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Nosso jeito de falar costuma conter regionalismos, de regional, do latim regionale, que é típico de uma região...

...Este é um dos motivos que muitas vezes levam paulistas, cariocas, nordestinos, mineiros e gaúchos a fazer paródia, do grego paroidía, imitação engraçada, uns dos outros.

Deonísio da Silva Publicado em 13/11/2007, às 16h45

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Alônimo: de alo e ônimo, dos compostos gregos allos, outro, e ónoma, nome, significando, portanto, outro nome. É semelhante a pseudônimo, do grego pseudónomos, que tinha sentido fortemente pejorativo (pseudés é mentiroso, enganador), mas acabou por tornarse recurso lícito, adotado por escritores e artistas. O pensador católico Alceu de Amoroso Lima (1893-1993), por exemplo, assinava Tristão de Ataíde. Os atores Paulo Gracindo (1911-1995) e Lima Duarte (77) e as atrizes Fernanda Montenegro (78) e Tônia Carrero (85) também adotaram nomes diferentes dos de batismo, que eram, respectivamente: Pelópidas de Guimarães Brandão Gracindo, Ariclenes Venâncio Martins, Arlette Pinheiro Esteves da Silva e Maria Antonieta Portocarrero Thedim. Já os alônimos de Demi Moore (45) e de Elton John (60) são Demetria Gene Guynes e Reginald Kenneth Dwigth. Algumas personalidades omitem um dos nomes. Hillary Clinton (60), por ter adotado o nome do marido, Bill Clinton (61), excluiu o prenome Diane e o sobrenome do pai, Rodham. Só que o nome completo de seu marido também é outro: William Jefferson Blyte III. Ela adotou o apelido do marido como sobrenome. A ministra Marta Suplicy (62), cujo nome de solteira é Marta Teresa Smith de Vasconcelos, continuou com o sobrenome do ex-marido, o senador Eduardo Matarazzo Suplicy (66), mesmo depois de ter se casado com Luís Favre (58), pseudônimo de Felipe Belisário Wermus. Langor: do latim languor, declinação de languor, langor, cansaço, preguiça, calmaria. A origem remota é uma raiz indoeuropéia, (s) lang, distender, presente no português deixar, do latim laxare, estender, permitir, deixar. Langor aparece no conto Betsy, de Histórias de Amor, de Rubem Fonseca (82): "Então ela estendeu o corpo, parecendo se espreguiçar, e virou a cabeça para trás, num gesto cheio de langor. Depois esticou o corpo ainda mais e suspirou, uma exalação forte. O homem pensou que Betsy havia morrido. Mas alguns segundos depois ela emitiu novo suspiro. Horrorizado com sua meticulosa atenção o homem contou, um a um, todos os suspiros de Betsy". Paródia: do grego paroidía, paródia, imitação engraçada, pelo latim, paródia, com o significado de arremedo, de imitação burlesca, o que se dá principalmente na reprodução, com alterações cômicas, de textos literários. O étimo grego indica, pela formação composta da palavra - pará, ao lado de; oidé, ode, versos para serem cantados -, que a paródia remete a um texto anterior, de todos conhecido. O cronista José Simão (63), na Folha de S.Paulo de 4 de outubro, fez sua paródia a partir de um erro de ortografia cometido por funcionário público, que mandara fazer um carimbo em que estava escrito "Congreço": "O Congreço é um suceço! Tô paçado! O Congreço tá falando lulês. Desaprenda português no Congreço! Rarará! Assaltaram a gramática. Ops, açaltaram tudo! Herrar é umano. Haja çaúde! Reforma hortográfica. É problema de QI: Quanta Ignorância." Regionalismo: de regional, do latim regionale, mais o sufixo "ismo". O étimo está presente em região, do latim regione, local conhecido. Regional é aquilo que se refere a uma região, que é próprio dela, como o modo dos mineiros interioranos resumirem a pronúncia de palavras e expressões. O professor Mário Eduardo Viaro (39), autor de Por Trás das Palavras: Manual de Etimologia do Português, deu exemplos dessas reduções na revista Língua: "oncotô" significa "onde que eu estou"; "lidileite" é litro de leite; "mastumate", massa de tomate; "denduforno", dentro do forno; "ãnsdionte", antes de ontem; "badapia", debaixo da pia; "tirdeguerra", tiro de guerra. Também Juó Bananére (1892-1933), pseudônimo do escritor Alexandre Ribeiro Marcondes Machado, aproveitou a fala típica dos imigrantes italianos e seus descendentes paulistas ao parodiar textos de grandes escritores, entre os quais o poema Meus Oito Anos, de Casimiro de Abreu (1839-1860), que ele mudou para Os Meus Otto Anno: "O chi sodades che io tegno/ D'aquillo gustoso tempigno,/ C'io stava o tempo intirigno/ Brincando c'oas mulecada./ Che brutta insgugliambaçó,/ Che troça, che bringadêra,/ Imbaxo das bananêra,/ Na sombra dus bambuzá". Os versos que parodiou são: "Oh! Que saudades que tenho/ Da aurora da minha vida,/ Da minha infância querida,/ Que os anos não trazem mais!/ Que amor, que sonhos, que flores,/ Naquelas tardes fagueiras/ À sombra das bananeiras,/ Debaixo dos laranjais!"