O ENDEREÇO CARIOCA DE ANA MARIA

por Bianca Portugal Jogada em sua cama, vestindo calça de pijama com corações, uma de suas peças preferidas, Ana Maria Braga (59) mostra-se ligada ao cotidiano de uma donade- casa comum. "Sabia que esse supermercado aqui atrás funciona 24 horas?", perguntou, empolgada. Em seguida, ainda usando roupa de dormir e com a calma de quem não se sente uma celebridade, mas apenas uma amiga que entra na casa das pessoas diariamente, a apresentadora se levanta, pega um balde e sai pelo corredor do Hotel Sheraton, na Barra, Rio, em busca de gelo. Dona de um suntuoso tríplex no Morumbi, em SP, há um mês ela mora em um flat de dois quartos. Mas mostra que não sente dificuldades em se adaptar à nova vida. "Chega a ser engraçado, né?", diz, olhando a cozinha com fogão de duas bocas e frigobar em vez de geladeira. Paulista de São Joaquim da Barra, Ana Maria nunca pensou em morar no Rio, mas há nove anos, quando foi contratada pela Globo, desejava ter um estúdio só para si. Acaba de realizar o sonho e mudou-se para a Cidade Maravilhosa. Há duas semanas ela finalmente estreou a nova casa do Mais Você, no Projac. Só que não vem sendo fácil, principalmente devido à distância do marido, o empresário Marcelo Frisoni (38). "É a primeira vez que dormimos separados desde que nos casamos, há um ano. Sinto saudades", confessa. - Como é ficar longe dele? - Não acho bom o exercício da solidão. Só estamos separados por necessidade. Marcelo vem toda semana e nos finais de semana vou para São Paulo. Vamos controlando, mas não é fácil. Ele entendeu que, se é bom para a minha carreira, é bom para nós. Também nunca fiquei longe da família, mas meus filhos não moram mais comigo, então é mais fácil. - Por que morar em um flat? - Porque é estranho chegar em uma cidade desconhecida. Ainda não sei quais são as minhas necessidades. Nos últimos meses fiquei em diferentes hotéis e cronometrei quanto tempo levava até o Projac. Meu programa é ao vivo. Tenho que estar no local do trabalho até 6h15 para me arrumar e passar texto. - Vai comprar uma casa? - Não. Talvez alugue uma. Não vou ficar em flat para sempre, mas preciso de um tempo. É uma questão de coerência comigo mesmo. - O flat tem vantagens, como os funcionários, por exemplo? - Para mim não porque gosto das coisas do meu jeito. Aqui eles são uns amores, mas é impessoal. Não encontro a arrumadeira nem para reclamar nem para elogiar. - Já mudou a decoração? - Trouxe uma manta para o sofá, minha cafeteira... poucas coisas. - Qual o seu kit básico? - Roupa de cama e de banho, porque isso é muito pessoal. Também trouxe talher e umas duas panelas para fritar um ovo, por exemplo. E claro, meu computador, roupinhas e fotos dos filhos. - Tem circulado pelo bairro? - Fui ao supermercado e caminhei na praia. Uma das coisas que gostei na Barra foi exatamente o comércio. Já fiquei no Recreio e não me adaptei. Fico sozinha, preciso de movimento. Mesmo que não saia, tenho que saber que posso sair. - Como é a reação na rua? - Carioca não chega em você, manda um olhar. E quando chega não faz apenas a foto. Bate-papo, elogia. Paulista se aproxima mais. - Você lida bem com isso? - Não sou personagem. Comigo as pessoas continuam uma conversa que estávamos tendo durante o Mais Você. É uma intimidade. - Mas você é celebridade... - Tenho consciência e batalhei muito por isso. Não nasci rica. Na faculdade, em São José do Rio Preto, roubava comida da geladeira das minhas amigas. Até hoje adoro quibe e coxinha de galinha com coca-cola. Não posso ver que quero comer. - Como passa o tempo quando está sozinha? - Vejo os jornais. Tenho que estar a par de tudo por causa do meu programa. Mas o que me relaxa é videogame. Sou viciada em playstation, olha só a minha coleção de jogos. Tenho mais de 100, adoro! - Aprendeu com seus filhos? - Já jogava antes de a Mariana e o Pedro nascerem. Tenho todos os meus consoles guardados. - O que te atrai no jogo? - O playstation ajuda a me adaptar às mudanças. Com amigos e videogame, fico bem em qualquer lugar. Adoro gente e botão.