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Na noite de Ano-Novo, não podem faltar brindes com champanhe, uma...

...simplificação de vin de Champagne, região vinícola da França, nem espetáculos pirotécnicos, do francês pyrotechnie, pirotecnia, a arte de fazer fogo, traduzida na beleza dos fogos de artifício.

Deonísio da Silva Publicado em 28/12/2006, às 11h42

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Champanhe: do francês champagne, elipse de vin de Champagne, vinho de Champagne. Elipse veio do grego élleipsis, pelo latim ellipse, e significa omissão. Isto é, como o vinho espumante foi criado na região denominada Champagne, no nordeste da França, omite-se "vinho de" e diz-se apenas o nome do lugar para designar a bebida. Conta-se que o champanhe nasceu em 1668, quando o monge beneditino dom Pérignon (cerca de 1638-1715), abade de Hautvillers, observou, depois de um inverno rigoroso, que o vinho das uvas daquela região, situada a cerca de 145 quilômetros de Paris, apresentava uma fermentação secundária, com pequenas bolhas e gás, fazendo estourar as garrafas. Enquanto os ignorantes vinhateiros atribuíam aquela desordem ao demônio, o religioso criou uma técnica para controlar tal fermentação, utilizando arame para prender as rolhas de cortiça às garrafas. Por estourar quando aberto, tal vinho passou a ser associado às grandes comemorações, como a de 31 de dezembro, data em que se celebra a chegada do novo ano. No Brasil, champanhe passou a ser pronunciado champanha, forma igualmente aceita pelos dicionários. Na linguagem coloquial, está passando de masculino a feminino. O gênero, na língua portuguesa, com exceção dos substantivos que correspondem a seres sexuados, é arbitrário, como observa o lingüista e escritor Cláudio Moreno (57) no Guia Prático do Português Correto, volume 2, publicado pela Editora L&PM: "Se compararmos os pares teste e tosse, dia e pia, pau e nau, lápis e cútis, nariz e cicatriz, talismã e avelã, podemos ver que nada existe nesses vocábulos que justifique sua diferença de gênero". Com efeito, dizemos o teste, a tosse, o dia, a pia, o pau, a nau, o lápis, a cútis, o nariz, a cicatriz, o talismã, a avelã. Dama: do latim domina, senhora, dona de casa, esposa, matrona, aquela que manda, soberana, pelo francês dame, esposa, mulher. Na França, até o século 17, todas as mulheres casadas faziam jus à palavra dame, que a partir de então passou a designar apenas mulheres casadas de classes sociais elevadas, principalmente da nobreza. Já o título de primeira-dama surgiu nos Estados Unidos, em 1809, e foi Dolley Madison (1768-1849) a primeira mulher a ser aclamada como tal. Era esposa de James Madison (1751-1836), duas vezes presidente do país. Contudo, o tratamento cerimonioso só viria a popularizar-se a partir de 1877 por artes da jornalista Mary Clemmer Ames (1839-1884) quando relatava a posse de Rutheford B. Hayes (1822-1893). No Brasil, aplica-se a esposas do presidente, de governadores e de prefeitos. Embora não ocupem cargos oficiais, as primeiras-damas costumam presidir instituições de caridade ou que se dediquem ao bem público. Não há masculino para a denominação: assim, esposos de governadoras e prefeitas são primeiras-damas, a menos que elejamos uma mulher para a presidência da República, o que poderia resultar na criação inédita da função de primeiro cavalheiro, que, por analogia, seria depois aplicada também a esposos de governadoras e de prefeitas. Impossível: do latim impossibile, declinação de impossibilis, aquilo que não pode, do verbo poder, potere em latim. Muitas coisas ditas impossíveis já aconteceram, como lembra o poeta mineiro Affonso Romano de Sant'Anna (69) nestes versos, do poema O Impossível Acontece: "O Messias nasceu de uma Virgem./ O grande pensador grego nunca escreveu um livro./ A Nona Sinfonia é fruto de um homem surdo./ Na Biblioteca de Babel o leitor era um poeta cego./ E não tinha mãos o homem que fez/ as mais belas esculturas de meu país". Uma das canções do grupo musical Biquíni Cavadão intitula-se Impossível: "É impossível, é impossível esquecer você,/ É impossível esquecer o que vivi/ É impossível esquecer o que senti (...)". Nesta semana morrerá o ano de 2006, impossível de ser esquecido por muitos motivos, entre eles o cinqüentenário de um dos maiores romances brasileiros, Grande Sertão: Veredas, do médico e escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967), e a rotina da eleição presidencial. Desde 1989, quanto interromperam um jejum de 29 anos, os eleitores foram às urnas pela quinta vez, reelegendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (61). Entre os eventos que todos querem esquecer está o fiasco da seleção brasileira na Copa do Mundo da Alemanha. Pirotécnico: de pirotecnia, do francês pyrotechnie, técnica de fazer fogo, designando quem produz fogos, principalmente de artifícios, utilizados em celebrações como as festas de fim de ano. A palavra é radicada no grego pyros, fogo, e tekné, técnica, arte. Os gregos denominavam pyrá a fogueira onde eram queimados os cadáveres nos campos de batalha e a palavra era a mesma para nomear a tocha que ardia nos Jogos Olímpicos. No latim, pyrá virou pyra, origem do português pira. O Pirotécnico Zacarias, publicado em 1974, é o segundo livro de um escritor mineiro, Murilo Rubião (1916-1991), que criou o realismo mágico, com o livro O Ex-Mágico, muito antes de famosos autores latino-americanos que levaram a fama, pois que estreou em 1947.