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O centenário da morte de Machado de Assis trouxe ao noticiário algumas ruas do Rio de Janeiro...

...como a da Lapa, do pré-céltico lappa, pedra, onde ele morou, e a da Quitanda, do quimbundo kitanda, feira, mercado, que abrigou a Academia Brasileira de Letras em seus primórdios.

Deonísio da Silva Publicado em 18/08/2008, às 17h30

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Lapa: provavelmente do pré-céltico lappa, pedra, rocha. Dá nome a bairros e ruas em várias cidades brasileiras. Durante o ano de 1874, Machado de Assis (1839-1908) morou na Rua da Lapa, 96, no Rio de Janeiro. Depois, mudou-se para o Cosme Velho, onde passou a ser chamado de bruxo pelos vizinhos por seu costume de queimar manuscritos numa caldeirinha. Ele e Carolina (1835-1904), sua esposa, viviam no segundo andar de um casarão onde hoje residem 15 famílias, cada uma ocupando cerca de 10 metros quadrados. Por ironia do destino, mora hoje no lugar o professor de português e de inglês Anderson Clay Sampaio (30), que, informado pela repórter Mariana Filgueiras, do Jornal do Brasil, de que aquela tinha sido a residência do maior escritor brasileiro, declarou: "Aqui está mais para O Cortiço, de Aluísio Azevedo". Machado tinha 35 anos quando foi viver na Rua da Lapa.Havia sido nomeado primeiro oficial da Secretaria da Agricultura, ganhando 4 000 réis por mês. Ali, escreveu A Mão e a Luva, publicado em capítulos na imprensa. Martírio: do grego martýrion, pelo latim martyrium, martírio, testemunho, atestado, sepultura, santuário ou igreja consagrada a um ou mais mártires. Passou a designar também grande sofrimento. Na tradição cristã, o mártir por excelência é Jesus, mas todas as pessoas que morreram em defesa da fé e dos princípios cristãos foram consideradas mártires e muitas delas, canonizadas. Nos próximos anos o Brasil terá a primeira santa genuinamente brasileira, a catarinense Albertina Boeing Berkenbrock (1919-1931). O decreto que a considerou mártir foi assinado pelo papa Bento XVI, em 16 de dezembro de 2006. E no dia 20 de outubro de 2007, na diocese de Tubarão (SC), ela foi proclamada oficialmente bem-aventurada e mártir. De acordo com a documentação juntada aos processos judicial e de canonização, a menina, lutando em defesa de sua virgindade, foi degolada por Maneco Palhoça, apelido de Indalício Cipriano Martins, que tentou estuprá-la. No local do martírio foi erguido um pequeno santuário. Seus restos mortais repousam hoje dentro da igreja paroquial de São Luiz, em Santa Catarina, sua terra natal. Pressão: do latim pressione, declinação de pressio, pressão, aperto, esforço. A origem remota é ter, de base indo-européia, com o significado de girar, atritar, perfurar, mas, no alemão, Sigmund Freud (1856-1939) utilizou o vocábulo Drang - pressão, em alemão - com o sentido todo especial de ímpeto ou pressão para descargas corporais que vão da necessidade fisiológica à ânsia inaudita ou forte aspiração, decorrentes de apertos diversos. O substantivo levou aos verbos dringen, penetrar; drängen, empurrar; drohen, ameaçar; e drücken, apertar. Escreveu Freud, em Um Distúrbio de Memória na Acrópole: "Minha ânsia de viajar, sem dúvida, era também expressão de um desejo de escapar àquela pressão, como força que impele tantos adolescentes a fugirem de casa. Há muito tempo, compreendera claramente que uma grande parte do prazer de viajar se baseia na realização desses antigos desejos - isto é, tem suas origens na insatisfação com a casa e com a família". Muitos tradutores da obra de Freud, por desconhecerem sutis complexidades da língua alemã, utilizam vocábulos sinônimos, ou próximos, perdendo assim a riqueza de suas concepções psicanalíticas. Quitanda: do quimbundo kitanda, quitanda, feira, mercado. O sentido veio por metáfora: kitânda, em quimbundo, língua da família banta, falada em Angola pelos ambundos, designa estrado de cordas trançadas que servia de colchão. Tão importante tornou-se na tradição brasileira, que temos o verbo quitandar, ofício do quitandeiro, aquele que vende doces, mas também hortaliças. Por preconceito ou conflitos nascidos da condição dos produtos à venda e seus preços, quitandeira passou a sinônimo de mulher rude. O suaíli tem kitanga, esteira onde põe a farinha para secar, servindo também para apresentar as mercadorias. O suaíli é uma língua banta da família nigero-congolesa, falada na costa oriental da África, em área que vai da ilha de Lamu, no Quênia, até a fronteira meridional da Tanzânia. É falatambém em ilhas da costa africana, no Quênia, na República Democrática do Congo, em Uganda e no norte de Moçambique. O número 47 da Rua da Quitanda, no Rio, foi palco de eleições da Academia Brasileira de Letras, presidida por Machado de Assis de 1896 até sua morte.