminação em homens após a circuncisão. A segunda, realizada por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, foi publicada em fevereiro pela revista médica inglesa Lancet. O estudo acompanhou por dois anos 4996 homens de 15 a 49 anos, não portadores do HIV, em Rukai, distrito de Uganda, sendo 2522 circuncidados e 2474 não circuncidados. Questionados, um terço deles revelou que teve duas ou mais parceiras no período e 42% não usaram preservativos em suas relações sexuais. Os pesquisadores constataram que, anualmente, em cada grupo de 100 não cincuncidados, 1,33 contraiu HIV, enquanto entre os cincuncidados esse número foi de 0,66. A conclusão, claro,é de que quem fez circuncisão teve o risco de contrair HIV diminuído pela metade. O mecanismo é o seguinte. Quando se expõe o prepúcio, vê-se que entre a glande e ele, na porção inicial do corpo do pênis, há uma camada de coloração diferente. Ela se constitui de um tecido específico, mais frágil, por onde microrganismos como vírus e bactérias penetram facilmente. Ao se realizar a circuncisão parte desse tecido é retirada e a camada externa da região passa a exibir células queratinizadas, que são mais resistentes e protegem bem mais. A circuncisão é indicada só a portadores de fimose ou de excesso de prepúcio, fenômenos que podem causar dor e interferir na qualidade das relações sexuais. Pode ajudar também na prevenção das outras doenças sexualmente transmissíveis e até do câncer de pênis, moléstia que mutila todo ano em torno de 1 mil homens sobretudo no Norte e no Nordeste do país. O câncer deve-se às inflamações constantes no órgão por falta de higiene. A doença, aliás, será tema em breve de uma campanha da Sociedade Brasileira de Urologia. Mas os homens que fazem circuncisão não podem deixar de usar camisinha, ainda a única maneira eficaz de se proteger do vírus da aids. Pais cujos filhos nascem com fimose, vale destacar, não devem se preocupar muito: a maioria dos bebês apresenta o problema, que em geral se resolve até os 3 anos de idade. Caso isso não ocorra, devem levá-lo ao pediatra e a um urologista. Adultos que tenham dúvida se a circuncisão se aplica ou não ao seu caso, também devem consultar um urologista. Só ele é capaz de fazer o diagnóstico correto e, se necessário, indicar o tratamento.