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Ocultação, do latim occultatio, é o que se faz com as imperfeições...

...de atores e cenários que aparecem na telinha. A TV de alta definição vai exigir disfarces melhores para iludir â¬" do latim illudere, enganar. Mas vai alegrar a economia, que projeta altas vendas de aparelhos.

Deonísio da Silva Publicado em 08/03/2006, às 17h15

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Decodificador: alteração da forma vulgar "descodificador", aparelho que decifra código de sinais. Código veio do latim codice, tronco de árvore, tabuinha para escrever. Passou depois a designar conjunto de coisas escritas, como leis. Muito conhecido é o decodificador junto ao televisor, que decifra os sinais que chegam a cabo. Dos brasileiros, 93% têm ao menos um aparelho de televisão em casa; e 87,4%, geladeira. Esta é colocada na cozinha, na copa ou até num corredor ou desvão de escada; televisor e decodificador ocupam lugar de honra na sala. Geladeira pode ser antiga; a telinha, não. Em 2005 as lojas brasileiras venderam 9,8 milhões de televisores. As vendas serão reaquecidas com a televisão digital, de alta definição. Os aparelhos terão espessura muito menor, sem "caixa de marimbondos" atrás, embora ainda se precise do decodificador para transformar os sinais. No ano passado, em relação a 2004, houve crescimento de 500% nas compras de televisores de cristal líquido. Mas só 58 000 brasileiros os compraram. Um dos modelos custava 270 000 reais! Os preços caíram. Outro modelo, de 30 000 reais, agora custa 9 000 reais. A indústria calcula vender 230 000 aparelhos até 2008. A Copa do Mundo, no meio do ano, na Alemanha, em alguns países já poderá ser assistida em TV digital. Garantia: do francês garantie, garantia, ato ou palavra com que é assegurado o cumprimento de obrigação, promessa, compromisso. Designa, na indústria moderna, documento que atesta ser bom o produto que o consumidor adquiriu e que o fabricante se responsabiliza por repará-lo ou substituí-lo em caso de defeito, durante certo período. Nos alimentos, a garantia indica o prazo de validade. Infelizmente, não há o mesmo recurso para políticos. Os eleitores votam em um candidato e ele muda de partido sem consultá-los. E os eleitores só podem trocar de quatro em quatro anos, exceto no caso dos senadores, cujo mandado é de oito anos. Ilusão: do substantivo latino illusione, declinação de illusio, formado a partir da forma verbal illusum, do verbo illudere, enganar em ludus, jogo, brinquedo. O vocábulo foi registrado pela primeira vez na língua portuguesa no século XIII, escrito ilusiom na Crônica da Ordem dos Frades Menores (1209-1285): "Começou frey Amtonio a torçer a boca e a cara avoreçiuelmente por ilusiom diabólica", trecho que transcrito hoje ficaria assim: "Começou frei Antônio a torcer a boca e a cara aborrecidamente, por ilusão diabólica." Ao aprender português, as crianças brasileiras, semelhando girinos da língua, retomam antigas formas medievais de escrever. Atores, atrizes e produtores de nossas famosas telenovelas podem fazer como o escritor francês Honoré de Balzac (1799-1850) e dar adeus às ilusões perdidas: com a televisão digital, muitos disfarces, até então despercebidos, ficarão nítidos e ridículos, como paredes de tijolos feitas de papel pintado ou maquiagem carregada demais para encobrir imperfeições no rosto. Ocultação: do substantivo latino occultatione, declinação de occultatio, ocultação, como se faz com a semente, escondida sob a terra para germinar. Se não brota, ocorre com ela algo semelhanteà ocultação de cadáver, crime tipificado em lei, ainda que se trate de esconder corpo sem vida. Nem sempre a ocultação é crime: a Lua encobre alguns astros, não como o Sol, cujo brilho intenso encobre o de outras estrelas, mas interpondo-se entre o observador e o astro. Cultuar, aculturar e inculto têm a raiz de ocultar. Penhora: derivado do verbo penhorar, do latim medieval pignorare, dar em penhor, do latim pignoris, declinação de pignus, termo jurídico para garantia dada pelo devedor. No latim clássico é pignerare. José Pedro Machado (1914- 2005) informa em seu Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa que em 1097 a palavra, no português escrito, indicava apreensão de bens, determinada por ordem judicial, para pagamento de dívida ou obrigação. O masculino penhor, designando também garantia, que está presente na língua portuguesa desde o século XII, aparece no Hino Nacional Brasileiro: "Se o penhor dessa igualdade conseguimos conquistar com braço forte,/ em teu seio, ó liberdade, desafia o nosso peito a própria morte." No português rebuscado empregado por Joaquim Osório Duque Estrada (1870-1927), conquistar tem sentido de resgatar, a sugerir que a independência libertava a pátria penhorada. O dicionário Aurélio, no verbete penhor, troca equivocadamente Joaquim por Francisco, o compositor da música do hino, Francisco Manuel da Silva (1795-1865). Tarifa: do substantivo italiano tariffa ou do francês tarif, ambos radicados na forma com que os argelinos pronunciavam o árabe ta'rif, notificação, do verbo Harraf, informar, dar a conhecer. Tarifa, que originalmente significava lista de preços, é imposto de importação em geral cobrado em portos, aeroportos, e preço de serviços como fornecimento de energia elétrica, correio, transportes.