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O reencontro de Christina com as suas telas

Dez meses após enterrá-las no Caminho de Kumano, no Japão, ela comenta a ação da natureza

Redação Publicado em 23/12/2009, às 19h32

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Christina oferece o quadro Dália ao monge Ietaka Kuki, no Kumano Hongu Taisha, espécie de templo. - Yauyoki Urano
Christina oferece o quadro Dália ao monge Ietaka Kuki, no Kumano Hongu Taisha, espécie de templo. - Yauyoki Urano
A artista plástica Christina Oiticica (57) refez sua peregrinação dez meses após deixar 15 quadros enterrados no solo do Sagrado Caminho de Kumano, no Japão. Dessa vez, para retirar e expor as telas inspiradas no trabalho do pintor Itô Jakuchù (1716-1800), que retratava flores, pássaros e peixes. Logo no primeiro local, onde ficaram três obras, a mulher do escritor Paulo Coelho (62) foi tomada por uma grande ansiedade. "O primeiro quadro que retirei, o Hibisco, o maior de todos, estava completamente destruído por causa da umidade. O Caminho ficou com a maior parte dele e não deu para recuperar. Do segundo, As Três Flores Azuis, só consegui resgatar um pedacinho. E olha que as telas eram de juta, um material muito resistente. Mas pude aproveitar o último, O Caminho, apesar de bem danificado. Descobri que o lugar em que estavam serve para plantar arroz, a terra é muito molhada", explicou Christina que, desde 2002, utiliza a técnica de buscar a interferência da natureza nas suas pinturas. No fim da viagem de nove dias, ela montou a exposição Kumano-Kodo Caminho da Mãe Terra com 13 telas em Hongu, cidade onde termina a peregrinação pela região japonesa. - Quando viu as telas destruídas, ficou assustada? - Fiquei nervosa, porque não sabia o que iria encontar e já estava tudo pronto para a exposição, com molduras preparadas e data mar cada. Mas, no segundo local, o susto passou. Fiquei muito feliz quando desenterrei o quadro Girassóis. Estava bem trabalhado pela natureza e muito bonito. - Trabalhado de que forma? - Sofreu uma forte interferência da natureza. Tinha raízes e a cor da terra do Caminho ficou muito misturada ao trabalho. O fundo dos quadros que levei era dourado e o solo de lá é quase dessa cor. - É sempre tão emocionante o resgate dos trabalhos? - É surpreendente, sim, porque você não sabe o que vai encontrar quando volta para pegar as telas. Por exemplo, não esperava que aquelas duas obras ficassem tão destruídas. Nem quando enterrei na Amazônia, que é muito úmida, minhas obras foram danificadas desse jeito aqui. - Mas tudo deu certo, não? - Tudo se encaixou muito bem. Antes de viajar, eu havia sonhado com crianças. Coincidentemente, foi um grupo de pequenos estudantes que viu a exposição pela primeira vez, na abertura. Essa viagem foi especial, maravilhosa.