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Mulher que sofre abortos repetidos pode ter a síndrome antifosfolipídeo

Morton A. Scheinberg Publicado em 31/05/2007, às 14h10

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Morton A. Scheinberg
Morton A. Scheinberg
A síndrome antifosfolipídeo foi descrita em 1985 pelo médico inglês Graham Hughes. Por isso, também é chamada de síndrome de Hughes. Ela se manifesta em uma pessoa em cada grupo de mil. Atinge mais as mulheres do que os homens - a relação é de três para um. Ocorre a partir da adolescência. A síndrome apresenta traços familiares: quando alguém a tem, portanto, é possível que outros da família venham a desenvolvê-la. Trata-se de uma doença auto-imune em que o próprio organismo produz anticorpos que alteram substâncias compostas de fósforo e gordura presentes na membrana de células da placenta e nas plaquetas sanguíneas, responsáveis pela coagulação. A ação dos anticorpos provoca a inflamação dos tecidos da placenta. Ela se atrofia, descola-se do útero e, então, a mulher aborta. A ação dos anticorpos nas plaquetas também as inflama e destrói. O número delas no sangue cai de maneira drástica - fenômeno conhecido como trombocitopenia. O anticorpo, apesar de o número de plaquetas ser baixo, facilita a agregação delas e a formação de trombos, ou coágulos. A trombose pode ocorrer tanto em artérias quanto em veias. É mais comum nos membros inferiores. Manifesta-se sobretudo em jovens, quando tradicionalmente ocorre em indivíduos maduros ou idosos, devido à oclusão paulatina dos vasos em conseqüência do envelhecimento natural e de doenças. Quando a trombose ocorre em artéria, pode atingir também o cérebro, causando derrames cerebrais em jovens, igualmente incomuns. Portadores da síndrome antifosfolipídeo podem ter ainda problemas cardíacos, alterações cerebrais, livedo reticularis (arroxeamento na pele dos membros inferiores) e artrite, isto é, inflamação tanto nas pequenas quanto nas grandes articulações. A síndrome pode ser primária ou secundária. É chamada de primária quando ocorre sozinha e de secundária, nos casos em que vem acompanhada de lúpus, também uma doença auto-imune. No caso do lúpus, o organismo produz anticorpos que levam à inflamação dos rins, articulações, pulmão, pele, sistema nervoso central, estômago, intestino e músculos. É mais fresqüente dos 30 aos 50 anos. As indicações são: artrite, febre, falta de apetite, queda dos níveis de plaquetasno sangue, mal-estar, perda de peso, lesões na pele, falta de ar, náusea, vômitos, dor de cabeça e, às vezes, quadros psicóticos. Pessoas com sintomas devem consultar um médico reumatologista, imunologista ou clínico geral. Reumatologistas e imunologistas estão mais bem-preparados para identificar e tratar da síndrome. Reumatologistas, aliás, são os que mais a pesquisam. O diagnóstico é clínico. Comprova-se a síndrome com exame no qual se pesquisam os anticorpos no sangue do paciente. É realizado só nos grandes laboratórios. O tratamento, em todos os casos, emprega remédios que impedem a coagulação sanguínea, desde a simples aspirina até os clássicos. A aspirina afina o sangue, impedindo sua coagulação e a formação de trombose. No caso da grávida, interfere na ação das plaquetas e evita que a placenta se inflame. Nos quadros graves da síndrome, muitas vezes os anticoagulantes tomados por via oral não bastam; recorrese então à aplicação pela via subcutânea ou pela endovenosa. Já o lúpus é tratado com drogas imunossupressoras, que interferem na capacidade orgânica de produzir anticorpos prejudiciais ao organismo. Lúpus e síndrome ainda não têm cura, mas são controláveis, dando aos portadores boa qualidade de vida e permitindo que a mulher tenha filhos.