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Nobreza, conjunto de famílias donas de títulos nobiliárquicos, veio...

...de nobre, do latim nobilis, radicado no verbo noscere, que significa conhecer. Durante muito tempo os nobres se disseram possuidores de sangue azul, cuja origem possivelmente seja o árabe lazurd.

Deonísio da Silva Publicado em 30/06/2006, às 11h01

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Azul: de origem controversa, talvez de lazurd, palavra do árabe vulgar para designar esta cor, que no árabe culto é lazaward. Variantes dessa língua foram faladas na Península Ibérica durante os sete séculos em que os mouros permaneceram na Espanha e em Portugal, entre os séculos VIII e XV. O provençal azur, o francês azur, o espanhol azul e o italiano azzurro apresentam as mesmas semelhanças, mas pode ter havido influência do latim medieval azurium. No latim, a referência da cor é o céu, caelum, e, como toda cor, presta-se a vários simbolismos. No inglês, blue (azul) indica melancolia, como atestam os blues musicais, nesse caso talvez radicados na expressão blue devils (demônios azuis), já que a cor designa tanto o céu, no alto, quanto o mar, nas profundezas, onde vivem os monstros, associados à depressão. Brecha: do antigo alto-alemão brecha, fratura, do verbo brechen, quebrar, romper e vomitar, pelo francês breche, fenda. Passou a designar rachadura, não apenas no sentido denotativo, de que é exemplo a greta numa rocha, mas também a lacuna num texto legal, ensejando interpretação diversa da que quis o legislador. A origem remota é a raiz indoeuropéia bhreg, base de brake, na língua germânica dos francos, alterada para breke, no holandês medieval, com o mesmo significado. Manteve-se no inglês break, quebrar, do qual se originaram também breakfast, primeira refeição do dia, e broken, quebrado, no sentido de falido, insolvente. No português e no espanhol os primeiros registros de brecha designam pequena abertura nas muralhas, equivalente ao postigo das casas, do latim posticum, formado a partir de post, depois, na parte posterior, e ostium, porta. Brecha aparece em sentido metafórico no livro A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra, do teórico alemão Friedrich Engels (1820-1895): "Outro fator que exerceu importante influência sobre o caráter dos trabalhadores ingleses foi a imigração irlandesa. É certo que ela degradou os trabalhadores ingleses, privando-os dos benefícios da civilização e agravando sua situação, mas por outra parte contribuiu para abrir uma brecha entre os trabalhadores e a burguesia, acelerando a aproximação da crise." Cerúleo: do latim caeruleum, da cor do céu. Os poetas preferiam a forma caeruleus, variante de caelestis. Caelum é céu em latim, sendo aceitas também as formas caelus e coelum. Virgílio (70-19 a.C.), na Eneida, diz que o herói Enéias pede aos deuses que o sangue derramado nos ferimentos da guerra seja azul para que ele não seja devorado pelos leões. Os faraós já diziam ter sangueazul como as águas do Rio Nilo, contrapondo-o ao vermelho do sangue dos súditos. Quando os navegadores europeus chegaramà China, depararam-se com a expressão "o sangue azul da espiritualidade", surgida no contexto da alquimia chinesa e mesclada a um termo taoísta. Assim como a pureza seria obtida num componente azul de processos químicos, também a alma se purificaria para alcançar o azul do céu. E eles a adaptaram às crenças cristãs. O russo tem a expressão golubaia krov (sangue azul). Marasmo: do grego marasmos, fraqueza extrema, melancolia, cansaço, inatividade, paralisação, pelo francês marasme, apatia. Na Medicina, designa atrofia progressiva dos órgãos e magreza excessiva, decorrentes de longa enfermidade, associadas a estado de apatia, abatimento moral, falta de coragem e prostração. Marasmo designa também período de inatividade, ausência de realizações ou de acontecimentos dignos de nota, estagnação, paralisação. Nobreza: de nobre, do latim nobilis, nobre, conhecido, radicado no verbo noscere, conhecer, do qual veio o antônimo ignobilis, desconhecido, ignóbil. Nem sempre a palavra teve o sentido positivo com que se consagrou (o conjunto de famílias possuidoras de títulos nobiliárquicos ou grandeza de caráter). No latim designava apenas alguém ou algo muito conhecido, existindo a expressão nobilissima inimicitia, inimizade muito conhecida. A expressão sangue azul para designar a nobreza surgiu no reino de Castela, na Espanha, num contexto de preconceito étnico, religioso, cultural. Os nobres invocavam a cor clara da pele sob a qual se destacavam veias azuis, quase invisíveis na pele de mouros e judeus, mais expostos ao sol por muito trabalharem, enquanto os nobres ficavam na sombra dos palácios. Da Espanha, por força da aliança dos reis católicos com o Vaticano, a expressão ganhou o mundo. Entretanto, outras línguas têm registrado a expressão sangue azul e alguns dicionários, como o prestigioso The Oxford Dictionary of Etymology, assim explicam a expressão blue blood (sangue azul): "Tradução do espanhol sangre azul, sangue, blood, mais azul, blue, provavelmente das veias visíveis na compleição dos aristocratas."