No país sobejam, do latim superare, superar, sobrar, políticos que só pensam no próprio conforto...
...Por isso, o cidadão sente o coração palpitar, do latim palpitare, palpitar, toda vez que precisa escolher um candidato para representá-lo nos poderes Legislativo e Executivo.
Deonísio da Silva Publicado em 04/03/2008, às 12h52
Abadá: do ioruba agbada, abadá, vestido largo e comprido, chegando ao tornozelo, aberto dos lados, com bordados nas regiões do pescoço e também do peito, usado por homens. Uma variante do abadá, uma blusa ou bata, larga e solta, é usada por foliões em blocos carnavalescos para se reconhecerem como grupo.
Camisa-de-força: de camisa, do latim tardio camisia, veste larga, assim chamada porque originalmente foi usada para dormir na cama, cama, leito baixo; e de força, do latim fortia (pronuncia-se 'fórcia'), de fortis, forte. Mais tarde, a veste de dormir passou a ser chamada camisola e camisa consolidou-se como peça para ser usada durante o dia. A camisa-de-força é um colete de lona, com mangas fechadas providas de cordas nas pontas para manter atados nas costas os braços dos pacientes psiquiátricos graves e muito agitados, com o fim de imobilizá-los. Atualmente, eles são sedados quando têm acessos de fúria, e esse tipo de veste é pouco usado. A expressão, que hoje designa qualquer coisa que limite a ação, aparece no livro Os Sertões, do jornalista e escritor Euclides da Cunha (1866-1909). Ele a usa quando comenta o perfil do coronel Moreira César (1850-1897), que chefiou a última expedição de combate ao movimento social e religioso de Canudos, na Bahia: "Cabe à sociedade, nessa ocasião, dar-lhe a camisa-de-força ou a púrpura. Porque o princípio geral da relatividade abrange as mesmas paixões coletivas. Se um grande homem pode impor-se a um grande povo pela influência deslumbradora do gênio, os degenerados perigosos fascinam com igual valor as multidões tacanhas".Eterno: do latim aeternus, eterno, forma contraída de aeviternus, sem começo nem fim, em que a primeira parte da palavra aevus opõe-se a tempus, tempo, que pode ser medido, tem começo e fim, ao passo que o eterno sempre existiu e jamais se acaba. O poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749- 1832), autor da expressão "o eterno feminino", fez uns versos muito expressivos sobre o tema do eterno, que citamos no original em homenagem àqueles que sabem alemão: "Kein Wesen kann zu nichts zerfallen!/ Das Ewige regt sich fort in allen,/ Am Sein erhalte dich beglückt!/ Das Sein is ewig, denn Gesetze/ Bewahren die lebendgen Schätze,/ Aus denen sich das All geschmückt". E, agora, a versão traduzida do professor Wofgang Kayser (1906-1960): "Ser algum pode em nada desfazer-se!/ Em todos eles se agita sempre o Eterno./ Confia, alegre e feliz, sempre no Ser!/ Pr'a conservar vivos os tesouros,/ Dos quais o Universo se adornou)".
Inopino: do latim inopinus, inopino, imprevisto, em que "in" funciona como negação da coisa pensada, a opinião, pois o latim tinha opinare, opinar, pensar. Aparece muito na imprensa e em textos jurídicos, como neste artigo do procurador Celso Antonio Três (45), publicado na Folha de S.Paulo (13- 8-2005): "De inopino, Duda Mendonça, publicitário que capitaneou a campanha eleitoral do presidente Lula e outras do Partido dos Trabalhadores, empolgando a tribuna da CPI dos Correios, confessa à nação que, em 2003, clandestinamente, recebeu cerca de R$ 10,5 milhões no conhecido paraíso fiscal das Ilhas Bahamas, pagamento originário desse partido por serviços prestados por ocasião das eleições".
Palpitar: do latim palpitare, palpitar, agitar, pulsar, com origem remota em palpare, acariciar, afagar. Ganhou o sentido de ter pressentimentos e, mais tarde, de adivinhar e dar opinião. Aparece nestes versos de Eterno Sonho, do jornalista e poeta catarinense João da Cruze Sousa (1861-1898), um dos maiores simbolistas que o mundo teve: "Talvez alguém estes versos lendo/ Não entenda que amor neles palpita,/ (...) E talvez que ela ao ler-me, com piedade./ Diga, a sorrir, num pouco de amizade,/ Boa, gentil e carinhosa e franca;/ - Ah! Bem conheço o teu afeto triste.../E se em minha alma o mesmo não existe,/ É que tens essa cor e é que eu sou branca!".
Sobejar: do verbo latino superare, superar, exceder, ir além dos limites, sobrar. Tanto o dicionário Aurélio quanto o Houaiss dão este verbo como derivado do substantivo sobejo; no entanto, essa hipótese não pode ser comprovada. É muito mais provável que a sua origem seja de fato o verbo latino superare, como afirma o dicionário Michaelis. Ninguém menos do que o maior poeta da língua portuguesa em todos os tempos, Luís Vaz de Camões (1524- 1580), utilizou o verbo, dando-lhe o sentido de exceder nestes belos versos, nos quais destaca que o amor o pôs a perder: "Erros meus, má fortuna, amor ardente/ Em minha perdição se conjuraram;/ Os erros e a fortuna sobejaram,/ Que para mim bastava o amor somente".