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Homem e mulher são diferentes e um não deve se impor ao outro

Alberto Lima Publicado em 05/07/2006, às 17h01

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Mesmo considerando as mudanças no comportamento das mulheres nas últimas décadas, que as levaram a um estágio de maturidade admirável, muitas ainda experimentam imensa dificuldade em admitir como legítimas certas escolhas dos parceiros. Isso acontece especialmente quando eles se ocupam com as "coisas de homem" - pelo simples fato de que não fazem sentido para elas ou não coincidem com suas preferências. Sua esperança é que o parceiro se renda à evidência de que ela sabe o que é bom para ele, ou seja, o que, segundo o gosto dela, é prazeroso para os dois - e que devem desfrutar sempre juntos. Nas oportunidades em que o conflito relativo ao tema se instala, o que se constatam são as velhas diferenças entre gêneros. Muitos homens têm idêntica dificuldade na leitura de situações significativas para as mulheres, uma vez que as avaliam a partir de um crivo masculino. O perigo está em um dos dois achar que suas opções são melhores que as do outro e querer submetê-lo aos próprios caprichos, métodos, crenças e valores. Não há nada de errado no fato de uma pessoa ter seus gostos. O que não está certo é querer associar suas preferências ao "bem", desqualificando o que é alheio como o "mal". Um exame dessas diferenças pode clarear um pouco as coisas. As escolhas da mulher costumam se organizar em torno do par amoroso, com o objetivo de celebrá-lo, promover a intimidade e multiplicar as oportunidades para o exercício do romantismo, da cumplicidade. Ocorre que essa intimidade, tão compatível com a natureza feminina, nem sempre é atraente para o homem. Ele aprecia a proximidade, mas teme ser engolido por ela, precisa de espaços individuais para respirar, se revitalizar e preservar o senso de potência. Não raro, o excesso de romantismo e a compulsória participação em conluios amorosos levam o homem a se sentir emasculado. As escolhas típicas do homem, por outro lado, privilegiam atividades que acentuam seu senso de valor pessoal, de potência (capacidade realizadora individual) e de liberdade de ação. Esses atributos são vistos por ele como conquistas individuais. No caso da mulher, a capacidade de formar e de sustentar uma parceria pode ser suficiente para qualificá-la como potente. "Como os homens são infantis!", é, portanto, o veredicto feminino. "Como as mulheres são controladoras!", profere o tribunal masculino. Acontece que, quando é feita a partir de umcrivo auto-referente, a leitura da realidade de uma pessoa (ou de um gênero de pessoas) é, no mínimo, uma grande ingenuidade - despreparo, imaturidade, dificuldade de conhecer e validar diferenças e sua legitimidade. Numa hipótese mais problemática, essa avaliação errônea pode ser fruto de pura presunção - a idéia de que valores pessoais devem ter validade universal. O desenlace malsucedido dessa situação se dá quando, para se sentir potente, um dos dois precisa anular, minimizar ou fazer uso do outro (ela o aprisiona às "coisas de casal" e ele a reduz a um prêmio para o herói que abateu o javali). O desenlace bem-sucedido requer de ambos capacidade empática, ou seja, de compreender o outro a partir da realidade dele e não com base em si mesmo. Requer, ainda, o exercício da reciprocidade, única atitude capaz de validar, preservar e honrar as diferenças sem anulá-las. Para isso, é preciso que o homem se despoje da jactância do herói e entenda que a parceira não pode ser reduzida a mera platéia para suas ações ou coadjuvante num drama em que ele é o protagonista. A mulher, por sua vez, terá de compreender que as atividades do homem não são incompatíveis com a existência do casal, como os desejos femininos não precisam se opor ao desenvolvimento de um homem e ao atendimento a suas necessidades. Assim, os dois se sentirão potentes e viverão a alegria de cooperar com a preservação do sentimento de potência do outro.