A rainha da noite paulistana abre a casa e celebra suas conquistas
Redação Publicado em 26/07/2011, às 15h28 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43
Dona de uma alegria contagiante, a empresária Lilian Gonçalves (63) tem uma história de vida de luta e superação. Ela começou a trabalhar ainda criança, ajudando a mãe, Maria Gonçalves Lima (1913- 1971), cozinheira do ex-presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976), em Brasília. Aos 14 anos, se mudou para São Paulo e começou a trabalhar em uma lanchonete. Com muito esforço e economia, Lilian abriu seu primeiro estabelecimento. Hoje, ela é dona de cinco casas, que mesclam bar, restaurante, balada e videokê, no bairro de Santa Cecília, na capital paulista, que recebem 80000 clientes por mês, e comanda uma equipe de 450 funcionários, além de 120 músicos, que fazem shows nas casas. Para dar conta dos negócios, que faz questão de comandar pessoalmente, Lilian jura que só dorme cerca de duas horas por noite. “Meu trabalho exige dedicação total. Graças a isso, consegui ser a empresária que sou hoje. Venci na vida às custas do meu trabalho”, comemora.
Filha do eterno boêmio Nelson Gonçalves (1919-1998), que a conheceu quando ela completou 16 anos, Lilian é também cantora como o pai, atriz, compositora, escritora, mãe e avó. “Esperei vencer na vida para procurar o meu pai. Foi muito emocionante o nosso encontro. Minha família é o meu maior tesouro”, diz ela, citando os filhos, Kalinka (39) e Job Luiz Gaiguer Júnior (34), da união com o empresário capixaba Job Luiz Gaiguer (69), e os netos, Narriman (15), Yasmin (8), Kayke (7), Rayan (3) e Maria Isabel (1).
Feliz e realizada, Lilian abriu as portas de sua casa, na zona oeste de São Paulo, com exclusividade para CARAS, onde falou sobre sua vitoriosa trajetória. “Essa casa foi a primeira coisa que comprei quando comecei a ganhar dinheiro. Adoro estar sozinha aqui com as minhas ideias”, revela a loira.
– Qual o segredo de tanta energia e disposição?
– A minha alegria. Adoro a vida como ela é. Meu grande prazer é trabalhar. Minha vida foi bastante difícil, mas eu não transformei as dificuldades em sofrimento e lágrimas. Transformei em sorrisos, festas e paixão pelo meu trabalho.
– Qual foi o momento mais difícil da sua vida?
– Foram muitos momentos. Quando comecei, lugar de mulher não era nos negócios, era na cozinha. A mulher não tinha a menor expressão. Sou uma grande precursora na emancipação da mulher na vida, no comércio, nos negócios e na sua independência.
– Como era sua relação com o cantor Nelson Gonçalves?
– Sempre soube que ele era meu pai, mas não quis procurá-lo paraele ser uma escada na minha vida. Antes, quis me estabilizar. Não queria que ele pensasse que eu era só mais uma filha... Ele já tinha nove filhos, com interesses financeiros. Quando o procurei, já estava muito bem de vida e a primeira coisa que eu disse a ele foi que não precisava nada dele, que só queria conhecê-lo. Preferi assim...
– Como foi esse encontro?
– Eu já era dona do Biroska e ele fez show lá. Nós ficamos cara a cara. Nelson era um galanteador e até me deu umas paqueradas. Ele não sabia que eu era filha dele, mas eu sabia que ele era meu pai. Não tive coragem de contar. Dez anos depois criei essa coragem e abri o jogo. Foi emocionante e choramos muito. Ele me disse que nunca havia esquecido o meu olhar.
– E o coração, como está?
– Fiquei quatro anos casada e me separei há cinco meses por conta de uma traição financeira, o pior tipo de traição que existe. Estou muito bem. Nunca dependi de ter alguém para ser feliz. Dediquei minha vida ao trabalho. Muitos homens me amaram, mas eu não amei ninguém. (risos) Estou namorando, mas prefiro preservar o nome do meu eleito por enquanto.
– O que costuma fazer quando está em casa?
– Todas as vezes que eu abro a porta da minha casa, agradeço a Deus. Gosto muito de ler e assistir TV. Também anoto as milhares de coisas que tenho de fazer no trabalho. Quando estou em casa, abraço a minha solidão. Estou sempre rodeada de muitas pessoas e quando chego em casa gosto de ficar sozinha.
– Você adora se arrumar. Como define seu estilo?
– Sou glamourosa. (risos) No meu look nunca falta um brilho. A noite é brilho, uma pantera de olhos iluminados. Gosto de estar bem vestida, com boas joias, bem maquiada e com o cabelo arrumado. É um respeito que tenho pelo meu cliente, que vai às minhas casas para me ver. Gosto de surpreender a cada dia que passa. Amo sapatos, é uma das minhas paixões. Tenho mais de 200 pares em casa. Compro a maioria das minhas roupas em viagens. Só quando estou fora do Brasil é que tenho tempo para ir às lojas. Trago malas lotadas das minhas idas a Miami, Nova York e Paris.
– O que faz pela beleza?
– Faço tudo pela beleza. Cuido muito da pele, do meu corpo e da alimentação, mas nunca fiz plástica. Tenho medo. Caminho 30 minutos por dia na esteira e me sinto bem quando faço isso.
– Tem medo de envelhecer?
– Dá um medo sim, não vou negar. É uma coisa natural da vida, não tem jeito. (risos) Quero envelhecer maravilhosamente bem e com muita saúde.
– Tem algum desejo que pretende realizar?
– Quero fazer a Calçada da Fama do Brasil, na rua Canuto do Val, onde tenho minhas casas. É um presente que quero dar para a cidade que me acolheu. Sou tão apaixonada por São Paulo que às vezes até esqueço que eu sou mineira. A obra foi interrompida por decisão judicial, mas não desanimei. Consegui reverter e agora aguardo a autorização da prefeitura. Quero e vou inaugurar a calçada com os três reis do Brasil, o Pelé, o Roberto Carlos e a Xuxa. É uma coisa inédita neste País, com os maiores ícones do Brasil inaugurando suas estrelas. Também pretendo homenagear as personalidades que já se foram, como Ayrton Senna, Dercy Gonçalves, Adoniran Barbosa e meu pai. Outro projeto é transformar a história da minha vida em peça de teatro e em filme.
– Onde você pretende chegar?
– Quero fazer como o rei Pelé, parar nos 1000 gols. Não sou gananciosa. Agora é o momento de manter aquilo que construí.
Veja o vídeo da TV Caras:
