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O "personal paquera" ajuda no início. A conquista vem depois

Paulo Sternick Publicado em 11/07/2008, às 12h39

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E curioso. Quando existe euforia, quase sempre ela "convence" que todos devem participar, sob pena de perderem um mundo maravilhoso. É lógico que não é bem assim, pois as pessoas têm preferências diferentes. Mesmo entre os jovens, há quem não aprecie barulho e agitação, escolhendo programas mais cults, mesmo os que não dispensem esquentas ou prés, encontros nos quais amigos conversam e bebericam antes de sair para a night. Em reuniões, barzinhos e cineclubes, a afinidade ocorre de forma mais seletiva, com mais conteúdo, sem intolerância com a dificuldade de paquerar. Mas muitos se aventuram nas baladas, que acenam com diversão e conquista, e os que não participam delas, muitas vezes porque não têm jeito para a azaração, podem cultivar a angústia de ficar excluídos de uma festa na qual todos seriam muito sociáveis e vitoriosos. São para essas pessoas meio perdidas e sem jogo de cintura e bom humor para o flerte que surgiram profissionais especializados em ajudar a desinibi-los. Sem se preocupar com o fato de que a balada não é lugar privilegiado para se encontrar um par estável - as estatísticas apontam como mais indicados locais de trabalho e estudo -, o "personal paquera" promete ensinar a arte da sedução em "workshops" e aulas práticas, indo com os "alunos" às casas noturnas. Pode ser picante e divertido para uns, mas para outros é uma tortura. Claro. Algumas vezes os amigos podem exercer essa função "didático-erótica" junto a alguém mais "desajeitado", dando toques sobre roupas, o jeito de agir ou dar uma "força", reparando se está dando "mole" e até promovendo uma aproximação. Mas não há fórmulas ou receitas indiscriminadas. Mesmo que uma ajuda possa influir na conquista, porém, todo o problema é o que vai ocorrer depois. Já imaginaram namorar com alguém dizendo a cada momento o que fazer? Pois a questão reside no seguinte: era só um problema de abordagem ou o pombinho vai se atrapalhar nos passos seguintes, nos meandros do amor? Então podemos nos deparar com a surpresa de que há uma subjetividade por trás dos problemas; há uma personalidade que pode estar apta a desenvolver contatos mais íntimos ou não. Se o "buraco das dificuldades for mais embaixo", o "personal paquera" teria a mesma utilidade de um "band-aid" para uma pessoa sofrendo de um tumor que necessita de cirurgia. Nesse caso, a cirurgia é uma terapia consistente. Agora estamos diante de dois problemas: o pombinho com inibição para paquerar e, em certas situações, as fórmulas falsas para ajudá-lo. Isso nos remete ao mundo mágico de hoje, cheio de truques para dissolver impasses e atender a desejos num piscar de olhos. É sempre conveniente atentarmos para o mundo em que vivemos. Na atualidade, as coisas têm de funcionar, caso contrário deve existir algo ou alguém que as repare rapidamente. Ou seja, temos de participar desse ambiente que nos surge pela mídia, desse clima fantástico que imaginamos a partir do que vemos à nossa volta. Se não, algo está errado. Não faz mal, a crença é a de que há um remédio, um botão, um carro maravilhoso, uma roupa de grife, ou um "personal" que pode resolver a falta rapidamente. Seria ótimo se fosse real. Mas não somos máquinas e não raro precisamos examinar mais a fundo por que estamos aquém do que teríamos capacidade, atravessando um processo de evolução, que nos tempera como humanos.