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Governo deve identificar e tratar logo dos portadores de hepatite C

Redação Publicado em 12/06/2012, às 10h46 - Atualizado às 10h59

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Os meios de comunicação deram destaque nas últimas semanas à notícia de que as autoridades do setor de saúde dos Estados Unidos estão recomendando que os norte-americanos de 47 a 67 anos façam teste para descobrir se têm hepatite C. Isso se deve ao fato de que 75% dos portadores da doença no país estão nesta faixa etária. O 19 de maio até foi declarado Dia Nacional de Testes para Hepatite C e todo o país se mobilizou para diagnosticar pelo menos 600000 novos portadores.

Também organizações da sociedade civil brasileira realizaram na segunda quinzena de maio ações de conscientização da população para a questão e algumas de testagem para as hepatites. Elas estão preocupadas, claro. Afinal, o Brasil identificou até agora e faz o tratamento de apenas 10% dos prováveis portadores da hepatite C. A hepatite B, como você sabe, pode ser evitada com vacina, fornecida de graça pelo Ministério da Saúde para todas as pessoas de até 29 anos. Já a hepatite C, infelizmente, ainda não conta com nenhum tipo de vacina. Por isso mesmo, entidades civis pressionam e o Ministério da Saúde prometeu realizar muito em breve uma procura em massa dos portadores da doença no País.

Somente cerca de 200000 brasileiros foram identificados como portadores de Hepatite C, a maioria de forma incidental, mas se estima que haja outros 3,3 milhões de portadores não identificados. Para se ter uma ideia, só no Município de São Paulo eles devem ser 150000, ou 1,4% da população, como apurei em pesquisa que realizei há cerca de 10 anos com o apoio do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e do Instituto Datafolha e publiquei como tese de livre-docência na Universidade de São Paulo. Pudemos constatar igualmente que a doença é mais comum no Brasil em homens e mulheres de 30 a 65 anos.

“E como os números de 10 anos atrás seriam os mesmos de hoje?”, você poderia perguntar. Explico. Ao mesmo tempo que pode ter havido aumento dos portadores da doença entre os dependentes de drogas e indivíduos que se contaminaram com qualquer material cortante ou perfurante de uso coletivo, diminuíram significativamente os casos resultantes de transfusão de sangue, porque hoje o Brasil faz um controle mais rigoroso na seleção de doadores de sangue. Mas não basta descobrir quem é portador, é preciso ter condições de fazer o tratamento. Esse é o grande desafio dos gestores de saúde, criar uma eficiente infra-estrutura para dar assistência adequada aos soropositivos.

Como se sabe, quanto mais cedo a doença é identificada e tratada, maior a chance de cura e menores os gastos futuros. Afinal, ela pode evoluir para cirrose e câncer de fígado, situações clínicas que se tornam muito mais onerosas para o país.

A hepatite se caracteriza pela inflamação do fígado.  Existem cinco tipos, mas a B e a C são as mais graves (excluída a hepatite D, que ocorre só no Norte do Brasil), porque podem se tornar crônicas. O vírus do tipo C é contraído ao se ter contato com o sangue de um portador. É adquirido sobretudo por dependentes de drogas que compartilham seringas, canudos para inalar cocaína e cachimbos para fumar crack. Pode ser adquirido também em salões de beleza, piercing, tatuagem, acupuntura, consultórios dentários ou procedimentos médicos invasivos em que os profissionais não esterilizam nem descartam o material contaminado.