CARAS Brasil
Busca
Facebook CARAS BrasilTwitter CARAS BrasilInstagram CARAS BrasilYoutube CARAS BrasilTiktok CARAS BrasilSpotify CARAS Brasil

Homens e mulheres precisam tratar de superar a sua deficiência amorosa

Joaquim Zailton Motta Publicado em 28/11/2007, às 13h56

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Joaquim Zailton Motta
Joaquim Zailton Motta
Homens e mulheres envolvem-se de muitas maneiras. A partir das mais gratificantes oportunidades de prazer até os piores momentos de decepção, entre enlevos românticos excepcionais e intensas rivalidades sexistas, os dois sexos vão seguindo suas relações de amor e guerra. Às vezes, parecem marcianos e venusianas; em outras ocasisões, definem-se como almas gêmeas. Entretanto, quando se relacionam para estabelecer de fato um elo sentimental, as diferenças dos sexos são realçadas e as semelhanças, esmaecidas. O amor feminino é bem diferente do masculino. Se formos mais rigorosos, diremos que a mulher é quem ama de verdade, ela é quem faz a vinculação afetiva, ao passo que homem se ajusta a esse contexto. Vemos práticas dessa diferença em duas circunstâncias da vida atual: na antiqüíssima prostituição e nas separações conjugais. Na relação profissional, a prostituta confirma esse enredo porque atua ao contrário da natureza feminina: ela inibe sua alma e se manifesta no corpo. Na essência desse encontro, o homem-cliente não paga pelo sexo, mas pelo desvínculo. Na separação, habitualmente, o homem que toma a iniciativa de pedir o divórcio à esposa está envolvido em outra relação. Ele termina a história anterior sem sentir a ruptura da aliança e segue em outro vínculo, também criado por uma mulher, a nova namorada. A mulher, por seu turno, não depende de um amante para se separar: quando não quer mais a conexão, "quebra" com o casamento que havia estruturado. Depois, poderá ou não formar outra vinculação. O escritor francês Henry de Montherlant foi um frasista exemplar. Entre muitas, deixou esta expressão significativa e polêmica: "A felicidade da mulher vem do homem, a do homem vem dele mesmo". A frase sintetiza a política de tendências afetivas dos sexos. Durante séculos, no mundo falocentrado, a mulher tem vivido em função do homem, do amor que desenvolve por ele e de tentar ensinar-lhe a amar como ela. Ainda que tenha demonstrado habilitação afetiva, não conseguiu ser uma professora de amor bem-sucedida. Como aluno sentimental, o homem não chegou a diplomar-se. Piorando o horizonte do vínculo amoroso, embalada pelo vácuo da corrida feminista, a mulher se esforça para repetir o homem: agora, sem fazer comércio do corpo, ela pode experimentar o sexo casual, ao estilo masculino. Para não estreitar o espaço e o tempo do amor, o que seria desastroso, precisamos contar com novas perspectivas. Vejamos algumas: a) o homem passaria a exercer paulatinamente a responsabilidade do amor; b) a mulher participaria do sexo descomprometido sem perder a habilidade amorosa, conseguindo atuar nos dois campos; c) ambos repensariam a capacidade afetiva e a erótica, em diligência comum para que o ser humano aprimore e amplie as dimensões do amor, de modo cada vez menos competitivo. Há que se acreditar nessa última, pois a evolução amorosa jamais contemplaria o sexismo violento, as rivalidades invejosas e as competições destrutivas. Seguir para o melhor destino amoroso implica um reconhecimento autocrítico imediato. Mestres do amor são os portadores de deficiências. Eles conseguem amar de modo exemplar com seu corpo incompleto, mutilado. Homem e mulher precisam encarar sua real condição: são portadores de uma deficiência amorosa. Devem tratar de superá-la.