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Os desafios do alpinista Niclevicz

Recém-recuperado de sua recente expedição em busca do título de Leopardo das Neves, Waldemar Niclevicz, alpinista curitibano já pensa em sua próxima escalada

<i>por Laura Fagundes</i><br><br><br> Publicado em 05/11/2009, às 10h48 - Atualizado em 07/11/2009, às 15h56

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Waldemar Niclevicz: o maior alpinista brasileiro - Arquivo Pessoal
Waldemar Niclevicz: o maior alpinista brasileiro - Arquivo Pessoal
Medo de altura nunca foi um problema para o paranaense Waldemar Niclevicz. Ainda adolescente ele conheceu a Serra do Mar, no Paraná, e se apaixonou pelos percursos de aventura. Com apenas 22 anos, Niclevicz já havia escalado o Aconcágua, maior montanha da América do Sul, e despontava como o mais importante alpinista brasileiro. Primeiro do país a escalar a maior montanha do mundo, o Everest, e a mais difícil de todas, o K2, Waldemar acaba de retornar de sua última aventura, um dos maiores desafios do alpinismo mundial: a Expedição Leopardo das Neves, enfrentada ao lado do amigo Irivan Gustavo Burda. O título é concedido aos alpinistas que escalam todas as montanhas com mais de 7 mil metros da antiga União Soviética. Desta expedição, Waldemar conseguiu escalar o Lênin (7.134m) e o Khan Tengri (7.010m), na Ásia Central. Em Curitiba, onde mora, o corajoso paranaense que ainda se recupera da aventura, na qual perdeu sete quilos, falou com exclusividade ao Portal CARAS. - Quando vocês saíram rumo à expedição o objetivo era escalar as cinco montanhas, o que acabou não acontecendo. Existe um planejamento para concluir a expedição? - São raros os Leopardos das Neves. A maioria são russos ou dos países 'ex-soviéticos'. Do total de 540 que conquistaram o título, apenas 33 são estrangeiros. De todos os 540, apenas seis fizeram a escalada de todas as montanhas no mesmo ano ou temporada. Geralmente, são necessários vários anos para completar o desafio. Eu e o Irivan sabíamos que seria muito difícil superar as 5 montanhas em uma mesma expedição, o grande problema, como sempre, seria o tempo, e este foi um ano péssimo, com muitas tempestades. Eu espero um dia finalizar este importante projeto, por isso, no ano que vem estou decidido a voltar. - A escalada da montanha Pobeda, que seria a terceira da aventura, teve vários imprevistos. Foi o maior medo que já sentiu em sua carreira? - O maior medo da minha carreira não, pois esse momento foi vivido quando escalei o K2. Mas com certeza foi o momento em que mais tivemos medo durante a Expedição Leopardo das Neves. O Pobeda é uma das mais difíceis e perigosas montanhas do mundo, é uma escalada muito arriscada, muito exposta a avalanches e ao vento que sopra da China, além de ter a fama de ser como um furacão. - O que fez você decidir encerrar a expedição nesse ponto? - Fomos soterrados quatro vezes por avalanches, quase morremos asfixiados dentro de uma pequena caverna de gelo que foi invadida pela neve, por isso resolvemos desistir. - Você tem ministrado palestras falando dessa e de outras experiências nas montanhas. O que gostaria que todos soubessem? - Faço palestras toda semana para grandes empresas. São palestras motivacionais em que também enfoco o lado empresarial, como a importância do planejamento, liderança, gerenciamento de riscos e trabalho em equipe. Na verdade, é uma grande lição de superação de desafios, uma interessante analogia entre o que acontece nas escaladas de grandes montanhas e no mundo empresarial. Eventualmente faço palestras falando sobre minhas expedições, quando procuro inspirar as pessoas a também viajarem, conhecerem melhor a natureza e respeitá-la. - Qual a próxima escalada? - Ano que vem volto para o Quirguistão e vou também para o Tadjiquistão, antes, na mesma viagem, vou escalar algumas montanhas no Irã e na Turquia, isso é para julho e agosto. No início do ano vou para a Colômbia e para o Equador. - Entre uma montanha e outra, como vai a vida pessoal? - Bom, eu viajo muito! Semana passada estive em palestra em São Paulo e Ilhabela. Tenho agenda no interior de Santa Catarina e Salvador. Final do ano é a época em que as empresas mais se reúnem para definirem a estratégia para o ano seguinte e é quando mais sou chamado para palestras. Se não tenho palestras, divido o meu tempo nas minhas duas casas, uma no pico do Marumbi, na serra do mar paranaense, e a outra em Curitiba. São nesses momentos que escrevo os meus livros, respondo e-mails, planejo minhas próximas expedições e intensifico o meu treinamento.