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Mulheres morrem mais durante o primeiro infarto do que os homens

Edmar Santos Publicado em 03/08/2006, às 15h12

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Edmar Santos
Edmar Santos
Nas últimas décadas, a população masculina tem sido alertada por médicos e organismos oficiais de saúde sobre os riscos do infarto do miocárdio (músculo do coração), doença que pode ser fatal. Infelizmente, porém, não se vê o mesmo cuidado em relação às mulheres. De acordo com a Associação Americana de Cardiologia, menos da metade das mulheres se diz orientada sobre o risco das doenças cardíacas. Aqui, a situação não é diferente. Até os anos de 1950, os números brasileiros indicavam que a relação entre homens e mulheres que morrem por infarto do miocárdio era de 10 para 1; hoje, contudo, já é de 2,45 para 1. Outro dado fundamental é que o risco de uma mulher morrer no primeiro infarto é de 50%, enquanto para o homem não ultrapassa 30%. Entre os que sobrevivem, 28% das mulheres e 20% dos homens morrem no período de um ano. Infarto é a situação crítica de um tecido que não recebeu a quantidade necessária de sangue, oxigênio e nutrientes. Ocorre no cérebro, no pulmão e no miocárdio. A causa é a obstrução total de uma ou mais artérias após a danificação de seus tecidos internos, deposição de gordura e formação de uma placa, que, uma vez desestabilizada, atrai coágulos que obstruem a artéria do coração. Até os 50 anos de idade, o fenômeno é cinco vezes mais comum no homem. A partir daí, entretanto, a incidência passa a ser bem maior na população feminina. Isso se deve a que, na menopausa, o corpo da mulher pára de produzir estrogênio, hormônio que a protege das doenças cardíacas. Uma prova disso é que as mulheres jovens que retiram o útero por câncer, por exemplo, e por isso seu organismo não produz mais estrogênio,ficam muito mais suscetíveis ao infarto. Colabora para que a mulher morra mais da moléstia, segundo pesquisas, o fato de a apresentarem em idade mais vançada, quando em geral já têm problemas graves de saúde. Para outros estudos, os médicos teriam "culpa" por atuarem de forma moderada demais no tratamento das pacientes. Como na idademais avançada elas já tomam muitos remédios, teriam receio de acrescentar outros e colaborariam para o óbito. Mas o que parece decisivo na questão do maior número de mortes de mulheres por infarto é que, nelas, a doença não se apresenta da mesma forma que nos homens. Enquanto na população masculina os sintomas em geral são clássicos - dor opressiva no peito, suor frio, náuseas e vômitos -, nas mulheres ocorre o que os médicos chamam de "equivalente isquêmico", que tem sintomas menos característicos e atéisolados, como falta de ar súbita, dor no queixo, no estômago ou nas costas. Além disso, as mulheres são mais atingidas por infartos sem sintomas. Importante: o infarto do miocárdio tem características hereditárias, ou seja, pessoas com casos na família têm maior risco de apresentá-lo. Estão mais suscetíveis indivíduos que fumam; sedentários; portadores de diabetes mellitus; aqueles cujo sangue, em função de dieta alimentar errada ou de fatores genéticos, tem níveis elevados do colesterol "ruim" e baixos do colesterol "bom". Mulheres que fumam e usam anticoncepcionais, mostram as pesquisas, têm risco 20 vezes maior de sofrer infarto do miocárdio. O ideal, naturalmente, é prevenir-se. Pessoas com histórico de infarto na família, sobretudo mulheres, devem ficar atentas e fazer check-up na periodicidade indicada pelo seu cardiologista. É possível evitar a moléstia com algumas medidas básicas. Não fume. Pratique atividade física de preferência cinco vezes por semana. Alimente-se de modo saudável, diminuindo a ingestão de produtos ricos em gordura animal e aumentando a de verduras, legumes e frutas. Já quem tem diabetes precisa mantêlo sob controle. No caso dos diabéticos, aliás, o risco de a mulher ter um infarto do miocárdio é sete vezes maior do que o das comuns e os homens, quatro vezes maior. Pessoas com sintomas, enfim, devem procurar logo os serviços de emergência de um bom hospital. Quanto mais rápido o problema é identificado e tratado, melhores os resultados e menor o risco de seqüelas.