LIZA MINNELLI E SEU CORAÇÃO BRASILEIRO

por Sara Paixão A história de amor entre o Rio de Janeiro e a cantora americana Liza Minnelli (61) ganhou belos capítulos. De volta ao país para a turnê do álbum The God-Mother and the God-Daughter, a diva do filme Cabaret (1972) tratou de matar as saudades dos amigos na Cidade Maravilhosa, com samba na quadra da Mangueira e jazz e bossa nova na casa da promoter e sua cicerone Anna Maria Tornaghi. "Nunca estive tão feliz quanto estou aqui no Rio. Vocês são a minha família", agradeceu ela, no show no Citibank Hall, na quinta-feira, 21. Na segunda-feira, 18, ela já havia emocionado os paulistanos em show no Tom Brasil, após 15 anos afastada dos palcos brasileiros. Desde 1973, quando ganhou o Oscar pelo longa-metragem que a consagrou em Hollywood, ela freqüenta o Rio, mas já perdeu a conta de quantas vezes esteve na cidade em que deixa de lado o ar de estrela e se dedica a conhecer o melhor da música popular brasileira. Foi justamente esta paixão que ela deixou aflorar na quadra da Mangueira, ao sambar com passistas e se arriscar no tamborim com os integrantes da bateria. "Bravo, bravo, wonderful (maravilhoso)", repetia Liza, impressionada com a evolução de Mateus Oliveira (19) e Débora dos Santos (20), segundo-casal de mestre-sala e porta-bandeira. Do presidente da escola, Percival Pires, ela ganhou o livro em inglês/português Mangueira, Paixão em Verde-e-Rosa, sobre a história da agremiação. Apesar da rápida passagem pela quadra, ela não escondeu o entusiasmo e falou da vontade de retornar no carnaval. "O público carioca é fantástico, e o que vi aqui é diferente de tudo. Todos dançam juntos. Quero muito voltar para ver o desfile", prometeu ela. Mas foi na reunião entre músicos de vários estilos na casa de Anna Maria, na Urca, que Liza se sentiu mais à vontade. Apresentou números de seu show e, junto do piano de Marcos Valle (63), e do teclado de Jorge Ben Jor (63), cantou clássicos da bossa nova. Depois, com Carlinhos Lyra (68), Leny Andrade (44) e Peri Ribeiro (69), se entregou ao jazz. Ao lado de Emilio Santiago (60) e Beth Carvalho (61), acompanhou os sambas. "A música brasileira é maravilhosa, sublime, me faz levitar. Não tenho o direito de falar nada, só tenho que escutar essa maravilha", exultava ela, impressionando os amigos com seu conhecimento. "Cantei várias músicas de Baden Powell que ela sabia de cor. Quando chega no Brasil, Liza sempre pergunta por todo mundo", contou Emilio. Desta vez, ela estranhou a ausência dos cantores Milton Nascimento (64) e Olívia Byington (48) na festa, mas adorou conhecer novos talentos, como o violinista Lê Andrade. Liza, que não toma mais bebidas alcóolicas, passou a noite com uma caipirinha sem álcool. No menu da visita, não faltou feijoada, bacalhau e arroz de carreteiro. Além disso, voltou para casa levando na mala livros de fotografia, algumas jóias de prata da designerAnna Paula Vivacqua, e claro, muitos CDs de MPB. "Liza é uma pessoa muito gentil e delicada. Ela já costuma dizer que, depois de Nova York, sua casa é o Rio", contou Beth Carvalho, que a conhece há 15 anos. Com isso, a cidade ganhou um cabo eleitoral e tanto. Ao receber uma camisa da candidatura do Cristo Redentor a uma das sete maravilhas do mundo moderno, a cantora prometeu a Luiz Carlos Trabuco, presidente do grupo Bradesco Seguros e Providência, que vai falar em seus shows da beleza e pedir votos para o monumento. FOTOS:GEORGE MAGARAIA E GUILHERME PARANHOS