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Arquivo / Joias e Acessório

Um Reino aos Seus Pés

Firme, apaixonada e feminina, a inglesa Tamara Mellon é a rainha de um império de sapatos chamado Jimmy Choo

Redação Publicado em 03/08/2011, às 01h03 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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PODEROSA: Cofundadora e presidente da Jimmy Choo, Tamara faz pose em sua loja na Madison Avenue, em Nova York - Getty Images
PODEROSA: Cofundadora e presidente da Jimmy Choo, Tamara faz pose em sua loja na Madison Avenue, em Nova York - Getty Images

Ela é uma dessas mulheres que trabalham fora, viajam muito, cuidam da casa e da filha de oito anos. E jamais perde a pose. Está sempre elegante, sexy e tranquila. Já enfrentou um divórcio escandaloso e uma disputa judicial contra a própria mãe. Venceu. Trocou a Inglaterra, seu país de origem, pelos Estados Unidos só para deixar a filha mais perto do pai. Há 15 anos, enquanto ainda era editora de acessórios de uma revista de moda, conheceu um renomado sapateiro inglês, Jimmy Choo, e ficaram sócios. A parceria seria só o início da construção de um império. Não é à toa que Tamara Mellon, fundadora e diretora criativa da Jimmy Choo, uma das maiores marcas mundiais de sapatos, tornou-se modelo de mulher moderna, independente, inteligente e bonita. Em 2010, recebeu das mãos da rainha Elizabeth a famosa medalha OBE (Order of the British Empire) pelos serviços prestados à indústria da moda e foi uma das homenageadas no baile de gala oferecido pelo cantor Elton John para arrecadar fundos para a Elton John AIDS Foundation. Apenas no último Oscar, calçaram Jimmy Choo a apresentadora Anne Hathaway e a melhor atriz Natalie Portman. Isso sem contar Penélope Cruz, Jennifer Lawrence e Michelle Williams. Tamara acredita no poder dos sapatos de salto. E toda mulher gostaria de ser um pouco
como Tamara Mellon. Assim, fica até fácil entender o fascínio que a Jimmy Choo exerce sobre a alma feminina.

JOIAS & ACESSÓRIOS: Você já disse que a percepção que têm de você e a realidade são diferentes. Quem é a Tamara que você vê no espelho?
TAMARA MELLON: Sou mãe em primeiro lugar. E por mais cheiaque  fique minha agenda, sempre me asseguro que não vou ficar por muito tempo sem ver minha filha, Araminta. Quando ela era mais nova, costumava levá-la para todos os lugares, inclusive nas viagens de trabalho. Mas agora, com a escola, é impossível. Por isso, faço tudo para estar em casa quando ela janta e vai dormir. Nos finais de semana, ficamos juntas o tempo todo. Mas, também, quando estou no “modo trabalho”, me dedico completamente, 100%.

J&A: Aos 18 anos, você trabalhava em uma loja. Depois, foi relações públicas e jornalista. Como uma carreira tão variada te ajudou a se tornar dona e diretora artística da Jimmy Choo?
TM: Aprendi sobre vendas desde o começo. Quando era mais jovem, montei um stand em Portobello para vender camisetas que eu desenhava. Lembro que meu pai contou cada centavo que eu ganhei. Depois, o tempo nas revistas foi extremamente importante para que eu aprendesse a detectar tendências de moda, reconhecer talentos, habilidades e qualidade. Mas não poderia resumir nosso sucesso a uma única coisa. Ele é uma combinação de fatores como design inovador, qualidade do produto, a correta estratégia de marketing e ser único. Fico superorgulhosa do que nós já alcançamos em um período de tempo relativamente curto. Ao celebrar nosso 15° aniversário, agora em 2011, sei que o melhor ainda está por vir.

J&A: Como foi o seu primeiro encontro com o sapateiro Jimmy Choo? No começo da marca, como era a divisão entre vocês? Você sempre desenhou os sapatos?
TM: Conheci o senhor Jimmy Choo quando trabalhava como editora de acessórios da Vogue inglesa. Ele já era um sapateiro renomado em Londres e eu costumava ligar para ele para pedir um sapato de uma cor especial ou de estilo diferente para uma produção fotográfica. Foi uma decisão natural me associar a ele, já que seu nome e talento eram reconhecidos no mercado. A partir daí, cuidei das finanças da marca, contratei empresas na Itália e desenhei a primeira coleção Ready To Wear da Jimmy Choo. Em abril de 2001, o senhor Jimmy Choo vendeu sua parte no negócio e eu continuo com um time incrível que conduz a companhia com uma visão globalizada.

O SUCESSO DA JIMMY CHOO UNE DESIGN, QUALIDADE EEXCLUSIVIDADE


J&A: Seu pai era um magnata e sua mãe foi modelo. Você passou sua infância em Beverly Hills e estudou em internatos. Como foram esses anos? Como a moda entrou na sua vida?
TM: Meus pais sempre me incentivaram a fazer minhas próprias coisas e ser bem independente, o que é uma das filosofias-chave da nossa marca, seguir seus instintos mais profundos. Minha mãe foi modelo da Chanel e, por isso, desde muito cedo eu estive cercada por moda. Sempre amei brincar com as roupas e acessórios incríveis dela e íamos juntas à sessões de foto. Já o meu empreendedorismo veio do meu pai. Ele sempre me encorajou a ser independente e correr atrás do que acreditasse de verdade. Ele foi a pessoa mais sã e prudente que eu conheci. E, otavel-
mente, foi um homem de sucesso nos negócios. Ao mesmo tempo, era meu mentor e conselheiro. No começo, ele não tinha nenhuma intenção de investir na companhia mas, à medida que nos aproximávamos de fechar a apresentação, ele viu o enorme potencial e concordou em dar um empréstimo de 150 mil libras. Ele foi fundamental para me ajudar a preparar o plano de negócios da Jimmy Choo.

J&A: Dizem que você tem mais de mil sapatos Jimmy Choo. Quão importante é a moda na sua vida?
TM: Para mim, moda tem a vercom estilo individual, uma expressão pessoal. Gosto de usar novos designers e incorporar tendências sazonais ao meu look, mas minha prioridade é usar o que me cai bem e manter meu armário bem prático para as minhas necessidades. É comum eu vestir uma calça jeans skinny, uma camiseta de algodão e um blazer com um par de rasteirinhas da coleção 24:7, como os modelos Finlay e Fiona. Daí eu carrego outro sapato para usar mais tarde, numa reunião de negócios ou jantar depois do trabalho. Algo tipo o Quiet ou o Private (outros modelos da Jimmy Choo).

J&A: Por que os poderosos stilettos se tornaram um fetiche para os homens e objeto de desejo para as mulheres?
TM: Acredito que isso aconteceu porque os stilettos não proporcionam apenas uma transformação física. Eles nos deixam mais altas, alongam as pernas e melhoram a postura, mas também podem,de verdade, dar poder a uma mulher. É quase como uma injeção de autoconfiança que aparece no jeito como você anda e se porta. Além disso, acredito que as mulheres têm um relacionamento tão especial com os sapatos, porque essa medida não muda! Com o tempo, um vestido pode não servir mais, mas com o sapato isso não acontece. É muito mais seguro, certo. Sapatos são como um investimento.

J&A: No final de 2010, a Jimmy Choo abriu sua primeira loja no Brasil. O que você acha da moda e dos sapatos brasileiros?
TM: Amo a energia e o espírito do Brasil e adoro o estilo glamouroso das brasileiras. Adoro o uso de peles exóticas e misturas vibrantes de tecidos. Couro de cobra, estampas animais e joias reluzentes são mesmo uma parte do DNA da Jimmy Choo. Estava animada para abrir uma loja em São Paulo. A cidade, inclusive, foi a inspiração para a coleção Primavera-Verão 2011.

J&A: O que torna a Jimmy Choo especial?
TM: Hoje, na indústria da moda, muitas das marcas de sapatos de luxo são desenhadas por homens. Mas nós somos mulheres desenhando para mulheres e compreendemos as necessidades de se usar um sapato de salto alto. Não mol-damos a Jimmy Choo de acordo com outras marcas. Súnicos no que fazemos.