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Internações mais curtas beneficiam pacientes, mas exigem bom senso

Toshio Chiba Publicado em 02/08/2007, às 14h42

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Toshio Chiba
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Segunda a sexta-feira, 8h30. Duas equipes do Núcleo de Atendimento Domiciliar Interdisciplinar (Nadi), do Hospital das Clínicas de São Paulo, deixam a instituição. Compostas por médico, enfermeiro, fisioterapeuta, assistente social, farmacêutico, nutricionista, dentista e fonoaudiólogo, elas têm destino certo: os lares de Maria, Clarice, Helena, Tereza, Paula, assim como os de João, José, Pedro, Carlos, Joaquim... No início da tarde, dois novos grupos rumam para as moradias de outras pessoas. São pacientes com dificuldade de locomoção ou grande dependência tratados em casa, em vez de ficarem internados até meses ou nem terem assistência. Alguns estiveram hospitalizados no HC-SP, receberam alta, mas precisam de longo acompanhamento. Outros escaparam da internação com socorro domiciliar adequado. No dia-a-dia, os próprios familiares são os cuidadores. Os profissionais de saúde, entre outras coisas, avaliam os doentes nas respectivas áreas, realizam pequenos procedimentos, orientam sobre remédios, alimentação, movimentos do corpo. Importante: os pacientes não são empurrados para o Nadi. A inclusão no programa só ocorre quando há concordância de familiares e a possibilidade de eles cuidarem. O HC-SP fornece desde a maior parte dos medicamentos e material para curativo até cama hospitalar e sondas. Esses pacientes têm vários ganhos: Ï Menor risco de infecção hospitalar. Quanto maior o tempo de internação, maioro perigo, principalmente para os já debilitados. Ï Melhor qualidade de vida. São casos que exigem idas freqüentes ao hospital ou longa permanência nele. Ï Carinho, aconchego, desvelo de familiares, que são ótimos remédios e sem efeito colateral. Ï Economia para a família com combustível ou transporte coletivo para visitas quase diárias. A instituição também lucra, otimizando leitos. Mais pacientes, cujos casos exigem internação, ganham a chance de assistência. No Brasil, o Nadi foi um dos pioneiros, há 11 anos. Serviços semelhantes estão surgindo. Na verdade, a tendência mundial é a pessoa ficar cada vez menos tempo internada. Isso começou com a oncologia e hoje se estende a todas as áreas da Medicina. A proliferação dos hospitais-dia é o sinal mais visível. De um lado, já se sabe que o fato de a pessoa ficar mais tempo internada geralmente não a beneficia. Quanto menor a permanência, melhor. De outro lado, a tecnologia evoluiu, encurtando muitos procedimentos. Por exemplo, quem faz biópsia de rim ou fígado vai para casa em 8 a 12 horas. Não pernoita no hospital. A tendência à menor hospitalização tem, porém, uma desvantagem quando se trata de convênios. O medo de perder o credenciamento leva alguns médicos a cederem à pressão, dando alta no prazo estabelecido. Só que muitas vezes despacham o paciente antes da hora. Eu explico. Os padrões de alta são estabelecidos pela média. Mas há casos abaixo ou acima dela. Logo, exigem menos ou mais tempo de internação. Por isso é bom ter em mente: Medicina não é linha de produção. Parte das pessoas precisa de mais tempo de internação. Não deixem, colegas, que elas sejam prejudicadas. Relatem o caso ao convênio e peçam prorrogação da internação. Quanto a você, guarde isto: o dia em que for para o hospital é para se tratar, não para sofrer. Se estiver de alta e não se sentir bem, reclame com seu médico. Mas não o pressione para sair antes do tempo. Claro que é bom ir para casa. Todos ganham. Mas, como tudo na vida, exige bom senso. É preciso pesar os prós e contras de cada caso. Portanto, abra o olho. E boa sorte.