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Hereditariedade é responsável por cerca de 20% dos casos de câncer

Jorge Sabbaga Publicado em 23/11/2006, às 16h13

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Jorge Sabbaga
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Caracteriza-se o câncer quando determinada célula adquire comportamento diferente das demais. Ela passa a multiplicar-se de maneira acelerada e independente de estímulos. Torna-se resistente às defesas orgânicas. E, em especial, adquire a capacidade de invadir outros tecidos. O câncer resulta de mutações no DNA ou genoma de uma célula, isto é, em seu conjunto de genes, em seu "programa". O mecanismo é este: as células estão se dividindo continuamente e dando origem a novas células. Toda vez que isso ocorre, copiam seu "programa" original. Eventualmente, pode haver um erro nesse processo. Ao se dividirem errado, ficam sempre erradas. Mas não basta um erro para a formação do câncer; a célula precisa acumular uma série deles. Quando tal fenômeno ocorre, muitas células morrem. Uma pequena parte, porém, fica "forte" e se transforma em câncer. Como os erros na formação celular são raros, a moléstia demora para se formar. É por isso que em geral ela aparece após os 60 anos. Por volta de 80% dos cânceres devem-se a erros na divisão celular em razão do envelhecimento natural do organismo, isto é, pelo fato de as pessoas viverem bastante. Mas elas podem acelerar o processo inalando produtos químicos como os presentes no cigarro, expondo-se a radiações ou contraindo microrganismos como o Papiloma vírus (HPV). Os outros 20% dos casos da doença têm origem hereditária. Pode-se herdar o risco de se ter câncer de duas formas. Pela primeira, o filho recebe de um dos pais um genoma que já contém um dos erros responsáveis pelo desencadeamento de um tipo da doença. Esse mecanismo depredisposição é raro. Como o indivíduo já nasce com seu genoma alterado, é bastante provável que adquira todas as alterações necessárias para ter o câncer mais cedo. Já pela segunda forma, a mais comum, a pessoa recebe dos pais uma menor capacidade orgânica para corrigir os erros na divisão celular e manter o genoma íntegro. Se em uma família muitos sofrem de câncer,é provável que seus membros tenham deficiência no reparo das lesões em seu genoma. Até agora a medicina não conta com muitos recursos para mensurar essa capacidade, mas em breve poderá fazê-lo de modo rigoroso por meio de exames de sangue. Ainda não é possível pesquisar as razões para a hereditariedade em grande parte dos tumores. Mas pode-se fazê-lo em alguns dos quais se conhece os mecanismos de formação.É possível se detectar se a pessoa nasceu coma primeira alteração genômica, por exemplo, em alguns cânceres raros de intestino. Também é possível detectar a base da hereditariedade em cerca de 50% dos cânceres de mama com recorrência familiar. É importante salientar que, pelo fato de as pessoas estarem vivendo mais, a existência de um número aumentado de casos de câncer em uma família não tem tanta importância para se caracterizar esses tumores como de origem hereditária. Afinal, como se vive cada vez mais, é natural que a incidência familiar aumente. O que conta mesmo é a existência de indivíduos jovens com câncer.É a isso que os médicos devem ficar atentos para ver se precisam submeter seus clientes a eventuais testes de hereditariedade e propor as medidas preventivas já existentes. Não existe um teste que permita saber se uma pessoa tem tendência a apresentar cânceres de modo geral. Mas deve-se suspeitar da predisposição genética quando se detecta vários casos de um mesmo tipo de câncer na família, principalmente se acometerem pessoas jovens. Nessa situação, é aconselhável a consulta a um oncologista para saber se existe algum teste específico para tal situação. Isso é importante, porque há intervenções preventivas às quais se pode recorrer que salvam vidas. Não há tratamentos para evitar que os pais transmitam o risco de câncer aos filhos, mas é importante o aconselhamento genético, que pode ser dado aos indivíduos ou aos casais por oncologistas bem-preparados.