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Marcos Paulo com fé na cura: ‘Eu não temo a morte’

Com Antonia Fontenelle, ele trata câncer e lança seu primeiro filme, 'Assalto ao Banco Central'

Redação Publicado em 19/07/2011, às 16h08 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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No pôr do sol, o casal reforça a cumplicidade afetiva e profissional que o une há cinco anos. - Fotos: Selmy Yassuda
No pôr do sol, o casal reforça a cumplicidade afetiva e profissional que o une há cinco anos. - Fotos: Selmy Yassuda

Desde abril Marcos Paulo (60) vem lidando com agruras de um câncer no esôfago. Tem dificuldade para se alimentar, perdeu 11 quilos, está com 74, e faz sessões de radioterapia e quimioterapia. Há menos de um mês, sofreu uma hemorragia que quase o levou à morte. E muito provavelmente precisará se submeter a uma cirurgia nas próximas semanas, decisão que será tomada pelos médicos na quarta, 27. Mas nada disso fez com que o ator e diretor fraquejasse. Firme e com surpreendente bom humor, ele orgulha-se por não ter mudado a visão positiva da vida. O que vem sendo fundamental para que encare a doença de uma forma mais leve. “Nunca tive medo de morrer. Não deu tempo de ficar digerindo isso a todo momento. Estava trabalhando muito”, avalia Marcos, referindo-se ao filme Assalto ao Banco Central, sua primeira direção no cinema, que lançou no Festival de Paulínia e entra em circuito nacional na sexta, 22. “Mantive a cabeça produtiva. Isso foi fundamental para a superação”, acrescentou.

Em meio a um dos momentos mais difíceis de sua trajetória, Marcos se diverte com os mimos das filhas, Giulia (11), com a atriz Flávia Alessandra (37), Mariana (28), da união com a atriz Renata Sorrah (64), e Vanessa (38), com a modelo italiana Tina Serina. Os cuidados e carinhos de Antonia Fontenelle (38), sua namorada há cinco anos, são outros trunfos. “Ela parece um carrapato, não sai do meu lado”, brinca, arrancando risos da atriz e produtora do longa. “Se eu ficar longe, Marcos não se comporta e pode comer besteira”, retruca Antonia. A preocupação faz todo sentido. O diretor precisa de uma dieta com alimentos líquidos e pastosos, o que lhe desagradou no primeiro momento. “Adoro uma picanha. Tenho comido caldo de rã”, revela. No fim de junho, chegou a ficar sete dias sem comer nem beber. Dias depois, embarcou para o Chile, onde finalizou o filme. Voltou direto para o hospital e ficou internado cinco dias. Apesar da expectativa, o diretor mais uma vez dá uma lição de força e prevê um final feliz. “Ficarei curado”, garante na entrevista à CARAS em que detalha todo seu drama.

– Como você se sente agora?

Marcos – Feliz com a realização do sonho de dirigir cinema e também bem esperançoso em relação ao tratamento.

– Você não está abatido...

Marcos – Tive a sorte de ter descoberto no início. Mas cheguei a sentir muita dor, usei morfina um tempo e não funcionou. Precisei de um remédio mais forte, o que me causou uma intoxicação.

– Por isso você foi internado assim que voltou do Chile?

Marcos – Isso. Viajei muito debilitado, me programei psicologicamente para trabalhar e voltar em uma semana. Tentava comer papinha de bebê. Quando cheguei, desmaiei em casa. Nós não moramos juntos e a sorte é que a Antonia estava perto. Se estivesse sozinho, teria morrido. Fui desacordado para o hospital.

Antonia – O que segurou foi o psicológico. O físico não existia mais. Ele perdeu sangue, ficou bem mal, no CTI. No hospital, a filha dele Mariana e o marido dela, Hugo, que são médicos, estavam apavorados.

– Teve medo de morrer?

Marcos – Em nenhum momento pensei que fosse morrer. E nunca reclamei do câncer.

– Como está o tratamento?

Marcos – Terminei as sessões de rádio e quimio. Agora é esperar o exame no fim do mês. Enquanto isso, venho me alimentado bem.

– Você quer perder mais peso?

Marcos – Fiquei feliz com as novas medidas. Ganhei um guardaroupa novo. Um pouco antes de saber do câncer, fiz um churrasco e tiramos fotos que revi esses dias. Apaguei tudo. Gosto do que vejo agora, uso roupas que não vestia há muitos anos. Minha intenção é começar a fazer exercícios.

– Caiu cabelo? Enjoou?

Marcos – Perdi um pouco, mas ainda tenho muito. E enjoei com o cheiro do meu cachorro. Ele ficará um tempo com a criadora.

– Qual a causa da doença?

Marcos – Pode ser cigarro, também existe alto índice de esse tumor ser provocado pela ingestão de bebidas quentes e ainda por engolir sapos na vida. (risos)

– Engole muitos sapos?

Marcos – Não só eu, mas todo mundo. (risos)

– Ficou deprimido?

Marcos – Por sorte, estava no meio da filmagem de Faroeste Caboclo, em que participo como ator, e focado na edição de Assalto ao Banco Central. Não deu tempo de ter depressão. Mas quando soube da notícia, a primeira reação foi: ‘perdi’. Depois, reavaliei: ‘sou um ser humano, estou vivo e posso ter esse tipo de doença’. Então, tenho que batalhar pela cura. Parti para a guerra a fim de ficar legal.

Antonia – Marcos não deixava acompanhálo na quimio. Quando descobriu a doença, chegou a me esconder isso por uma semana. O comportamento dele mudou. Estava insuportável. Achei que tivesse feito algo errado. (risos) Até que ele me chamou para conversar. Nesse momento, o vi bem fragilizado, chorou e me contou tudo. Brinquei com ele dizendo que o diagnóstico estava errado, tinha era lombriga. Demos uma gargalhada. Aí, aliviou. A vida tem o peso que a gente dá a ela.

– Antes de descobrir a doença, sentia algum sintoma?

Marcos – Nunca percebi nada. Não dá para ver ou sentir.

Antonia – Os médicos falaram que, se ele descobrisse o tumor um mês depois, teria problemas. O dele já estava bem saliente.

– Vocês têm se apegado à religião? Rezado?

Marcos – Tenho meu jeito. Mas recebo muitas orações por e-mails, fitinhas. Fico feliz com isso.

Antonia – Antes de dormir e de levantar, rezo. Quando soube do tumor, na primeira semana, fui ao Lar Frei Luiz. A minha mãe de santo está olhando por ele. Tive outros convites, como da Fabiana Karla. Pensei em cada dia da semana ir a um lugar. Mas contei para o Marcos e ele me falou: ‘você vai acabar me matando com essa mistura.’ (risos)

– Que lição vem tirando?

Marcos – É claro que minha cabeça só vai processar quando tudo isso acabar. Mas, na verdade, já estou mudando de comportamento, fiquei menos estressado e cada vez mais positivo. É claro que dei uma caída. Mas você cai, levanta e segue, como diz a letra da música: ‘nois tropica, mas não cai.’

– E como foi a sua experiência de trabalhar com cinema?

Marcos – Eu amei, realizei um grande sonho. Estudei cinema antes de tocar o projeto. Desenhava as cenas no caderno antes de filmá-las no set. Foi uma forma de recomeçar, de me reinventar.

– Qual o próximo projeto?

Marcos – O filme Sequestrados. Como meus projetos com a Globo serão desenvolvidos no segundo semestre de 2012, até lá tenho tempo para dedicar ao cinema.

Veja o vídeo na TV CARAS: