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O que é edema de Reinke, doença cujo sintoma básico é rouquidão

Maria de Fátima Pereira de Carvalho Publicado em 22/02/2007, às 17h09 - Atualizado em 30/01/2013, às 15h18

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Maria de Fátima Pereira de Carvalho
Maria de Fátima Pereira de Carvalho
As cordas vocais, ou pregas vocais, como hoje são chamadas, são uma estrutura em forma de "V" localizada na laringe. Cada uma se constitui de um tecido elástico recoberto por uma mucosa. Ao respirarmos, as pregas vocais se abrem para a passagem do ar e não produzem som; quando falamos, de outro lado, elas se fecham quase totalmente e vibram, o que dá as características de nossa voz. Existe uma região abaixo do epitélio da mucosa das pregas vocais que é chamada de espaço de Reinke, em homenagem ao anatomista alemão Friedrich Reinke (1862- 1919), que o descreveu. O edema de Reinke, também em homenagem ao anatomista, caracterizase pelo acúmulo excessivo de líquido no espaço de Reinke. À medida que o fluido se acumula, o espaço alarga, a ponto de, nos casos extremos, se tornar abaulado como uma bola de futebol americano. Embora não tenhamos estatísticas, o edema é uma doença freqüente em tabagistas. Em geral atinge as duas pregas vocais. Manifesta-se em especial entre os 40 e os 50 anos. De acordo com a literatura, atinge igualmente os homens e as mulheres. Mas o dia-a-dia nos consultórios mostra que ocorre praticamente apenas nas mulheres. O sintoma é rouquidão. De início ele se manifesta de vez em quando, mas aos poucos se torna crônico e progressivo. A causa do edema de Reinke é uma irritação intensa, crônica, provocada pelo tabagismo. O fenômeno normalmente surge quando a pessoa abusa da voz, seja falando demais, seja gritando durante horas em um show ou no campo de futebol. Desencadeador importante é ainda o refluxo gastroesofágico. Nesse caso, pode haver também pigarro e sensação de que há algo parado na garganta. A doença, felizmente, não causa maiores problemas para boa parte dos portadores. Ao contrário: até cria uma rouquidão que torna a voz aveludada, sensual, interessante. Ela se transforma numa espécie de marca registrada, na qual preferem não interferir. Mas mulheres que se tornam muito roucas, a ponto de sua voz ficar parecida com a masculina e ser confundida ao telefone e em outras situações, se sentem diminuídas, com a auto-estima prejudicada. E mais: nas situações mais graves, segundo a literatura, existe a possibilidade de um edema volumoso fechar completamente a laringe, causando insuficiência respiratória. O ideal, claro, é que as pessoas consultem um otorrinolaringolista quando têm qualquer alteração de voz, porque pode ser sintoma de outras doenças, como "calo" de pregas vocais, lesões infecciosas e inflamatórias, lesões pré-cancerígenas e mesmo câncer. Além do mais, embora raro, é possível haver um câncer oculto sob o edema de Reinke. Os otorrinolaringologistas estão disponíveis em praticamente todo o Brasil. Boa alternativa são os departamentos específicos das Faculdades de Medicina existentes nas capitais e em muitas cidades grandes país afora. O tratamento do edema de Reinke consiste, de início, em parar de fumar, tratar do refluxo e reeducar a voz com fonoaudiólogo. Depois, é fundamental fazer fonoterapia. São exercícios com fonoaudiólogo que estimulam a absorção do líquido pelo organismo. O objetivo, nesse último caso, é controlar a doença, ou seja, interromper sua progressão, já que ainda não existe um tratamento clínico que elimine totalmente o edema. Utiliza-se cirurgia, finalmente, nos casos de edema muito grande, que pode fechar a laringe, ou quando a voz da mulher ficou "masculinizada", desagradável, a ponto de interferir em sua auto-estima. Opera-se também quando há suspeita de lesão pré-maligna ou de câncer. O ato cirúrgicoé realizado em hospital com anestesia geral. Consiste em fazer uma incisão nas pregas e aspirar o fluido ou - quando já endureceu- retirá-lo com pinça. Então, tanto se pode cauterizar o corte com laser como só repor a mucosa sobre o local que a região se regenera. Quem se submete à cirurgia, enfim, precisa fazer reeducação vocal com fonoaudiólogo.